A prática da capoeira como esporte, cultura e símbolo de liberdade
Com a mistura da luta, dança e musicalidade se tornou um dos maiores símbolos culturais do país
A capoeira reúne movimentos ágeis e complexos que são embalados pela música. Um esporte criado por descendentes de escravos africanos, possivelmente no final do século XVI no Quilombo dos Palmares. E neste dia da Consciência Negra, a capoeira, segundo o professor Márcio Belém, é um símbolo de liberdade.
“Quando se fala em Consciência Negra tem todo um contexto: a questão da captura do escravo, da violência que ele sofreu, arrancado da sua terra na África, vindo para o Brasil. E a Capoeira vem com aquela força, com aquela ajuda de liberação, ela vem para libertar aquele escravo que estava preso. Então, ela tem sim um simbolismo muito importante”, afirma o professor do grupo Capoeira Brasil.
Mestre Bimba
A capoeira que se conhece hoje em dia muito se deve aos esforços de Mestre Bimba, que lutou para a descriminalização da modalidade, dedicou a vida a aperfeiçoar e transmitir os seus conhecimentos sobre o esporte. Além disso, foi quem levantou a primeira escola de capoeira do Brasil.
“Mestre Bimba dava a capoeira como educação física na época. Ele criou uma metodologia de ensino através de oito sequências, que ensinava o jogo, a patrícia. E daí em diante foi se expandindo”, contou Márcio.
Também foi Mestre Bimba, que criou a capoeira regional. Diferentemente da Angola, que é praticada de forma lenta, com movimentos furtivos e rasteiro, a modalidade criada na Bahia é mais rápida, com um jogo mais alto, golpes, que são capazes de nocautear, saltos e muito ritmo. Hoje a capoeiragem é considerada um dos maiores símbolos da cultura brasileira.
Competições
Segundo o professor, antigamente, as competições eram como “os vale-tudo”, de luta corpo a corpo. Mas hoje, elas estão mais técnicas, com análises de saltos, jogo, ginga. Com disputas regionais, nacionais e até mesmo internacionais.
Atualmente, há um movimento para transformar a capoeira em um esporte Olímpico. Com a Federação Mundial de Capoeira (WFC), mais de 70 países já estão federados e, de acordo com Márcio, em breve, a modalidade pode estar nas Olimpíadas.
“Ao mesmo tempo em que é bom para a visibilidade, para muitos capoeiristas é ruim, porque quando ela passa para esse lado de competitividade, começam a monopolizar, como os outros esportes de alto rendimento: só fica quem é bom, quem produz. E a Capoeira não é isso, ela é liberdade. Hoje, é o esporte mais completo do mundo, é o maior transmissor da língua portuguesa, porque as músicas são cantadas em português e os golpes são falados na nossa língua”, finaliza Márcio Belém.
(Aila Beatriz Inete, estagiária, sob supervisão de Pedro Cruz, coordenador do Núcleo de Esportes)
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