Da tradição à competição: A evolução do tiro esportivo no Pará

A modalidade que deu a primeira medalha de ouro olímpica ao Brasil vem ganhando adeptos, que lutam pelo reconhecimento do esporte

Luiz Guilherme Ramos
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Os "Esportes ou Desportos de Tiro" são atividades esportivas onde as pessoas competem ou se divertem testando sua habilidade em acertar alvos. Isso pode ser feito de perto ou de longe, usando diferentes tipos de artefatos. Aqui no Pará, um número significativo de praticantes se debruça sobre a modalidade, que tem presença garantida nos Jogos Olímpicos de Paris, no próximo ano. 

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Hoje existem várias categorias de tiro esportivo, que são classificadas pelo tipo de equipamento usado, a distância dos alvos, o tipo de alvos, o tempo para acertá-los e o nível de habilidade necessário. 

Muitos desses que hoje competem, começaram a partir de um prazer inusitado, como foi o caso do empresário Fábio Costa, que teve o primeiro contato com o tiro em um evento onde aparentemente não havia nenhuma situação propícia ao esporte.

"Acho que a paixão mesmo veio quando fui em uma festa americana de imigrantes que moram em Ananindeua. Eles tinham aquele aparato bem no estilo dos filmes, algo bem desafiador. Eu dei uns cinco tiros, fui bem e gostei de imediato. Desde então aquilo ficou na minha cabeça", relembra Fábio Costa.

image Entre as práticas do tiro está a simulação de cenas reais. (Fábio Costa)

Em 2010, depois de alguns anos praticando tiro, Fábio conquistou sua primeira medalha, na modalidade carabina de pressão em uma competição regional. Após isso, ele enveredou pelo tiro esportivo, foi campeão paraense em 2020 na International Defensive Shooting Confederation (IDSC) — tiro defensivo —, modalidade internacional voltada para o tiro defensivo, com o uso de pistola e simulação de situações reais. 

Burocracia

Apesar disso, hoje, para enveredar no esporte, é preciso muito mais do que investimento, tempo e disposição. Pela legislação atual, está proibido emitir novos registros para a prática do tiro esportivo, permanecendo livre apenas os praticantes que já possuem autorização. Neste quesito, o praticante alega que os órgãos responsáveis ainda estão em processo de reformulação para novos membros.

"O problema no Brasil é que o esporte sofre preconceito. Além da falta de patrocínio, a modalidade acaba marginalizada, sem contar a legislação que atrapalha muito. Além disso, esperamos que a Polícia Federal e o Exército se organizem para emitir novos registros de praticantes. Esse ano nada foi emitido", adverte. Para Fábio, atirar é muito mais do que empunhar uma arma e mirar no alvo. "Além de exigir habilidade no manuseio do equipamento, é muito importante controlar a adrenalina, te obriga a tomar decisões corretas", defende.

O tiro esportivo está no quadro de modalidades das Olimpíadas de Paris, que será disputada em 2024. No evento estão as seguintes modalidades de tiro: Pistola de ar 10m, Tiro rápido 25m, Carabina de ar 10m, Carabina três posições 50m, Skeet e Fossa olímpica. O Pará, aliás, tem grande participação na história do esporte. A primeira medalha de ouro conquistada pelo Brasil, em toda a história das participações olímpicas, foi conquistada pelo atirador Guilherme Paraense, nos Jogos Olímpicos de Verão de 1920, na Antuérpia.

image Fábio com uma das armas que utiliza para a prática do tiro. (Fábio Costa)

Se nos anos 1920 o Pará foi ouro no tiro, hoje, a nova geração caminha a passos largos para a retomada. Muito em breve, quem sabe, novos atiradores possam trazer medalhas e elevar ainda mais o esporte paraense. "Hoje, o Pará é bem representado no tiro esportivo nacional. Temos uma quantidade muito boa de atiradores, seja na capital ou interior. Temos ótimos nomes de relevância. A nossa maior dificuldade é quanto aos patrocínios, pois existe uma burocracia muito severa, vista até com maus olhos", comenta. 

Em toda Região Metropolitana de Belém é possível encontrar clubes voltados ao esporte. Há clubes em Belém, Marituba, Benevides, Castanhal. Embora não seja muito disseminado, aos poucos os atletas da modalidade vão galgando espaços para, um dia, quem sabe, popularizar uma arte que vai muito além da imagem violenta. 

"O pessoal acha que a gente é outra coisa, por praticar esporte com armas. Mas isso não tem nada a ver. As pessoas que praticam são de bem com a vida, pessoas com família, amigos. Eu sou casado, tenho minha família e levo o esporte como algo muito saudável. Inclusive tenho muitos amigos que fiz graças ao esporte. Muitos eu levei e gostaram. Infelizmente, esse primeiro contato, se não for através de curso, não é possível", finaliza Fábio Costa.

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