Paraenses que moram no Catar festejam a Copa do Mundo 2022 e reencontro com conterrâneos
Depois de passagem pela China, Edmar Pereira e Walnecir Guedes estão no país do Oriente Médio há 19 anos e relatam um pouco do dia a dia no país da Copa
O casal de paraenses Edmar Pereira e Walnecir Guedes mora no Catar há 19 anos. Sempre muito simpático e receptivo, o Edmar trabalha na aviação, como instrutor de uma companhia local. Nascido em Belém, vive com a esposa Walnecir, que é de Cachoeira do Arari, no Marajó. Os dois estão curtindo a Copa do Mundo e aproveitam cada jogo do Brasil para encontrar outros paraenses no Catar, já que o país tem recebido um número enorme de turistas durante a Copa do Mundo 2022.
“É o momento que temos de ouvir o ‘égua’ da boca de quem nasceu na nossa terra”, relata o piloto.
Em casa, cada preparação para ir aos jogos é uma festa com vizinhos brasileiros que moram em Doha. O condomínio, inclusive, possui gente dos quatro cantos do Brasil: são gaúchos, paulistas, paraibanos, baianos e os próprios paraenses a poucos metros de distância. Todos compraram ingressos como moradores locais e pagaram preços bem mais baratos que a média - saiu cerca de R$ 80 por pessoa, muito abaixo do valor para estrangeiros, que é de aproximadamente R$ 360 para os setores mais em conta a depender do confronto.
Esporte na veia
Antes de rodar o mundo a trabalho, Edmar Pereira foi atleta dos bons em Belém. Ele relembra com orgulho quando era nadador da Tuna Luso Brasileira. Foi, inclusive, campeão brasileiro em sua categoria e expõe até hoje, em sua casa no Catar, a coleção de medalhas - à mostra para todas as visitas.
“Nadei pela Tuna durante oito anos. Disputei o Campeonato Paraense em Belém desde os juniores até o máster. Essas [aponta para as medalhas] são as minhas últimas conquistas de máster antes de vir para o Catar. Ganhei o Campeonato Brasileiro também e tenho um troféu do 5º tempo no revezamento mundial. E, já no Catar, me tornei faixa-preta de kickboxing. A minha vida é esporte e família, é disso que eu gosto. E uma boa farinha", brincou o piloto.
O casal tem dois filhos, que são paraenses, moram na Noruega, estão estudando medicina e vão “dar” o primeiro neto da família em breve. A saudade do Brasil, principalmente de Belém, a cada dois anos é resolvida com a visita à terra amada e aos parentes. Mas a base desse casal, quando vai ao Brasil, é Bragança Paulista, a primeira cidade que moraram quando deixaram o Pará.
“Eu nasci em Cachoeira do Arari, mas me mudei para Belém com 5 anos, foi quando conheci o Edmar. Fomos vizinhos, namoramos e estamos juntos até hoje. Já moramos na China, no Brasil e agora estamos no Catar, podendo também acompanhar essa Copa”, detalhou Walnecir.
A competição também oportunizou matar a saudade dos conterrâneos, mesmo que desconhecidos. “Encontramos ontem, no metrô, uma família de Óbidos. Ela fez o contato, bateu fotos com a gente. Ela tem um instagram bem legal", contou.
Giro pelo mundo
Edmar e Walnecir moraram em Taiwan, na China, também em função da profissão do marido. Há 14 tendo o Catar como base, ambos falam com muito orgulho de morar no país do Oriente Médio e criticam o que consideram “exageros” da mídia brasileira com relação às leis do país.
“Aqui vivemos muito bem, não somos recriminados e é só respeitar o local e o povo que você vive”, relatou Edmar.
Em relação à fé, eles são católicos em um país mulçumano. Ambos seguem frequentando uma igreja católica em Doha, realizando trabalhos religiosos semanalmente. A imagem de Nossa Senhora de Nazaré na sala de casa mostra muito bem a devoção, fé e laço afetivo com o Círio de Nazaré.
"Pelo menos duas vezes por ano eu vou ao Brasil, logicamente até Belém, e trago aquele isopor com um pouquinho de cada coisa. Tem açaí, tem uma maniva para fazer uma maniçoba, um camarão seco para fazer um vatapá, o cupuaçu, uma farinha. E de vez em quando temos umas ‘mulas’ que trazem essa comidas para nós", enumerou Walnecir.
Edmar deve se aposentar em quatro anos e pretende deixar o Catar. “Me aposento da aviação em quatro anos, aí vamos decidir de voltamos ao Pará ou Bragança Paulista. Mas estar no Brasil é estar muito mais perto de todos”, relatou Edmar.
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