'Não é nosso papel fiscalizar os clubes', diz presidente da FPF sobre imbróglio no Parazão 2025
Ricardo Gluck Paul atribuiu aos clubes a responsabilidade pelas inscrições irregulares de atletas.
O presidente da Federação Paraense de Futebol (FPF), Ricardo Gluck Paul, disse, em entrevista à Liberal+, que a entidade não é responsável pelo imbróglio jurídico envolvendo à disputa do Parazão de 2025, que tirou pontos de Capitão Poço e Tuna, e colocou em risco a realização das quartas de final da competição. Ele defendeu a decisão da FPF de manter as partidas deste fim de semana, defendendo que é fundamental analisar com cautela as penalidades aplicadas aos clubes denunciados.
"Em nenhum lugar do mundo, em nenhuma federação, há o papel de fiscalizar os clubes. Quando você assume essa responsabilidade, também assume todos os ônus. Assim, fica fácil para os clubes jogarem a culpa na federação. Agora, quando um clube não cuida das suas obrigações, eles brigam entre si. Para isso existe o tribunal. Um clube comete um erro, outro questiona e leva o caso ao tribunal. Esse é o sistema", explicou.
Apesar do questionamento, Gluck Paul disse que a Federação avalia como "exagerada" a decisão judicial. No entanto, a entidade se compromete a cumprir o que foi decidido em última instância.
“É importante entender que o papel da FPF é organizar o campeonato e cumprir as normas da justiça. Na minha opinião, para desfazer um resultado em campo, é necessário haver uma infração gravíssima, como um atleta suspenso que entrou em campo ou um jogador atuando sem inscrição”, explicou Ricardo.
Segundo o presidente, paralisar o campeonato neste momento seria inviável. Caso o torneio esperasse o seguimento dos ritos legais, a competição seria suspensa por três semanas. Isso acarretaria enormes prejuízos para clubes, que já enfrentam dificuldades financeiras, e também prejudicaria aqueles que disputarão o Campeonato Brasileiro Série B, programado para começar no primeiro fim de semana de abril.
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“A rodada ocorrerá neste final de semana, e tentaremos demonstrar à justiça que este caso é passível de multa e não de perda de pontos. Se seguir com o rito normal e pausar o campeonato, resultaria em três semanas de paralisação, o que traria prejuízos para os clubes emergentes, que têm contas a pagar, e para aqueles que disputam o Brasileirão, pois o calendário invadiria os torneios nacionais”, concluiu o presidente.
O presidente afirmou que a Federação vai buscar um efeito suspensivo para a realização do torneio. Caso sejam convocados pela Justiça, o departamento jurídico da entidade tentará alegar que as irregularidades cometidas não são passíveis de perda de pontos, mas sim de multa.
Jogos mantidos
Momentos antes do pronunciamento de Ricardo, o diretor jurídico da FPF, André Cavalcante, confirmou para o Núcleo de Esportes de O Liberal, que o campeonato não será paralisado e os jogos seguem os mesmos, com as decisões de campo sendo mentidas. André usou como exemplo os jogos de Paysandu e Remo, que estão programados para acontecer neste fim de semana, no Mangueirão.
“É um prejuízo muito grande. Apenas no jogo do Remo, temos 10 mil ingressos vendidos. Não tem como suspender a rodada com tudo pronto. A decisão influencia na tabela, mas envolve uma série de variantes que precisam ser consideradas. No entanto, a prioridade é defender o interesse dos torcedores que compraram ingressos e dos clubes”, afirmou.
Confira a tabela dos jogos
- Remo x Santa Rosa: sexta-feira, 07/03, às 20h no Mangueirão, em Belém.
- Paysandu x Capitão Poço: sábado, 08/03, às 18h no Mangueirão, em Belém.
- Castanhal x Tuna Luso: domingo, 09/03, às 10h no Complexo Esportivo, em Castanhal.
- Bragantino x Águia de Marabá: domingo, 09/03, às 15h30 no Diogão, em Bragança.
Entenda
Na noite da última quinta-feira, (6), o Tribunal de Justiça Desportiva do Pará (TJD-PA) puniu o Capitão Poço e a Tuna Luso com a perda de 18 e 7 pontos, respectivamente, no Parazão 2025. Essas penas foram aplicadas devido a irregularidades na escalação de jogadores, conforme denúncias apresentadas pelos clubes Caeté e Independente. A decisão poderia alterar a classificação da tabela, modificando os confrontos das quartas de final e, potencialmente, paralisando o campeonato.
Além do Capitão Poço e da Tuna Luso, o Remo e o Bragantino também foram denunciados por inscrição irregular de atletas. Esses casos ainda aguardam julgamento, e ambos os clubes podem perder pontos no campeonato se forem considerados culpados.