Atleta brasileiro sofre ataques homofóbicos em jogo do Circuito Brasileiro de Vôlei de Praia; vídeo
Anderson Melo foi atacado por um grupo de torcedores durante a partida da última quinta-feira (14), em Recife
Um episódio de homofobia manchou o Circuito Brasileiro de Vôlei de Praia, na última quinta-feira (14), em Recife. O jogador Anderson Melo foi vítima de ataques homofóbicos por parte de um grupo de torcedores que acompanhava o jogo na capital de Pernambuco.
Na partida, Anderson jogou ao lado do companheiro de equipe Lyan, contra a dupla Fabiano e Luizão, que venceram o jogo por 2 sets a 0. O caso foi flagrado pela própria transmissão do evento. Telespectadores que acompanhavam o torneio ficaram revoltados com a situação e enviaram o conteúdo para os atletas.
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Com as imagens, é possível ouvir que o grupo de torcedores profere gritos homofóbicos contra Anderson. Em um momento, eles chegam a dizer: "Saca na bicha!" "É mulher ou não é? É!" "Usa calcinha ou não usa?" "Usa! Tu não é bicha?".
Por meio das redes sociais, o jogador lamentou os ataques homofóbicos. No texto, Anderson lembrou que um dos maiores medos da mãe era ver ele sofrer por conta da orientação sexual do filho.
“Eu não estava acreditando no que estava acontecendo e eu só lembrava da minha mãe, o quanto ela tinha medo de me ver sofrer por ser homossexual. E infelizmente ela não estava aqui para me proteger e nem ninguém. Me senti completamente acuado e sem entender porque as pessoas estavam fazendo aquilo. Um ambiente feito para as pessoas apreciarem os atletas, torcer para seus favoritos é claro, mas não necessariamente tentar diminuir, xingar, debochar ou tentar ridicularizar alguém", relatou o jogador.
"Perdi o chão. Perdi a bola. Perdi o jogo. Mas não a minha força em estar aqui dividindo com vocês um crime explícito. Eu perdi minha mãe em agosto do ano passado. Estou no processo de luto. Eu não tive reação, principalmente no primeiro set. Eu não conseguia jogar porque estava chorando. Só que estava de óculos escuros e ninguém via. Eu só escutava a minha mãe falando no meu ouvido. Esse era o maior medo dela, quando eu me assumi. Então, para mim, é bem difícil mesmo”, completou.
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Denúncia
Após o episódio, a Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) publicou uma nota sobre o caso. A instituição lamentou e repudiou os ataques. Além disso, a entidade garantiu que fará um Boletim de Ocorrência e que encaminhará a denúncia para o Ministério Público do estado.
"A CBV apurou os fatos, reviu as imagens da partida, conversou com a arbitragem e reuniu todas as informações necessárias para, neste sábado, protocolar um boletim de ocorrência em uma delegacia de Recife. O caso também será encaminhado ao Ministério Público local e a CBV acompanhará todos os desdobramentos", afirmou o comunicado, que também reforçou que o esporte deve ser um espaço para todos, com respeito e igualdade.
"A CBV lamenta que Anderson Melo tenha sofrido essa violência e está prestando todo o auxílio ao atleta. A CBV reforça que não admite qualquer tipo de preconceito, entende que o esporte é uma ferramenta para propagação de valores como respeito, tolerância e igualdade; e agirá sempre para coibir qualquer manifestação discriminatória em seus eventos", concluiu.
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