Pega no doping, remadora paraense cumpre suspensão e atua como goleira no Parazão

O esporte de remo no Estado do Pará ainda é muito forte e revela talentos, um desses talentos é a remadora Nayara Furtado, de 25 anos. A atleta paraense que foi pega no doping e está suspensa por quatro anos, vive a expectativa de retornar ao esporte, mas enquanto o dia do retorno não chega Nayara vai vivenciando outra carreira, a de goleira do Sacramenta, no Parazão de futebol feminino.

A jovem Nayara começou sua carreira no Clube do Remo, time do coração da remadora. O seu primeiro título veio em 2010, com o Time de Periçá, quando fez parte da equipe azulina que levou o troféu daquele ano. Mas Nayara queria mais e saiu de Belém para conquistar o Brasil, a América e também o Mundo.

A remadora paraense saiu para defender as cores do Botafogo (RJ) e em seguida o Flamengo (RJ), duas potências na modalidade remo. De 2010 a 2012, Nayara conquistou dois brasileiros, vice-campeã mundial indoor nos Estados Unidos, além de conquistar o campeonato sul-americano em 2012 no Chile. Neste mesmo ano Nayara teve uma ruptura do ligamento do joelho direito e teve que parar por mais de seis meses. Após o período ela voltou a treinar no CNRAC (ES) e retornou para Belém, dessa vez defendendo as cores do Paysandu. A remadora foi então para a equipe Álvares Cabral (ES)e em seguida voltou ao Flamengo (RJ), onde conquistou vaga na Seleção Brasileira, para disputar o Pan-americano.

Mas um exame antidoping realizado próximo da disputa do Pan-americano tirou Nayara da competição. Segundo a remadora, os remédios tomados para tratar da contusão no joelho tiraram Nayara da competição e da seleção. Quase um ano depois, em 2015, a remadora paraense foi suspensa por quatro anos de exercer a profissão.

Para Nayara, foi um duro golpe, que a deixou afastada das garagens náuticas por mais de dois anos. “O remo é um esporte incrível, comecei a treinar no Clube do Remo e esse esporte me mostrou novos horizontes e a chegar onde eu nunca imaginei. Essa suspensão me afastou do esporte, sempre tive as portas abertas nos três grandes clubes de Belém. Mas eu perdi minha fonte de renda, eu dependia do Remo. Então comecei a trabalhar fora do esporte e foi então que me afastei, pois os horários não eram compatíveis”, disse.

Foi então que uma outra paixão de Nayara apareceu... o futebol. Ela já havia jogado futebol, ainda pequena, na cidade de Marabá, atuando de meia, e retornou ao esporte pelo Time Negra, que hoje é a base do Sacramenta, equipe que disputa o Campeonato Paraense. “Sempre gostei de jogar futebol e o espirito de competição corre nas veias. Mas fiquei sem confiança devido à cirurgia que fiz no joelho, mas aos poucos fui me sentindo mais segura. Cheguei a jogar futsal na Tuna também e decidi atuar no gol também nos gramados”, comentou.

Mas os planos de Nayara são outros. Com a suspensão acabando em maio de 2019, Nayara pretende voltar a competir e está treinando no Clube do Remo, equipe que a projetou. Além disso ela fez um curso de árbitros e já atuou arbitrando as duas últimas regatas.  Para ela, esse período longe de competições serviu para ela colocar a cabeça no lugar e repensar muitas coisas já vividas no esporte. “Deu para aprender muitas coisas nesse tempo afastada do remo. Uma delas é ser mais cuidadosa com tudo que ingerir, pois não me via no potencial e na posição que realmente eu estava. Não posso cometer mais os mesmos erros, pois não quero passar por isso novamente. Quero voltar a atuar e dar alegria aos que amam o remo olímpico. Foi um dom que Deus me deu, tenho que retomar a prática do esporte e requer dedicação, vontade, suor e dor, além do apoio da família. Eu não parei de remar, estou apenas ‘de férias prolongadas’ e quero mostrar que nada é impossível. Minha volta ao remo também é para mostrar isso”, concluiu.