Após assalto, Quarentinha fala sobre violência e o medo de sair de casa
Ex-jogador de 84 anos teve vários ferimentos pelo corpo
O assalto sofrido no último dia 4, na Travessa Curuçá, esquina com a Ferreira Pena, no bairro do Umarizal, em Belém, ainda está firme na memória do ex-jogador e maior ídolo do Paysandu, Quarentinha. Aos 84 anos, o idoso teve o cordão arrancado por um homem em uma moto vestido com uma camisa de mototaxista.
Quarentinha foi levado ao hospital com vários ferimentos pelo corpo. Uma pancada na cabeça o fez desmaiar. Em conversa com a equipe de esportes de OLIBERAL, o dodecampeão paraense pelo Papão falou pela primeira vez sobre o ocorrido, sobre o medo de sair de casa e sobre os momentos de luta com o bandido.
“Na hora eu não senti nada, estava andando tranquilo, quando senti um tranco forte, foi o ladrão puxando o meu cordão. Eu me assustei com aquilo e acabei segurando forte na garupa da motocicleta. Ele se desequilibrou, mas conseguiu arrancar e nisso acabei caindo de rosto no chão. Eu fui socorrido por três amigos remistas, que me levaram para o Pronto Socorro. Eu cheguei no hospital e fiquei sem entender o motivo de estar naquele local. O tempo foi passando e fui lembrando o que tinha ocorrido comigo”, falou.
MEDO
O idoso mora no bairro do Umarizal, próximo ao local onde foi assaltado e convive agora com o medo de sair de casa para realizar coisas simples, como ir à padaria, comprar um jornal.
“Infelizmente ocorreu comigo. Nunca tinha sido assaltado. Moro neste bairro a minha vida toda, mas sempre ouço de casos de violência da vizinhança. A gente nunca espera que isso ocorra com a gente, ainda mais da forma que foi. Hoje estou impossibilitado, mas fico pensando quando eu estiver liberado e ter que encarar essa situação [de andar na rua novamente]”, comentou
LADRÃO VESTIDO DE MOTOTAXISTA
O drama vivido por Quarentinha coloca em questão a rotina dos profissionais que trabalham com a atividade de mototaxista. Quarentinha se mostrou preocupado com pessoas de bem que ganham a vida com a atividade e trabalham corretamente.
“Quem fez isso comigo foi um ladrão, não foi um mototaxista. Ele é um marginal, que acaba mexendo com toda uma classe que trabalha honestamente atrás do seu pão de cada dia. Torço muito para que essas pessoas sejam presas, pois não podemos mais sair, ficar em frente às nossas casas...”, falou.
APOIO
Quarentinha recebeu ligações de vários ex-jogadores, torcedores e também de pessoas ligadas ao Paysandu, como o presidente Ricardo Gluck Paul. Em conversa com a equipe de esportes, a vice-presidente do clube, Iêda Almeida, comentou do trabalho desenvolvido pelo clube com ex-jogadores.
“Ficamos tristes com o caso do Quarentinha. Uma pessoa passar por essa situação já é complicado, imagine um idoso. Estamos sempre ajudando na medida do possível nossos ex-atletas. O Beto, que vestiu a camisa do Paysandu na década de 60, possui contatos com vários. Já realizamos cirurgia, corremos atrás de cestas básicas, mas sempre na medida do possível”, disse.
MOTOTAXISTAS
o presidente do Sindicato dos Mototaxistas do Pará, José Ribamar da Silva, de 54 anos, contou que ações preventivas são feitas para diminuir crimes realizados por pessoas que usam a camisa de mototaxistas.
“O sindicado tem a obrigação de pedir desculpas às pessoas que foram assaltadas ou tiveram algum problema com quem usa camisas de mototaxistas. Infelizmente foge do controle, pois essas camisas são vendidas nas feiras. A população precisa ser seletiva, procurar quem faz o serviço com numeração (identidade funcional) nas camisas, no capacete e também na moto. Essa é a identificação do trabalhador”
A vulgarização da profissão de mototaxista é, conforme o presidente do sindicato da categoria, um problema do poder público e frisou que é necessário fazer algo para coibir esse tipo de ação.
“Nós não cobramos mensalidades no sindicato, mas damos ao trabalhador todo o caminho para se tornar legal e ter suas garantias. Temos fiscalização, mas falta ela ser mais intensa para coibir essas pessoas que cometem crimes e mancham os profissionais”, disse.
SEGUP
A reportagem entrou em contato com a Secretaria Estadual de Segurança Pública e Defesa Social (SEGUP) para saber sobre as ações realizadas no bairro do Umarizal, mas até o fechamento desta edição não teve respostas.
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