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Rebeca Andrade e outras ginastas do Brasil são recebidas no Parque dos Campeões

Maior medalhista da história do País, Rebeca fala sobre a relação com Simone Biles: 'Melhores amigas'

Caio Maia

Após registrarem fotos nos icônicos aros olímpicos na Vila Olímpica de Paris, as ginastas brasileiras marcaram presença no Parque dos Campeões. A equipe feminina, formada por Rebeca Andrade, Jade Barbosa, Lorrane Oliveira, Flávia Saraiva e Júlia Soares, foi calorosamente recebida e posou para fotos com os fãs.

Localizado nos Jardins do Trocadéro, aos pés da Torre Eiffel, o Parque dos Campeões foi criado para reunir amigos e familiares em homenagem aos melhores atletas do mundo. Os visitantes têm a oportunidade de conhecer e interagir com os atletas.

A ginástica artística brasileira encerrou sua participação nas Olimpíadas de Paris com quatro medalhas: uma de ouro, duas de prata e uma de bronze. O Brasil conquistou pela primeira vez a medalha de bronze na competição por equipes. Além disso, Rebeca Andrade ganhou a prata no individual geral e no salto, ficando atrás da estrela Simone Biles, e o ouro no solo, superando a norte-americana.

Com essas conquistas em Paris, Rebeca Andrade se tornou a maior medalhista olímpica da história do Brasil, somando um total de seis medalhas (incluindo ouro e prata em Tóquio 2020). Ela superou os cinco pódios dos velejadores Torben Grael e Robert Scheidt.

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Rebeca Andrade se pronuncia

Rebeca Andrade concedeu sua mais longa entrevista em Paris após sair do Parque dos Campeões. Na Casa Brasil, espécie de fan fest brasileira nas Olimpíadas, a atleta olímpica mais condecorada do país falou sobre sua rivalidade com Simone Biles, o destaque que alcançou, a jornada memorável na capital francesa, a referência que se tornou, especialmente para as jovens ginastas, e o orgulho que sente por ser uma esportista negra de destaque mundial.

"É uma honra ser uma mulher preta e hoje estar no topo", comemorou Rebeca.

O "all-black podium", com três atletas negras no topo da prova de solo da ginástica artística, e a deferência de Simone Biles e Jordan Chiles, que se abaixaram e se curvaram para Rebeca, dando-lhe protagonismo no momento da comemoração do ouro, também foi discutido.

"Ela (Biles) percebeu que era um momento importante para mim e estava ali para fazer isso acontecer, para que eu recebesse o que merecia. Lutamos muito para estar naquele pódio. Foi uma disputa saudável", afirmou Rebeca, que revelou ter se tornado amiga da superestrela americana. "Pelo tanto que conversamos nas competições, acho que somos melhores amigas."

Gigante da ginástica

Para alcançar seis medalhas olímpicas, quatro delas em Paris, e se posicionar no topo do esporte olímpico brasileiro, Rebeca enfrentou muitos desafios. Desde os 5 anos, quando começou na ginástica, ela teve que superar várias dificuldades, como caminhar dois quilômetros para treinar em Guarulhos, por falta de dinheiro para o ônibus. Rebeca lembrou das dificuldades iniciais, mencionou sua mãe, Rosa Santos, que criou oito filhos sozinha com a renda de doméstica, e contou que muitos tentaram desencorajá-la após três graves lesões de ligamento no joelho.

Estudante de Psicologia, Rebeca faz acompanhamento psicológico regularmente há bastante tempo. A terapia foi um dos pilares fundamentais para que ela continuasse na ginástica e alcançasse o topo. "Ter uma rede de apoio é muito importante. Mesmo em momentos difíceis, quando você tem uma luz, você continua lutando e essa luz vai ficando cada vez mais clara", disse.

Ela se alegra e se orgulha de ter incentivado mães a matricularem suas filhas em clubes e centros de ginástica no Brasil, incluindo o projeto Iniciação Esportiva em Guarulhos, onde deu seus primeiros saltos. "O esporte mudou a minha vida", destacou. "E é isso que quero para as crianças e adolescentes. O Brasil tem muitos talentos. Quanto mais apoiarmos e incentivarmos, melhor para o país."

Antes da coletiva de imprensa, Rebeca subiu ao palco para anunciar a doação de um collant amarelo, usado em uma das finais de ginástica em Paris, ao Museu do Esporte do Comitê Olímpico Internacional (COI), localizado em Lausanne, na Suíça. A peça foi doada a pedido do COI.

No final, ela exibiu as quatro medalhas conquistadas em Paris: um bronze por equipes, duas pratas no salto e no individual geral, e a mais especial, o ouro no solo, superando Biles. "Lutei muito por esse ouro. Queria muito ouvir o hino do Brasil tocar novamente".

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