De carona, baiano apaixonado pelo Paysandu viaja de Salvador a Belém para ver o time do coração
A história do arqueólogo Moisés Leão é daquelas mais improváveis produzidas pelo futebol, que tem no sentimento a única razão de existir, no caso, a 'Payxão' pelo Papão da Curuzu
As histórias que envolvem a paixão pelo futebol geralmente não têm um sentido lógico e nascem do improvável. Por vezes crescem de grandes contrastes ou mesmo de dores incuráveis. No caso do arqueólogo Moisés Leão, a distância seria o suficiente para 'melar' uma improvável relação de amor entre um baiano e um clube de futebol do Pará.
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Mas como a paixão não tem regras ou limites, nem os mais de 2 mil quilômetros foram suficientes para separar o sentimento que brota no coração do arqueólogo pelo Paysandu. Moisés é baiano, mas torce para o Paysandu e nutre pelo bicola um sentimento inexplicável, que o fez sair da capital baiana para realizar o sonho de assistir um jogo em Belém do Pará, sem saber como chegar na capital paraense.
"Quando eu tinha uns 14, 15 anos, tinha aquela rivalidade de Bahia e Vitória, mas eu achava sem graça. Só que o time do meu pai era o Vitória e eu simpatizava com ele por conta disso. Com essa questão toda, eu olhava um ou outro jogo do Paysandu, a paixão da torcida, até que um certo dia eu disse que seria Paysandu", lembra.
Embora parecesse brincadeira, aos poucos o sentimento foi crescendo e o que era uma brincadeira, uma simpatia momentânea virou um compromisso sério, com direito a anel de compromisso.
"Na brincadeira eu virei Paysandu. Com o tempo eu já nem olhava mais nada do Vitória, só olhava tabela do paraense, acompanhava o clube no brasileiro, fui virando torcedor por osmose. Já tinha camisa, mesmo sem conhecer ninguém do Pará. Assistia todos os jogos. Quando o time vinha à Bahia, eu assistia todos, sempre que dava. Até fiquei numa sinuca de bico no ano passado, porque teve Vitória e Paysandu aqui e meu pai ficou todo ressentido porque eu disse que ficaria na torcida do Paysandu", conta.
Moisés vivia praticamente um 'amor por correspondência' quando resolveu mudar essa história. "Com aquela paixão que eu tive, fiquei com uma ideia na cabeça. Como eu já tinha viajado algumas vezes, mas nunca assim desse jeito, decidi ir à região norte, que eu não conheço nada, para ver um jogo do Paysandu. Eu tinha passado o réveillon em Lençóis, na Chapada Diamantina. De lá eu avisei que iria ao Pará após a virada. Peguei minha mochila, barraca e fui embora para Belém", lembra.
Desde o início do ano, o baiano está em viagem rumo a Belém e o transporte consiste basicamente em caronas. Moisés já embarcou em carros, caminhões, ônibus e carretas. Qualquer veículo que se locomova em direção ao Pará, pode servir como um trampolim para deixá-lo mais perto da realização de seu sonho. Hoje, o geólogo está no Maranhão, há poucas horas do desfecho da jornada para o encontro de sua vida.
"Quando eu chegar eu nem sei o que vai acontecer. Nas três vezes que vi o jogo do Paysandu eu chorei. Estou passando a divisa do Piauí com o Maranhão, nem sei como vai ser quando eu chegar. É algo que não tem muita explicação. Não tem como sentir, a camisa, a torcida, o escudo, os feitos que já teve, a história do clube em si, ganhou o boca lá dentro, são feitos muito importantes que me fizeram apaixonar pelo clube", diz.
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Moisés gosta de viajar, mas não teve a oportunidade de conhecer a região Norte do país. O impulso veio com a identificação com o clube paraense. Depois de conhecer a casa bicolor, ele planeja voltar praticamente 'na mesma pisada' e retomar suas rotinas. Ao ser questionado se a paixão o faria morar em Belém, ele é claro, "Quem sabe um dia, né?!"
"Eu não planejo muito minhas viagens. Eu só disse que vinha para Belém assistir pelo menos um jogo e voltar. O dinheiro está curto, estou viajando no modo econômico. Não tenho dinheiro para passagem, hotel. Tenho alguns aplicativos de hospedagem. Eu não tenho muito tempo. Vou ver um jogo e vejo como vai fluir. E ainda nem pensei na volta", encerra.
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