Campeã de torneio internacional de beach tennis, paraense fala sobre a carreira profissional na modalidade
Juliana Bernardes conquistou, ao lado de Brenda Rique, o IFT BT10, em Fortaleza, nesta semana
O beach tennis se tornou um fenômeno mundial. Com isso, muitas pessoas se apaixonaram pela modalidade e se tornaram profissionais. A paraense Juliana Bernardes é um exemplo disso. Ela começou a praticar o esporte no início da pandemia e em 2022 fez a primeira partida profissional da sua carreira.
A Federação Internacional de Tênis (IFT, sigla em inglês), organiza diversos torneios que valem pontuação para ranking. Mesmo com apenas oito meses de carreira, Juliana Bernardes já conquistou títulos pela IFT e aparece na posição 188 do ranking mundial. Nesta semana, ao lado da atual parceira Brenda Rique, conquistou o ITF BT10, em Fortaleza.
Por isso, a equipe do Núcleo de Esportes de OLiberal.com conversou com a atleta para conhecer um pouco mais da história dela. Confira:
OLiberal: Podes contar como começaste no beach tennis?
Juliana Bernardes: Na verdade, em toda a minha vida o esporte me acompanhou, eu vim da natação para o vôlei, fui para o tênis e daí para o beach tennis. Eu estava terminando a faculdade, foi no início da pandemia, menos de um mês para o primeiro lockdown, e o esporte estava se desenvolvendo na cidade. Como é um esporte ao ar livre, não teve tantas restrições e eu acabei me entregando na quadra, principalmente pela questão de saúde e bem-estar.
OL: Como começaste a competir?
JB: Comecei indo [treinar] duas vezes na semana, depois foi aumentando, comecei a participar de todos os campeonatos nos finais de semanas, tive bons resultados. Com isso, em 2022, eu pedi para os pais, de presente de aniversário, poder participar do meu primeiro mundial, foi quando eu fui para Campinas, participei de quatro etapas, na última tive um resultado positivo, venci um jogo. Entrei no ranking 600 do mundo e a partir dessa aventura eu me encontrei, vi que eu queria sentir mais daquilo, viver mais e foi quando eu comecei a me programar para competir no restante do ano.
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OL: O beach tennis tem crescido muito nos últimos anos. Por que tu achas que isso tem acontecido?
JB: Acho que o Beach tennis cresceu mesmo durante a pandemia. As pessoas começaram a dar importância para a saúde, para o exercício físico, a importância de estar convivendo com outras pessoas, porque é um esporte coletivo, além de você está jogando com uma parceira você está competindo com outra dupla. Então, eu acho que foi isso que fez o beach crescer, essa questão da saúde e também por estar sempre rodeado de pessoas. É um esporte que não exige muita performance e habilidade, então pode jogar criança, idoso, tem muita aceitação. Acho que é isso que faz o beach ir cada vez mais longe.
OL: Fala um pouco da tua trajetória no esporte. Que competições já participaste?
JB: Na primeira oportunidade de competir no ranking eu fui vice-campeã do torneio de consolação mundial (Consolation Cup ITF BT200 Campinas), depois consegui o meu primeiro título, no ITF BT10 Teresina. Fui vice no ITF BT50 Teresina, que tem uma pontuação maior, além do título paraense. Eu venho colhendo bons resultados em competições do ranking e foi o que me fez abrir mão de muita coisa para estar vivendo do esporte. Hoje em dia eu estou seguindo carreira profissional, estou dando aulas, tenho projetos, que é o que vem me dando forças para me manter.
OL: Como tu enxergas o cenário do esporte aqui no estado e no Brasil?
JB: Eu lembro que no início, muita gente falava que era esporte de modinha, que ia passar, e com a quantidade de arena e estrutura que o brasil e mundo afora estão montando e com o crescimento de adeptos - falo isso porque eu dou aula e é difícil não ter procura - acho difícil que seja só uma “febre”, talvez tenha um momento de baixa, mas eu acredito que veio para ficar.
OL: Tu falaste que estás numa competição em Fortaleza. Podes falar um pouco sobre ela?
JB: Eu estou em Fortaleza, fico aqui até domingo, já conquistei o meu primeiro título, que foi o ITF BT10, e agora estou na briga pelo ITF BT100, portanto, valendo 100 pontos, R $50 mil distribuídos na chave. Temos atletas top 20 mundo. Estou muito feliz por estar aqui, construindo a minha carreira, espero que Belém seja mais uma cidade que venha trazer um ITF para nós.
OL: Queria saber também como é ser atleta aqui no Pará?
JB: Logo quando eu decidi largar um pouco da minha graduação, sou formada em engenharia civil, eu passei a precisar de apoio financeiro para me manter no esporte. Então, eu comecei a dar aulas de beach tennis e buscar patrocinadores. No início foi bem difícil [fazer] empresas sólidas acreditarem no meu projeto, mas através de contatos, familiares, alunas, mostrando o que eu vinha construindo, eu podendo ter a oportunidade de mostrar o que eu quero e busco, hoje eu conto com sete empresas me patrocinando. Então, eu só tenho a agradecer quem está comigo e está investindo no esporte.
(Aila Beatriz Inete, estagiária, sob supervisão de Pedro Cruz, coordenador do Núcleo de Esportes)