Atleta Carol Solberg leva advertência por manifestação contra Bolsonaro

Atleta do vôlei de praia foi julgada pelo STJD do vôlei, que decidiu converter multa em advertência. Órgão diz que a jogadora não deve se manifestar politicamente em quadra  

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A jogadora de vôlei de praia Carol Solberg foi advertida pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) do vôlei por falar "Fora, Bolsonaro" durante uma transmissão da etapa do Circuito Brasileiro, em setembro. A decisão, tomada por 3 votos a 2, foi considerada um "puxão de orelha" para que ela não venha a repetir o ato.

- Se ela repetir, pode ser punida de uma forma pior - disse Otacílio Soares Soares de Araújo, presidente do tribunal, responsável pelo desempate.

- Na minha opinião, para expressar o que ela expressou naquele momento, ela está errada. Não deveria ter falado aquilo. Se ela desse entrevista no outro dia, muito bem, opinião dela, fora das quatro linhas. Tem certas horas que você não pode falar coisas dentro da quadra de jogo - afirmou Otacílio em seu voto.

- Você não está ali para se manifestar de forma politicamente ou religiosamente. No passado, todo mundo lembra que quando um atleta fazia o gol ele mostrava 'alô mamãe', 'alô papai'. Isso foi banido. Não é o momento adequado. A atleta pode falar a vontade nas redes sociais dela, que ninguém vai falar nela. Mas se ela for nas redes sociais dela e falar mal do tribunal, ela pode ser denunciada - completou o presidente da comissão.

De acordo com a denúncia, a pena poderia chegar a seis jogos de suspensão mais pagamento de multa no valor de R$ 100 mil (equivaleria a dois anos de prêmios da atleta).

Mas ela acabou absolvida da acusação no artigo 258, sobre "assumir qualquer conduta contrária à disciplina ou à ética desportiva não tipificada pelas demais regras do código". A 1ª Comissão Disciplinar do STJD do vôlei decidiu converter a multa de R$ 1 mil e R$ 500 em advertência com base no artigo 191, que fala em "deixar de cumprir, ou dificultar o cumprimento de regulamento, geral ou especial, de competição".

Com isso, ela poderá disputar, ao lado da parceira Talita, a segunda etapa do Circuito Brasileiro, que começa nesta quinta-feira, no CT da entidade, em Saquarema, mesmo local onde ocorreu a manifestação, no dia 20 de setembro.

Ao ser questionada pelos auditores, Carol Solberg disse não se arrepender pela frase:

- De jeito nenhum. Não me sinto arrependida. Expressei minha opinião. Só manifestei minha opinião contra um governo - disse Carol, que voltou a dizer que a manifestação foi "grito de tristeza e indignação por tudo o que está acontecendo: as queimadas no Brasil, Amazônia, as mortes por Covid".

A jogadora chegou a ser questionada sobre seguir recebendo verba do Bolsa Atleta, já que nas últimas semanas a informação falsa foi compartilhada em redes sociais. Ela disse ter recebido até outubro do ano passado. Carol chegou a perguntar ao presidente Otacílio Araújo qual o valor constava na documentação que ele tinha em mãos. Ao ouvir R$ 11 mil, a jogadora se ofereceu a abrir o sigilo bancário para provar que o valor também era mentiroso.

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