Ídolo do Paysandu avalia chegada de Nino Paraíba após escândalo de apostas: 'Ele deve pagar'
Vanderson é amigo pessoal do lateral-direito recém-contratado e se disse surpreso com envolvimento do jogador do esquema.
A contratação de Nino Paraíba pelo Paysandu levantou um questionamento entre os torcedores. Até que ponto um jogador, conhecido nacionalmente por envolvimento em um esquema criminoso, pode afetar a moral do elenco? De acordo com Vanderson, ex-jogador e ídolo bicolor, a presença de um atleta na equipe pode mudar bastante o clima no vestiário.
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Em entrevista ao Núcleo de Esporte de O Liberal, o ex-volante disse que é amigo pessoal de Nino Paraíba. No entanto, ele condena veementemente a participação do lateral-direito no esquema de manipulação de resultados.
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"Não conversei com o Nino sobre isso, mas eu quero ter essa oportunidade. Eu conheço o caráter dele e fiquei surpreso. Acho que se ele errou deve pagar por isso, como qualquer outro jogador. Isso prejudica o clube, os companheiros de time, o torcedor que paga o ingresso, que vê um atleta do seu time se vender por um cartão. Quando jogava jamais faria isso, porque penso na instituição e em todas as pessoas que estão envolvidas com o clube. Sei as dificuldades que os torcedores têm de comprar o seu ingresso e ir ao estádio", disse.
O ídolo bicolor sabe bem o que é ser prejudicado por um esquema de manipulação de resultados. Vanderson estava no elenco bicolor de 2005, ano em que foi revelado o escândalo de Máfia do Apito. Na época, o Ministério Público descobriu que o árbitro Edilson Pereira de Carvalho recebia dinheiro de apostadores para alterar resultados na Série A do Brasileirão.
Segundo a investigação, Edilson manipulou 11 partidas no campeonato, sendo uma delas do Paysandu, contra o Cruzeiro, em que o Papão saiu de campo derrotado por 2 a 1. Com a descoberta do esquema, o jogo foi remarcado e o Bicola conseguiu bater a Raposa por 4 a 1.
Apesar disso, Vanderson conta como todo o esquema impactou na preparação do Paysandu no campeonato. De acordo com ele, outras partidas da competição também tiveram decisões duvidosas da arbitragem. O ex-jogador diz que isso foi um dos fatores principais que fizeram com que o Bicola fosse rebaixado ao final da temporada.
"Quando soubemos do escândalo da Máfia do Apito, nós já sentíamos que estávamos sendo prejudicados há algumas partidas. Time do Norte, disputando uma Série A, é difícil, por causa da descriminação. A gente ficou assustado, porque não tínhamos time para cair. Infelizmente aconteceu isso. Não me lembro do jogo que foi remarcado, mas todo mundo ficou preocupado e sentimos hoje que o esquema prejudicou muito o nosso trabalho", explicou.
Motivo da corrupção
De acordo com Vanderson, o principal motivo da corrupção de jogadores está na baixa remuneração recebida pelos atletas. A fala do ex-atleta, inclusive, corrobora com um estudo feito pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) em 2016. Segundo o levantamento, mais de 80% dos jogadores recebem até R$ 1 mil por mês.
"No Brasil tem jogadores que não ganham o suficiente nem para alimentar suas famílias. Tem atletas que ganham pouco mais de R$ 1 mil e, de repente, aparece uma oferta dessa. O jogador tem que ter muito equilíbrio e postura para não prejudicar sua carreira, seu clube, a torcida. Espero que logo isso passe, que a justiça seja feita, independente do salário do jogador. O importante é manter seu caráter e ganhar seu dinheiro honestamente. Você quando treina e se dedica bastante, sempre aparece uma oportunidade melhor", lamenta Vanderson.
Caso Nino Paraíba
O jogador já foi ouvido pelo Ministério Público de Goiás, órgão que comanda as investigações sobre o esquema. No depoimento, ele confessou ter recebido dinheiro para ser punido com cartão amarelo em três jogos do Ceará, mas assinou um acordo de "delação premiada" com o MP. O atleta deu aos investigadores detalhes sobre a manipulação e, em troca, não foi acusado à Justiça.
A delação do lateral do Paysandu já foi acatada pela Justiça Desportiva. Na quinta-feira (27), o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) tornou réus sete jogadores que tiveram envolvimento no esquema de manipulação por apostas.
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