Governo Federal divulga selecionados ao Bolsa Pódio. Pará tem 1,43% dos atletas; saiba mais

Benefício vinculado à Secretaria Especial do Esporte do Ministério da Cidadania, engloba melhores do ranking mundial. Pará tem apenas 5 selecionados

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O Governo Federal, através da Secretaria Especial do Esporte do Ministério da Cidadania, divulgou no início do mês de fevereiro, a lista completa dos atletas beneficiados pelo Programa Bolsa Pódio, destinado aos esportistas de alto nível, classificados entre os 20 melhores do ranking mundial, com chances reais de medalha nas competições do calendário anual. Ao todo, 349 atletas de 27 estados vão receber bolsas que variam entre R$ 5 mil e R$ 15 mil, para investir em infraestrutura e treinamento.

A iniciativa de cunho abrangente propõe elevar a participação brasileira nas modalidades olímpica e paraolímpica, além de campeonatos mundiais que somem no ranking de cada modalidade. No entanto, chama a atenção a disparidade de beneficiados da região norte, em relação às outras. No Pará, por exemplo, cinco atletas foram relacionados, todos em modalidades paraolímpicas, ao contrário de conterrâneos como Roraima, que não possui representantes, ou o Acre, com apenas um atleta contemplado. Ou seja, dos 349 atletas, 1,43% são paraenses. 

Com a ascensão olímpica e o surgimento de novos ídolos do esporte, o Governo Federal tem investido para trazer mais vitórias e fincar atletas entre os mais celebrados do mundo. Muitos deles, apesar do pouco tempo de esporte, já estão em níveis acima da média. A skatista maranhense Rayssa Leal é uma delas. Aos 13 anos, a atleta conquistou a prata nas Olimpíadas de Tokyo e desde então tem se dedicado às competições de alto rendimento e prestígio.

Recém incorporado ao quadro olímpico, tanto o skate quanto o surfe deram glórias ao Brasil, passando imediatamente de esportes amadores para berço de medalhas. Nas águas, o potiguar Ítalo Ferreira foi o grande destaque, ao levar o ouro em sua primeira participação olímpica. Feitos desta natureza inspiram atletas de todos os níveis e renovam o sonho de representar o país na maior celebração esportiva da terra, no entanto, para atingir objetivos maiores, é necessário maior aporte estrutural.

Hoje em dia, o Governo Federal distribui, além da Bolsa Pódio, a Bolsa Atleta Estudantil, que fornece um patrocínio de R$ 370, além do Bolsa Atleta Nacional, com verba de R$ 925,00 e o Bolsa Atleta Internacional, com um aporte de R$ 1800.

Avaliação

Há 45 anos envolvido com o esporte, sendo 35 deles com o basquete, o treinador do All Star Rodas, de basquete em cadeira de rodas, Wilson Caju, adverte que já viu muito talento se perder por falta de apoio, e programas desta natureza possibilitam maior estrutura. “Toda iniciativa que apoia o praticante do esporte é válida, porém, acho que é necessário ter outros programas que possam permitir o atleta chegar neste nível do Bolsa Pódio. A questão é que, quanto mais o atleta avança, mais ele precisa de estrutura. Então, esses valores, em um determinado momento chegam a ser irrisórios, pois um atleta de alto nível precisa de cuidados médicos, bons locais de treino, alimentação, transporte. Isso tudo é caro e muitos não têm condições de manter”, diz.

A vida difícil de muitos aspirantes à medalhista olímpico acaba, por vezes, deixando um vácuo na família e no esporte. Aqueles que conseguem superar as dificuldades podem sonhar com os louros do esporte. Em três jogos paraolímpicos, o corredor paraense Alan Fonteles é um desses destaques, com três medalhas, sendo uma de ouro e duas de prata, em Pequim, Londres e Rio de Janeiro. Natural de Marabá, o também campeão brasileiro e mundial é um dos contemplados com a ajuda de R$ 8 mil, pagos em até 12 parcelas. Os demais paraenses agraciados este ano foram:

A lista de atletas da Região Norte, que recebem o Bolsa Pódio, é um pouco maior, ainda sim pouco representativa. A velocista Fernanda Yara da Silva, por exemplo, é natural de Curionópolis e já conquistou duas medalhas de bronze nos jogos parapan-americanos. Outro grande nome paraense contemplado é o do judoca Thiego Marques da Silva, nascido em Parauapebas. Aos 12 anos conheceu o esporte, e através de um projeto social ‘Judô Solidário’ desenvolvido pelo município, conseguiu destaque até ser convocado para a Seleção Brasileira de Judô Paralímpico.

De acordo com o técnico do atleta, Sérgio Soares, a iniciativa federal tem mudado o cenário esportivo de alto nível. “O Bolsa Pódio é o nível máximo do custeio federal ao atleta de rendimento. Para muitos, num passado muito próximo, era impossível se manter sem algo do tipo. Nessas olimpíadas, eu vi vários atletas nessa situação, em dificuldades tremendas para desenvolver no esporte. O atleta de alto rendimento tem que se alimentar, viajar, treinar. A bolsa veio para isso”, garante.

Sérgio explica que a nível estadual não existe apoio significativo e por esse fator de risco, muitos atletas acabam migrando para locais com maior estrutura, caso de Thiego, que reside e treina em São Paulo há cerca de três anos. Para ele é de fundamental importância. O centro paralímpico funciona lá. Toda estrutura técnica está lá e para isso o Bolsa Pódio cai como uma luva. Minha avaliação é super positiva. O governo conseguiu diminuir esse déficit”.

Benefício aos atletas

Thiego Marques da Silva é natural de Parauapebas, sudeste do Pará, mas reside atualmente em São Paulo, onde treina no Allianz Park. Pratica o judô para cegos e pela primeira vez foi contemplado pelo Bolsa Pódio, que, segundo ele, é parte fundamental do seu sustento para o desenvolvimento de suas atividades. "É de suma importância. Quanto melhor ranqueado, mais valorizado a gente é. Até chegar aqui, foram mais ou menos 10 anos de trabalho. Ela ajuda nos custos das viagens, alimentação, vida", conta.

Pelo ranking, Thiego ocupa a 7ª posição entre os melhores do mundo no judô para cegos. Antes disso, conquistou um vice-campeonato Mundial, quatro títulos brasileiros, um pan-americano e participou dos jogos Paralímpicos de Tokyo, garantindo classificação entre os 10 primeiros colocados. Com todo esse currículo, Thiago diz ser necessário ter incentivos dessa natureza. "Hoje eu vivo dela, moro em São Paulo por conta disso. No máximo, eu recebo apoio da Prefeitura de Parauapebas, mas a fonte de renda principal tem sido o Bolsa Pódio", encerra. 

Atletas paraenses contemplados

 - Alan Fonteles

Cidade: Belém

Modalidade: Atletismo Paralímpico

 

- Fernanda Yara Da Silva

Cidade: Curionópolis

Modalidade: Atletismo Paralímpico

 

- Jhulia Karol Dos Santos Dias Da Fonseca

Cidade: Terra Santa

Modalidade: Atletismo Paralímpico

 

- Thiego Marques Da Silva

Cidade: Parauapebas

Modalidade: Judô de Cegos

 

- Lucilene Da Silva Sousa

Cidade: São Miguel do Guamá

Modalidade: Natação Paralímpica

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