Paixão pelo automobilismo inspira paraense e amigo a criarem uma equipe de kart nos EUA

Bruno Bellesi Unger e Breno Marin, ambos pilotos, se aventuraram no universo das corridas no país norte-americano com uma equipe própria

O Liberal
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As histórias do paraense Bruno Bellesi Unger e do catarinense Breno Marin se cruzaram por conta da paixão pelo esporte a motor. Brasileiros, os dois foram morar na Flórida, nos Estados Unidos, ainda adolescentes, para estudar. Juntos e cheios de coragem, além de começarem a correr, levaram o amor pelo automobilismo para outro nível e criaram, em 2021, uma equipe de kart chamada Scuderia América.

Inspirados pelo legado de Ayrton Senna, os pilotos, hoje com 23 anos, contaram como o esporte os uniu e ensinou lições de vida e resiliência que vão além das pistas.

Apesar das raízes brasileiras, os dois se conheceram na escola, já nos Estados Unidos. Lá, se tornaram melhores amigos, e foi onde o paraense desenvolveu a paixão pelo automobilismo. Breno era louco pelo esporte desde o Brasil, mas Bruno, em Belém, não tinha o mesmo interesse até ir para a Flórida, em 2017.

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O estado norte-americano é conhecido por sediar grandes eventos de automobilismo, como a NASCAR Cup Series e as 24 Horas de Daytona, além de ter muitos carros de luxo pelas ruas. Por isso, Bruno passou a notar mais o maquinário e enxergar sua beleza. Em 2021, quando Breno fez o convite para que ele se juntasse ao kart, Bruno não pensou duas vezes antes de aceitar.

“Eu lembro até hoje da primeira vez que a gente foi treinar. Na primeira curva da volta de largada, fui pisar no freio, mas ele travou. Acabei rodando e bati com tudo na parede”, contou Bruno.

image Paraense andou de kart pela primeira vez na Flórida (Arquivo pessoal)

A primeira experiência "ruim" do paraense não o impediu de seguir no esporte. Breno já tinha outros contatos na modalidade, mas o catarinense também só andou de kart pela primeira vez aos 18 anos, nos EUA. Em Balneário Camboriú, onde morava na adolescência, o piloto começou a trabalhar e a ir para o autódromo da cidade, além de andar de simulador de corrida. Aos 16 anos, comprou o primeiro carro de drift e passou a se interessar pela mecânica dos automóveis.

Fascinados pelo estilo de Ayrton Senna, eles viram no kart uma chance de vivenciar o espírito de competição e superação que marcou o ídolo. O esporte, para eles, era mais que uma disputa; era um portal para a adrenalina e a construção de um vínculo, tanto com o carro quanto com as pessoas que estavam por trás de cada corrida.

Foi assim que, no mesmo ano em que Bruno entrou, a paixão ganhou um novo capítulo: a criação de uma equipe profissional própria chamada Scuderia América, com a participação de um terceiro amigo. Juntos, conseguiram patrocínios e disputaram grandes corridas locais, com destaque para as provas de Endurance, que exigiam não apenas velocidade, mas trabalho em equipe e resistência.

image Breno Marin no Orlando Kart Center, onde treinava (Fotos de 2021). (Arquivo pessoal)

“A Scuderia América surgiu quando um terceiro piloto notou que nós éramos rápidos. Ele disse que o pai e ele tinham fundos e queriam investir em um time. Com isso, nós entramos com uma sociedade de 25% cada e montamos a equipe”, contou o paraense.

image Bruno Bellesi Unger e Breno Marin na Scuderia America em 1º na corrida de Endurance de 4h do Orlando Kart Center (Fotos de 2022) (Arquivo pessoal)

Como nada é fácil, especialmente em um esporte caro e muito competitivo como o automobilismo, a dupla passou por momentos desafiadores. Mas, no final, para Bruno, a avaliação foi positiva e satisfatória.

“O início foi complicado, pois foi uma experiência nova e bastante desafiadora. Nunca tínhamos gerido uma equipe de automobilismo antes. Mas acho que nos saímos bem. Conseguimos vários patrocinadores, e a gestão se mostrou eficaz de ponta a ponta”, lembrou Bruno.

image Bruno Bellesi Unger no Orlando Kart Center, onde treinava (Fotos de 2022). (Arquivo pessoal)

Desafios e racha

Com a equipe criada e dando os resultados, os desafios aumentaram, principalmente os relacionados à gestão. Em 2022, a relação com o terceiro sócio começou a desandar quando ficou claro para Bruno e Breno que seu foco era mais no mérito próprio do que no trabalho em grupo. Com isso, a Scuderia América se desfez.

“Esses episódios minaram nossa relação profissional e levaram à nossa decisão de nos retirarmos da sociedade”, lamentou Breno sobre o fim da Scuderia América.

No entanto, após um ano sem correr, a dupla recebeu uma ligação do amigo e piloto porto-riquenho José Pagan, que estava montando uma nova equipe para participar da Endurance do Orlando Kart Center (OKC), uma corrida de 12 horas de duração. Cheios de alegria, mas também receosos por estarem tanto tempo parados, ambos aceitaram o convite e conseguiram manter a liderança até o fim.

“Durante a prova, o Breno me orientava pelo rádio, quase gritando em meio ao barulho do motor, o que me desafiava a melhorar a cada volta”, relembrou o paraense, feliz pela conquista.

A vitória deu um gás a mais no sonho dos dois em voltar a correr profissionalmente. Um dos contatos da nova equipe tinha experiência em categorias de alto nível, como a Fórmula 1, e os convidou para participar de um treino, com a possibilidade de correr na temporada seguinte em uma equipe de Fórmula 4.

A chance empolgou ainda mais os brasileiros. Os dois teriam a oportunidade de ingressar em uma categoria mais profissional e competitiva. Contudo, logo eles descobriram que não seria possível. Durante o treino-teste, Bruno e Breno foram informados de que, como não tinham o visto de residentes nos EUA, não poderiam correr.

“Nem deixaram a gente fazer uma volta. Foi um momento desafiador, pois abrimos mão de algo tão desejado e planejado por culpa de algo fora do nosso alcance”, lamentou Bruno.

Futuro

Com a decepção em saber que não poderiam prosseguir naquele momento e com os custos elevados dos equipamentos e treinos, a dupla precisou dar um passo atrás e focar na vida acadêmica. Hoje, ambos seguem no universo do esporte a motor, ou pelo menos tentam manter a chama do automobilismo viva.

Breno cursa engenharia mecânica e aproveita as habilidades técnicas adquiridas nas pistas, enquanto Bruno, inspirado pela gestão da Scuderia América, se forma em administração de empresas e é sócio de uma empresa brasileira de tecnologia.

image Dupla ainda sonha em voltar a correr com a equipe (Arquivo pessoal)

"Sabemos que, no momento, estamos focados na vida acadêmica e na carreira em outras áreas, mas o sonho não morreu", ressaltou Breno.

Suas vivências no esporte não só refinaram suas técnicas, mas também reforçaram a importância da paixão como combustível para a resiliência, persistência e trabalho em equipe. E quem sabe, um dia, não vejamos a dupla novamente nas pistas disputando lado a lado?

"Nós ainda gostaríamos de voltar a correr profissionalmente, mas em outras categorias, como a World Endurance Championship (WEC), o IMSA WeatherTech SportsCar Championship ou até mesmo na categoria de Le Mans”, projetou Bruno.

(**Beatriz Waehneldt, com edição de Aila Beatriz Inete, repórter do Núcleo de Esportes de Oliberal.com)

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