Dia Internacional das Pessoas com Deficiência traz reflexão sobre a inclusão no desporto paralímpico

Celebrada neste dia 3 de dezembro, a data sugere o debate para a melhoria de políticas públicas voltadas ao portador de mobilidade; no Pará, inúmeros são os casos de pessoas que encontram a cidadania através do esporte

Luíz Guilherme Ramos e Messias Azevedo
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Neste domingo (03), é comemorado o Dia Internacional das Pessoas com Deficiência, data que busca refletir e conscientizar para a inclusão das pessoas com deficiência em todos os espaços sociais, esportivos, políticos e culturais, em uma nação repleta de talentos.

Recentemente, por exemplo, o Brasil encerrou a sua participação nos Jogos Parapan-Americanos de Santiago 2023 com a melhor campanha da história, conquistando um total de 343 medalhas, incluindo 156 ouros, 98 pratas e 89 bronzes. Os 11 atletas representantes do Pará colaboraram para a memorável trajetória brasileira na principal competição esportiva para deficientes do continente, com medalhistas em cinco das 17 modalidades.

Segundo a professora Marília Magno, coordenadora do programa de extensão UFPA Paralímpica, realizado pela Universidade Federal do Pará (UFPA), o retrospecto no Parapan 2023 evidencia de forma clara o impacto atuante do esporte como uma ferramenta de inclusão de pessoas portadoras de deficiência.

“A prática de atividade física e esporte proporciona uma melhora na qualidade de vida, melhora da saúde física e mental, além de ser uma atividade social e de integração. Quando os esportistas atingem o nível competitivo ainda têm a oportunidade de participar de eventos esportivos, interagir com pessoas com deficiência de outras regiões do país e dessa forma, conhecer outras cidades”, afirma a professora.

O projeto UFPA Paralímpica é um programa de extensão universitária que tem como objetivo apoiar o desenvolvimento do esporte para pessoas com deficiência no Pará, incluindo oferta de modalidades esportivas para pessoas com deficiência, a realização de cursos de formação, o atendimento fisioterapêutico para atletas com deficiência e o desenvolvimento de tecnologia assistiva para a prática esportiva.

O programa oferece a realização de modalidades como esgrima em cadeira de rodas, tiro com arco, bocha, parabadminton e atletismo. A coordenadora do projeto enfatiza a importância do incentivo à realização das atividades esportivas e de lazer para superação de desafios que portadores de deficiência físicas e intelectuais no Pará enfrentam no cotidiano.

“Para iniciar a prática de atividade física ou esporte, em primeiro lugar é necessário ter vontade, em seguida entrar em contato com clubes, associações e projetos que ofertam atividades para pessoas com deficiência. As principais dificuldades estão relacionadas a acessibilidade de vias e calçadas e também a qualidade do transporte público na nossa região”, destaca Marília.

Exemplos

O crescimento no número de atletas paralímpicos vem se acentuando nos últimos anos. Quem garante é o técnico Wilson Caju, do time de basquete em cadeiras de rodas All Star, que tem 24 anos de existência e cerca de 350 atletas formados. "O esporte para pessoas com deficiência tem crescido muito. Uma das maiores provas é a participação no Parapan-Americano", garante. O treinador inclusive diz que a prática é mais acessível do que se imagina.

"Não precisa de tanta coisa. Precisa da vontade, ir ao local onde treinamos. Não paga nada. Uma coisa que tentamos fazer é que, toda pessoa com deficiência nos procure, pois é uma maneira dela descobrir que pode ser útil na sociedade, ter desenvoltura para andar na cidade, já que aqui não existe acessibilidade", lembra. Segundo o treinador, a partir dos nove anos a pessoa já pode procurar o All Star, caso tenha interesse em conhecer o esporte, atendendo algumas especificidades, como, por exemplo, o comprometimento do membro inferior e não apenas do superior. No entanto, não precisa, necessariamente, um usuário de cadeira de rodas.

"Uma pessoa que tem um comprometimento no joelho, que não pode mais correr, caminhar. Ele pode jogar basquete em cadeira de rodas. Existe uma classificação funcional, onde todo atleta passa para saber se é apto a jogar o esporte paralímpico". E os exemplos de sucesso não faltam.

"O Pará tem muitos atletas. Agora no Parapam eu cito quatro meninas que foram medalhas de bronze, meninas que acabaram de chegar. A Vileide Brito, a Vivi, a Lucicléia Costa, que chamamos de Cléia, e a Perla Assunção e a Cleonete de Nazaré, a Nete. Tivemos também um atleta da seleção brasileira que foi para Dubai, o Rildo Saldanha. Recentemente um atleta de Altamira foi Campeão Mundial de halterofilismo. Poderia listar dezenas". Com tantas conquistas, o All Star Rodas continua de portas abertas. "Até pessoas com paralisia cerebral jogam basquete em cadeira de rodas. Só precisamos fazer uma avaliação para saber o nível da coordenação e da deficiência para jogar", encerra.

ESPORTE

Apoio

Para quem avança no esporte paralímpico, muitas vezes é necessário contar com apoio, seja da esfera pública ou privada. Essa realidade ainda é parte dos atletas desde o começo, mas já existem políticas de incentivo, algumas delas disponibilizadas pelo Governo do Estado, tais como:

Programa Parádesporto

Em janeiro a Seel vai iniciar o Programa ParaDesporto, que busca impulsionar o desenvolvimento do esporte adaptado no Pará, para atender e beneficiar paratletas a partir de aulas gratuitas de atividades esportivas na Tuna Luso, para 9 modalidades paralímpicas, sendo elas: Futebol PC, Futebol de Amputado, Voleibol Sentado, Tênis de Mesa, Badminton, Taekwondo, Natação, Bocha e Petra. As inscrições serão divulgadas em breve.

Bolsa Talento

Em 2023, foram contemplados 8 atletas PCD, com apoio financeiro para competições

Modalidades: Basquete PCD: 5 atletas contemplados e 1 técnico / Atletismo PCD: 2 atletas contemplados

Apoio financeiro para competições:

Em agosto, atletas da companhia “Do Nosso Jeito” patrocinados pela Seel, participaram do Campeonato Mundial “Dance Sport International Competition” e trouxeram para o estado do Pará a conquista inédita do ouro, além das medalhas de prata e bronze durante a competição realizada em Tóquio. No Campeonato Brasileiro de Dança Inclusiva, realizado em novembro, A SEEL apoiou 16 atletas. Foram 6 atletas usuários de cadeiras de rodas (4 homens e 2 mulheres), 3 atletas andantes (partners mulheres), 6 crianças e 2 técnicos. A equipe paraense representada pela Companhia do Nosso Jeito, conquistou mais de 30 medalhas entre ouro, prata e bronze. Na categoria Dança Inclusiva, dos 6 atletas melhores do Brasil, 4 são do Pará.

Além disso, as atletas Cleonete Reis, Vileide Brito, Perla Assunção e Lucicleia Costa participaram do Pan-Americano e foram atendidas pelo Programa Bolsa Talento. Recentemente, após a vitória em Tóquio, os atletas garantiram vaga no Campeonato Mundial de Paradança, realizado em Gênova, nos dias 24, 25 e 26 de novembro. Foram 6 atletas paraenses com o apoio do Governo do Pará, por meio da Seel. O paratleta David Pontes, representou o Brasil e conquistou o ouro, no Campeonato Mundial de Paradança, que foi realizado em Gênova, na Itália, onde competem outros 24 países. Além disso, o paratleta também ganhou prata na categoria Dup Freestyle com a atleta Débora Cardoso.

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