Especialista defende incentivo à atividade esportiva nas escolas, foco do Ministério dos Esportes
Aumento de obesidade e sedentarismo infantil são argumentos para criação de uma "identidade esportiva" em crianças.
Recém-empossada como nova ministra do esporte, a ex-jogadora de vôlei Ana Moser disse que o bom desempenho do Brasil nos últimos Jogos Olímpicos não tem trazido um "legado esportivo" ao país. De acordo com medalhista de bronze nas Olímpíadas de 1996, os brasileiros tem se acostumado a "torcer" pelo esporte e não praticá-lo. Dessa forma, ela avalia que o país tem se tornado "sedentário" com o passar dos anos.
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"Não se ampliou a base de praticantes, nem se aumentou a cultura do esporte. Hoje somos uma população mais sedentária do que éramos antes", disse a ministra, em entrevista à Folha de S.Paulo.
A visão da ministra, no entanto, não é apoiada por alguns especialistas. De acordo com educador físico Daniel Alvarez, doutor em Ciências do Esporte e professor da Universidade Federal do Pará (UFPA), a cultura esportiva no Brasil existe. No entanto, essa "identidade esportiva" precisa ser melhor dinamizada.
"Quem pode fazer essa função de dinamizar são as escolas. Temos uma cultura esportiva e uma margem de crescimento dentro dessa seara educacional. Muita gente que vive o esporte de forma passiva, mas os jovens precisam ter uma cultura mais ativa e praticar exercícios", explicou.
Obesidade cresce no Brasil
O pouco incentivo à prática esportiva nas escolas é um dos fatores que tem ocasionando o aumento da obesidade infantil do Brasil. Pelo menos é o que aponta um estudo do Ministério da Eduacação (MEC) de 2018. Segundo o levantamento, 9,4% das meninas e 12,4% dos meninos do país são considerados obesos, segundo critérios adotado pela OMS. O mesmo levantamento também indicou uma elevação dos índices da doença em populações de baixa e média renda.
Segundo Daniel Alvarez, os números revelam a necessidade de fortalecer a cultura esportiva de "base", em comunidades carentes. O "trabalho de base" nada mais é que o incentivo à ações de projetos que envolvam a população de modo geral, dentro das comunidades. Atualmente, poucos projetos no Pará fazem o "trabalho de base" com a ajuda governamental. Entre eles estão o Talento Esportivo e as Usinas da Paz, todas do Governo do Estado.
De acordo com o professor, o acesso do esporte à pessoas de baixa renda ajuda, também, no processo de consolidação da cidadania.
"Existe ministério do esporte, porque o esporte está na constituição. A partir do professor é possível ensinar alguns valores, entender como perder, ganhar, colaborar, competir de forma honesta. O esporte não vai gerar benefícios de forma natural, é preciso que o prefsssor de educação fisica atue nesse processo", conta.
Trabalho com jovens deve ser elaborado
Por mais que a prática esportiva em crianças e adolescentes seja importante no combate à obsidade, é fundamental que essas atividades ocorram em parceira com os centros educacionais. De acordo com Daniel Alvarez, a a inciação esportiva dos pequenos deve ser feita com caráter pedagógico, já que muitos jovens possuem estágios evolutivos distintos.
"Trabalhar com jovens, por natureza, tem que ser diferente do que trabalhar com adultos. É importante entender os estágios de desenvolvimento social, afetivo, motor, emocional. O trabalho de valores é fundamental também, para contextualizar com os pequenos questões como o dopping e saúde mental. Trabalhar com base é entender essa característica e os estágios de cada um", finalizou.
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