Em entrevistão, presidente do Paysandu aborda CT, orçamento e meta para 2024: 'Subir pra Série A'
Maurício Ettinger falou pela primeira vez após acesso do Papão à Série B e detalhou tratativas de renovação de contrato, planos pra base e questionou excesso de contratações em 2023.
Foi no escuro que o presidente do Paysandu, Maurício Ettinger, conversou com o Núcleo de Esportes de O Liberal na última semana. Na quarta-feira (11), horas antes do amistoso contra o Castanhal, em comemoração ao acesso bicolor à Série B do Brasileirão, o mandatário alviceleste aceitou receber a reportagem, mesmo com a falta de energia no estádio da Curuzu. Na sala de imprensa, parcialmente iluminada por lanternas de celulares, Ettinger fez questão de brilhar a felicidade de quem, hoje, dorme satisfeito com a boa campanha do Papão na Terceirona.
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A entrevista foi longa: cerca de 40 minutos. Entre um aceno para um torcedor e risos ao lembrar bons momentos do Papão na campanha do acesso à Segunda Divisão, Ettinger soltou o verbo. À vontade, o presidente falou sobre renovações contratuais, utilização do CT, orçamento para 2024, planos para as categorias de base e revelou uma ambição para a próxima temporada: objetivo bicolor na Segundona será o acesso à Série A.
Confira a entrevista completa:
O Liberal: Como está a renovação contratual com o artilheiro do time, Mário Sérgio, que pertence ao Mirassol?
Maurício Ettinger: O Mário Sérgio tem contrato até o final do Parazão do ano que vem, assim como outros jogadores do elenco. Surgiu uma proposta pra gente comprar o Mário no meio deste ano, cerca de 50% dos direitos, mas não fechamos. Precisamos conversar com o Mirassol, clube que detém o passe dele e avaliar as propostas. As nossas prioridades agora dizem respeito a outras renovações. Primeiro vamos avaliar a questão do executivo pra depois montar o elenco. Essa semana foi bem limitada de trabalho. Segunda e terça nós não viemos para a Curuzu, quarta teve jogo, feriado na quinta... Foi praticamente uma semana perdida. Na semana que vem vamos começar a pensar em contratos, decidir quem fica e quem vai embora e conversar com o Ari (Barros).
OL: Como estão as tratativas de renovação com Ari Barros e Hélio dos Anjos?
ME: O Ari vai ser o primeiro com quem vamos conversar de contrato, antes mesmo do Hélio. Depois vamos ver as diretorias comercial e de marketing. Temos um acordo com Alvarez & Marsal, empresa de consultoria, e eles vão nos ajudar a fazer o planejamento pro ano que vem.
OL: Nesse período sem jogos o clube vai romper contratos, dar férias a jogadores?
ME: A gente tá fazendo uma negociação de comum acordo. Os contratos que temos, que são até o final da Série C, vencem no dia 10 de novembro. Os que a gente quer que fique, estamos tentando renovar direto, sem dispensa e recontratação. Para quem tem contrato mais longo, até o ano que vem, vai ter uma redução salarial nesse período sem jogos. Eles vão receber o salário de carteira, mas não os direitos de imagem.
OL: Quando será o início da pré-temporada do Paysandu para 2024?
ME: O que a gente tem mais ou menos decidido é o início de treinamentos para o ano que vem. Queremos começar as atividades entre os dias 10 e 15 de dezembro. Essa é a primeira ideia que temos. Ano passado tivemos eleição, então começamos só no dia 2 de janeiro.
OL: Dado o avanço das obras no CT e o plantio primeiro campo, poderemos ver a estrutura sendo utilizada na pré-temporada 2024?
ME: O CT agora tem gramado. Vamos fazer o primeiro corte da grama ainda em outubro e devemos fazer um jogo amistoso em novembro. Seria algo comemorativo, com a velha-guarda. Depois disso, já faríamos a pré-temporada lá. Já estamos tocando o segundo campo, compramos materiais de drenagem. Acredito que devemos cortar a grama já em dezembro.
OL: Onde o Paysandu mandará jogos no próximo ano, Curuzu ou Mangueirão?
ME: A ideia é treinar no CT e jogar aqui ou no Mangueirão. Devemos fazer cerca de 35 jogos em casa no ano que vem e queremos fazer 15 na Curuzu e 20 no Mangueirão.
OL: A meta será manutenção na Série B ou briga pelo acesso?
ME: O objetivo do Paysandu é fazer um elenco pra subir em 2024. Não queremos nos manter na B, a gente quer subir pra A. Vamos fazer um elenco pra isso. Nosso objetivo é se manter na ponta e brigar pra subir à Série A.
OL: Como está o projeto para formação de atletas. O Netão foi contratado para isso, mas está emprestado ao Santa Rosa.
ME: A ideia é que ele (Netão) fique no Santa Rosa só até o final da Segundinha e volte pra cá. A gente quer investir mais em base neste ano. O Lecheva tá tomando conta só disso, já avançamos muito nesse ano, mas queremos melhorar ainda mais em 2024. Precisamos voltar à Copinha e ser protagonista em todos os campeonatos ano que vem.
OL: Qual o orçamento para 2024, dada as negociações com a Liga Forte Futebol e Libra?
ME: A gente recebeu uma proposta da Liga Forte. Estivemos com eles na semana passada, em São Paulo, pra discutir esse acordo. Recebemos, também, proposta da Libra. Então, estamos avaliando qual liga nos iremos nos filiar. A Liga Forte oferece a compra de 20% dos direitos de transmissão durante 50 anos. Em 2024 esse acordo ainda não vale e os direitos de transmissão vão ser pagos pela Globo. Os contratos com a Libra começam em 2025. Esse ano teremos R$ 11 milhões de cotas de transmissão e participação, pagas pela Globo. A Libra tem outro modelo e não negocia os direitos de transmissão. Você pode vender até 6% dos seus direitos para o Mubadala, fundo de investimentos deles. Devemos ver tudo isso na semana que vem.
OL: Neste ano, o Paysandu fez quase 50 contratações. Excedeu o que era pretendido pelo clube? Se sim, como o Paysandu planeja reduzir este quantitativo?
ME: Nesse ano tivemos erros de contratação mesmo. A meta era formar no estadual um time que disputasse as competições do primeiro semestre, mas que já servisse como base pro restante do ano. Só que muitas contratações não deram certo, então tivemos que fazer 'substituições'. Vamos tentar seguir mais à risca essa nossa visão, de montar um time forte desde o início do ano. Não é nosso perfil esse número exagerado de contratações e vamos corrigir isso em 2024.
OL: O grande número de dispensas onerou o clube em quanto?
ME: O Ari fez um trabalho muito bom em relação às rescisões contratuais. Tivemos de gastos com trocas de técnicos e saídas de jogadores, cerca de R$ 2,5 milhões. No entanto, com os acordos liderados pelo Ari acabamos pagando em rescisões somente R$ 1,4 milhão. Apesar disso, não onerou nada fora do previsto dentro do clube. Teremos algumas rescisões agora, de gente que não vamos querer ficar e talvez a gente precise parcelar. No entanto, serão valores pequenos, já que o final do contrato está próximo.
OL: O Botafogo virou um case nacional com um time montado a partir de dados, inclusive com jogadores que não estavam na primeira prateleira do mercado. Como está a área de análise de desempenho do Paysandu? Haverá algum investimento neste aspecto para o ano que vem?
ME: A análise de desempenho é algo que acreditamos muito aqui no clube. Temos há uns quatro anos com uma equipe trabalhando nisso e já tivemos vários jogadores que foram 'achados' pela análise. Começamos o ano com três profissionais, terminamos o ano com dois e vamos reforçar o time pro ano que vem. A cultura aqui é fazer o garimpo de jogadores pela análise e passar pelo departamento as indicações que recebemos. Claro que tivemos jogadores que foram aprovados pela análise, mas acabaram não se adaptando aqui, como, por exemplo, os estrangeiros, mas vamos reforçar o departamento pra Série B. Estamos comprando um programa novo pra que eles tenham mais insumos de trabalho.
Scout será peça importante do Paysandu em 2024 (Arquivo/O Liberal)
OL: Após o mau desempenho de estrangeiros no Paysandu neste ano, o clube pensa em ‘fechar a porta’ para esses jogadores em 2024?
ME: Contratamos quatro estrangeiros esse ano. O Jimenez, por exemplo, foi pro Amazonas e subiu. Foi uma questão de adaptação mesmo. Não estamos fechados para contratações de estrangeiros, mas vamos observar as oportunidades de mercado.
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