Com obra parada, CT do Paysandu tem parte do muro no chão e até resto de sofá

Mato toma conta do terreno onde o Paysandu planeja construir sofisticado centro de treinamento

Nilson Cortinhas
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O sonho do Paysandu é construir o seu centro de treinamento em uma área de aproximadamente 100 mil metros quadrados, contendo cinco campos para treinamento, estacionamento, hotel com auditório para as Divisões de Base, refeitório, academia, piscina, lavanderia, além de salas de administração e de departamento médico. Uma estrutura similar aos modernos projetos de grandes clubes brasileiros. No entanto, a realidade é mato alto, árvores robustas e lixo (como televisão e pneus) espalhado pelo terreno intitulado CT Raúl Aguilera, no bairro de Águas Lindas, em Belém - distante aproximadamente quatro quilômetros da entrada do bairro, pela BR-316.

Os sinais de obra se restringem a tijolo, areia e seixo, nenhum maquinário, sequer trabalhadores. De fato, há somente um pórtico de entrada já construído, mais de dois anos após depois do anúncio do clube que adquiriu a área. No mais, é possível  observar também um campo de areia batida, pequeno, para uso aparentemente não profissional. O muro, que cerca todo o terreno, está deteriorado.

image Parte do muro do Centro de Treinamento do Paysandu está quebrada (Cláudio Pinheiro / O Liberal)

Em novembro de 2016, ainda sob a administração de Alberto Maia, o Paysandu levou associados e outras personalidades da história do clube para conhecer o terreno. No site do Papão, há uma foto com uma legenda afirmando que as obras já haviam sido iniciadas com 'força total'. No entanto, dois imprevistos principais deixaram o projeto totalmente paralisado. O primeiro entrave esteve relacionado a questões do serviço público, como licenças emitidas por órgãos públicos. O clube alega que iniciou este processo em fevereiro de 2017 na Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma) - a Licença de Instalação, Licença Provisória e uma Autorização de Supressão Vegetal, além disso, um Alvará de Obras por parte da da Secretaria Municipal de Urbanismo (Seurb), e outras licenças da Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana de Belém (Semob) e da Companhia de Saneamento do Pará (Cosanpa). A última licença foi concedida em setembro de 2018, já com o time de futebol profissional lutando contra o rebaixamento à Série C. A queda se consumou e o impacto financeiro é estimado em um déficit de R$ 12 milhões.   

image Terreno do Centro de Treinamento tem apenas o pórtico pronto (Claudio Pinheiro / O Liberal)

Custos

O Paysandu afirma que gastou mais de R$ 27 mil para obter todas as licenças junto aos órgãos públicos municipais. "A Licença Provisória custou R$ 3.400,00, o Alvará de Obras R$ 18.085,61 e a Licença de Instalação R$ 6.254,96", explicou o clube, em nota oficial.

A área total do imóvel tem um espaço de aproximadamente 30 mil m² de preservação. Espécies de árvore existentes na área, como cumaru, breu, castanha do Pará, Andiroba, etc, serão preservadas, segundo garantiu o clube. A expectativa é de que o Centro de Treinamento Raúl Aguilera fique totalmente pronto em um prazo de três anos, assim que iniciadas as obras. 

Assista ao projeto divulgado pelo clube sobre como deve ficar o CT!

Clube busca parcerias para dar início às obras

O segundo impedimento é financeiro, por ora, o que deixa a certeza de que o Centro de Treinamento ainda é uma sonho. O presidente do clube, Ricardo Gluck Paul, foi transparente e demonstrou estar ciente de que precisa solucionar o problema. Não com dinheiro do próprio clube, mas através de parcerias.

"Não tem obra", disse, claramente. "Até o mês de outubro do ano passado, estávamos atrás das licenças para autorização da obra. Passamos quase um ano e meio tirando licença. Ali é uma área de preservação, área verde muito grande, então, as licenças são complicadas. Conseguimos finalizar essas licenças e agora é partir para a execução da obra. E já temos o projeto. Falta o recurso que é o que estamos trabalhando para poder atrair".

Gluck Paul esteve no Rio de Janeiro numa tentativa de iniciar um projeto que englobe prioritariamente a captação de dinheiro que viabilize a construção, estimada em em um custo total de até R$ 12 milhões. "Temos três projetos para captar recursos para o Centro de Treinamento. São três projetos diferentes", revelou, evitando maiores explicações e deixando claro que fará a divulgação no momento mais propício. "Fomos no Rio de Janeiro e esse projeto é inovador, que deve ser lançado em em três meses, mas ele está em total curso. Pode ser capaz de viabilizar o CT, mas só iremos divulgar em dois ou três meses, mas o importante é saber que estamos à procura de viabilizar".

Gluck Paul foi enfático. "Com os recursos que temos agora, tenho que ser transparente, em dizer que não temos condições financeiras em investir com o próprio bolso a construção do CT. Precisamos ir atrás de projetos que possam viabilizar isso".  

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