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Após derrota e dispensa, auxiliar fala sobre demissão de Hélio dos Anjos no Paysandu

O filho e auxiliar técnico deu detalhes sobre a polêmica saída da comissão técnica liderada pelo pai, que deixou o cargo após maus resultados e polemicas dentro e fora de campo

Luiz Guilherme Ramos e Caio Maia
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A derrota em casa para o Amazonas-AM resultou na demissão do técnico Hélio dos Anjos e toda sua comissão técnica. Depois de nove jogos sem vitórias e uma sucessão de crises internas e externas, o polêmico e vitorioso treinador de 66 anos deixou a Curuzu pela terceira vez, após um enorme desgaste com o elenco, torcida e membros do Departamento de Futebol, que acabaram por minar sua permanência em Belém. Até o momento, Hélio não se manifestou, mas o filho e auxiliar Guilherme dos Anjos, conversou com exclusividade com o Núcleo de Esportes de O Liberal e contou detalhes do distrato entre as partes e também falou sobre o futuro e a avaliação dos oito meses de temporada.  

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Como vocês receberam a notícia de que estavam saindo do clube?

- A demissão é uma tomada de decisão normal dentro do futebol. Se a gente ficou espantado com a notícia? Não. Temos muito respeito às pessoas envolvidas no processo. Reitero aqui aquilo que falei sobre lideranças: tivemos pessoas idôneas à nossa frente. Se essas decisões são certas ou não, somente o tempo dirá. Deixamos o clube agora na 15ª colocação, com 27 pontos conquistados, tendo ficado somente 5 das 25 rodadas na zona de rebaixamento, e com os demais objetivos do ano alcançados. Não vejo nada fora do comum. Os resultados recentes foram ruins, mas conseguimos performar. Jogamos para ganhar os jogos, mas o resultado não veio, e o futebol é isso.

O que aconteceu após o fim do jogo?

- Após a coletiva, o Vandick nos procurou dizendo que o presidente queria falar conosco. O professor [Hélio] não gosta muito desse tipo de conversa então fui eu falar com o Maurício [Ettinger] e o Roger [Aguilera]. Sabia do que eles queriam tratar, até porque o Vandick me antecipou. Eles me perguntaram muita coisa sobre o que eu achava do clube. Temos uma relação muito boa e saio daqui de uma forma diferente da que saí de outros clubes, muito mais positiva. Estamos bem com o Paysandu e com a torcida, sobretudo pelo que vi nas nossas redes sociais. Procuramos fazer tudo da melhor maneira possível.

Vocês saírem após uma sequência de resultados ruins. Isso abalou a relação de vocês com a torcida?

- Sinceramente, pelo que senti, as pessoas estão avaliando de forma positiva. Elas veem a mudança como necessária, porque o futebol precisa mudar. A imagem que fica é positiva, com inúmeras pessoas falando sobre um possível retorno futuro. Os números não mentem. Nós temos apresentado inúmeros trabalhos com acessos e títulos desde o nosso retorno ao Brasil. Sinto que algo positivo foi construído aqui para o clube e para a nossa carreira.

Desde que o Paysandu iniciou a sequência de maus resultados, a equipe passou a jogar diferente. Houve uma insistência pelas bolas aéreas, que foram pouco aproveitadas. Vocês acham que isso dificultou o clube na busca por uma vitória?

- O resultado é o principal no futebol. Não é só a performance; é a performance e o resultado. Poderia ter sido diferente, mas as lesões tiveram um grande impacto. O fato de termos demorado a trazer os atletas na janela também teve um grande impacto, devido ao período de adaptação. Se eles tivessem chegado dois meses antes, poderia ter sido um pouco diferente. Mas são autoanálises que fazemos depois do final do trabalho. Vamos pensar em continuar num processo de melhora. Agora, em relação aos resultados dentro da competição, precisamos ter uma atenção muito grande.

Você fala que a realidade do Paysandu é essa, de manutenção e estruturação, mas o presidente do clube afirmou, no início da temporada, que o objetivo da equipe era brigar pelo acesso. Portanto, os torcedores estão cobrando apenas aquilo que foi prometido. Você acredita que essa declaração do presidente prejudicou o trabalho da comissão?

- Cada um é responsável pelo que fala. Pode haver uma percepção da realidade que traz pressão para a pessoa. Nós não temos pressão, tivemos um discurso profissional. Não vejo nada que tenha nos atrapalhado. Temos uma boa relação.

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A saída de vocês da Curuzu esteve relacionada à crise de relacionamento entre a comissão técnica e o executivo de futebol Ari Barros. Em várias coletivas, Hélio dos Anjos deixou claro que o dirigente atrapalhou o andamento do trabalho programado para a sequência dos meses. De que forma a má relação contribuiu para os maus resultados do clube. Como houve essa escalada de tensão entre as partes?

- Vou dar uma explicação bem concisa sobre tudo isso. No final do ano passado, renovamos com o Paysandu. Antes disso, o Ari deu uma entrevista na qual mencionou que era necessário renovar o contrato do executivo antes do treinador. No entanto, o clube nos chamou primeiro, e depois ao executivo. Na reunião, foram discutidos alguns pontos, mostramos o nosso processo de trabalho e tudo o que fizemos em 2023. O clube nos perguntou se deveríamos ou não manter o Ari. Dissemos que não achávamos adequado dispensar o profissional, mas mencionamos que alguns pontos de gestão, capacidade de liderança e técnica eram complexos. Informamos ao clube que continuaríamos com o Ari, mas ele participaria apenas da administração de elenco. A gestão de atletas e comissão, bem como a gestão de processos, ficaria a cargo meu e do professor. Isso foi estabelecido com o clube. É um modelo que temos como referência fora do Brasil, similar ao que fazem Tite e Abel. É um acordo entre o clube e o treinador, e foi firmado. O presidente deu o aval e o Ari aceitou. No entanto, ele aceitou apenas para manter o emprego, pois continuou agindo da mesma forma que antes. Comando é referência; ele deve ser o principal a dar o exemplo. O comando, para nós, envolve ele, o preparador físico e o fisiologista. Precisamos dar exemplos positivos nesse sentido. Ele demonstrava preguiça e falta de habilidade em conduzir reuniões. A incapacidade técnica na gestão de pessoas era evidente. Isso gerou desconforto, e ele foi cobrado, passando a trabalhar contra nós. Conversamos muito com o clube sobre isso, o clube sustentou a situação por um tempo, mas era um problema apenas com ele. Tivemos pequenos problemas na equipe de trabalho, mas todos se ajustaram. Cobramos e isso fazia parte do nosso trabalho. Hoje, percebo uma reação positiva do clube e agradecemos a 90% das pessoas. Faz parte.

Algumas informações apontam que o Ari firmou alguns contratos com jogadores que não foram aprovados pela comissão técnica. Além disso, as mesmas informações indicam que alguns desses contratos foram superfaturados. O que a comissão técnica sabe sobre isso? Esse fato realmente ocorreu?

- Eu não posso comentar sobre algo que não posso provar. Tenho experiência no futebol e, para nós, duas ou três situações, como com Cassiano e Esli, foram muito visíveis na forma como os contratos foram estruturados. Gastar 7 milhões por 3 anos com o Esli não é plausível. Realmente, coisas estranhas aconteceram. Não posso afirmar nada com certeza porque não tenho provas. O tempo dirá. Na última vez em que tivemos problemas com o executivo, o tempo nos deu razão.

A relação entre a comissão técnica e Esli García sempre foi cercada dos olhares da torcida. Apesar de, oficialmente, ambas as partes falarem que não havia problemas, a pouca utilização do jogador em campo, apesar dos gols marcados, dava a entender outra coisa. Como, de fato, era a relação entre a comissão técnica e Esli García?

- Vou ser claro: todos os jogadores que entraram no clube foram através de nós. Deixamos de trazer inúmeros atletas até chegar o Esli. Não trouxemos o Aylon, o Baggio e o Maurício Garcês devido a negociações. Hoje vejo que há um grande impacto da má vontade do Ari. No entanto, os profissionais que estiveram aqui foram avaliados e autorizados por nós. Sobre a análise do Esli, não discordo do professor. Se o jogador trabalhar muito, em um ano pode se tornar um atleta mais participativo. Um exemplo é o Juninho, que precisou de um ano para se tornar um jogador decisivo. Acredito que há um olhar exagerado sobre o atleta. Ele percebe isso e devemos ter cuidado. O tempo vai mostrar a realidade desse atleta.

Ao avaliar os jogos do Paysandu, percebia-se que o problema era muito mais motivacional do que técnico. Você acha que a má relação com Ari pode ter afetado o vestiário?

- Se houvesse algo desse tipo, a gente teria saído. Os atletas foram os principais responsáveis pelo desenvolvimento do grande trabalho. A comissão técnica desempenhou um papel importante no desenvolvimento do trabalho, mas os atletas foram fundamentais. Eles foram extremamente profissionais. O Ari já estava afastado do futebol. O Ari não estava nem no clube, não tinha muita influência nem uma imagem positiva. Não vejo por que a saída dele teria afetado. Um atleta ou outro? Talvez. Mas nada que dividisse o grupo.

Poucas horas se passaram desde a demissão do Paysandu. No entanto, vocês já receberam propostas de outras equipes? Quais os planos para o futuro?

- Nada ainda. Recebemos uma sondagem para saber sobre a multa, mas não considero isso uma proposta. Acredito que, dentro do cenário atual, apenas um clube nos interessaria, mas isso pode mudar em uma ou duas rodadas. Além disso, não nos vejo assumindo nada até o final do ano. Precisamos de tempo para definir as características do clube, e estamos felizes nesse contexto.

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