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Ex-Seleção Brasileira relembra ameaças e apoia campanha da FIFA sobre saúde mental dos jogadores

Atacante William sofreu ataques pelas redes sociais quando estava no Corinthians e agora faz parte da iniciativa da FIFA que busca blindar os atletas que disputam a Copa do Mundo do Catar de ataques

Aila Beatriz Inete

A FIFA (Federação Internacional de Futebol) criou a plataforma Serviço de Proteção de Mídias Sociais, direcionada aos jogadores que estarão disputando a Copa do Mundo do Catar. A iniciativa tem como objetivo limitar a quantidade de mensagens de ódios direcionadas aos atletas para ajudar na saúde mental deles. Um dos esportistas que apoia o projeto é o atacante William, de 34 anos, que já defendeu a Seleção Brasileira. 

William atuou pelo Corinthians até o meio deste ano, quando a janela de transferência para a Europa abriu e ele decidiu trocar o time paulista pelo Fulham da Inglaterra. A decisão do jogador foi diretamente influenciada por ataques e ameaças que ele sofreu por meio das redes sociais quando estava no Timão. 


Em abril e junho de 2022, o atacante procurou a polícia para denunciar as ameaças que ele e a família sofreram. Além disso, quando ainda jogava no Arsenal, ele sofreu ataques racistas também pelas redes sociais. William já se manifestou em outras ocasiões a favor da luta antirracista. 


No vídeo de divulgação sobre a iniciativa de proteção aos jogadores, da FIFA, William falou sobre como os ataques afetaram ele e a sua família e reforçou a importância de projetos como esse na construção de um ambiente futebolístico mais saudável. Confira:

Repórter: Por que você aceitou participar dessa campanha com a FIFA? 

William: Minha família sofreu muito. Minhas filhas sofreram bastante também. Então, contra ataques nas redes sociais, ameaças, xingamentos, por isso que eu estou participando dessa campanha.”

R: Como você vê a importância de falar sobre isso?

W: Acho que é muito importante jogadores falarem, colocarem para fora o sentimento quando sofrem algum tipo de situação como essa. Não guardar. E a própria família também. Às vezes, ao guardar isso, você acaba sofrendo bastante junto com sua família. E eu acho que é interessante você colocar para fora, falar, para tentar combater, de uma vez por todas, esse tipo de situação. Porque nós, jogadores, não merecemos ter a família atacada por causa de um jogo ruim, de um mau resultado, da performance dentro do campo do jogador. Então, acho que é importante os jogadores abrirem a boca e falar quando sofrerem este tipo de ameaça, xingamentos, etc.

R: Esses ataques afetaram a sua saúde mental?

W: Isso atrapalhou um pouco a minha saúde mental, mas principalmente a da minha família, porque eu via o sofrimento deles, das minhas filhas acuadas. Às vezes, até não queriam ir para a escola porque tinha xingamentos nas redes sociais, falando que tinham que ir na porta da escola dos filhos, para atacar os jogadores ou até mesmo para atacar a família. Enfim, muitas coisas que, realmente, mentalmente atrapalham muito e me atrapalhava mais ver a minha família sofrendo por causa deste tipo de situação. A gente não merece ter a família ameaçada, atacada de nenhuma maneira nas redes sociais, 

R: Você acha que essas pessoas que fazem esse tipo de ataque esquecem que vocês jogadores são pessoas normais como eles? 

W: Eu acho que eles, com certeza, esquecem que nós também somos pais de família, temos filhos, temos nossos problemas também, como qualquer outra pessoa normal, qualquer outro ser humano. Então, eu acho que eles pensam que somos super-heróis, que estamos ali e temos que mostrar que estamos sempre fortes. Mas, às vezes nós vamos para dentro de campo e também temos problemas pessoais, que muita gente não sabe. Então, eles pensam que somos super-heróis, mas nós também temos nossos problemas diários. 

R: Como você acha que essa iniciativa da FIFA vai ajudar os atletas? 

W: Eu acho que isso vai ser importante, vai ajudar muito os jogadores, [especialmente] aqueles que não gostam de ver este tipo de situação. Tem jogador que vê e não liga, tem jogador que vê e já fica um pouco abalado. Então, creio que isso vá ajudar muito na Copa do Mundo e os jogadores também, mesmo os que não vão para a Copa do Mundo. Acho que vai ajudar bastante. 

(Aila Beatriz Inete, estagiária, sob supervisão de Pedro Cruz, coordenador do Núcleo de Esportes)

 

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