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Ícone do vôlei brasileiro, Márcia Fu comenta desempenho e renovação do esporte pós-Olimpíadas

A ex-jogadora, considerada várias vezes uma das melhores do mundo, traça um paralelo entre a sua geração e a atual, que igualou o bronze de Atlanta, em 1996

Andreia Santana e Luiz Guilherme Ramos

Nos anos 90, depois do futebol, quem dava as cartas no esporte nacional era o vôlei. Jogos transmitidos em rede nacional, ginásios lotados e músicas eternizadas. Quem não lembra do "Ai ai ai ai em cima, embaixo, puxa e vai"? É dessa época que emergem Márcia Fu, Virna, Fernanda Venturini e companhia, uma geração que inspira a atual, seja na garra em quadra, seja na medalha, repetindo o histórico bronze nos Jogos de Atlanta, em 1996.

Dentre os nomes citados, um dos mais lembrados é o da mineira Márcia Regina Cunha, mais conhecida como Márcia Fu, ex-atacante de 1,87m. Este ano, por ocasião dos Jogos de Paris, Márcia Fu emprestou o seu olhar clínico às análises das partidas de vôlei, onde ele dá um recado direto. "Precisamos de uma renovação, pois o vôlei masculino sempre foi uma referência mundial", crava.

Hoje, mesmo em alta nas redes sociais, com a agenda lotada e diversos compromissos, Márcia Fu abriu uma brecha na concorrida agenda e conversou com O Liberal para contar um pouco do que viu e do que o Brasil precisa para consolidar sua posição entre as maiores escolas do vôlei mundial.

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E como não poderia deixar de ser, a ex-atacante rasgou elogios para as meninas, que brilharam em quadra e puseram mais uma medalha no respeitável currículo do voleibol feminino brasileiro. Com o bronze de Paris, a seleção chega a seis medalhas olímpicas, sendo duas de ouro (2008, em Pequim e Londres, em 2012), uma de prata (Tóquio 2020), e três de bronze, conquistadas em Atlanta 1996, Sydney 2000 e Paris 2024.

"Eu acho que as meninas estão de parabéns. Elas não conseguiram vencer só o jogo com os Estados Unidos, pois elas conseguiram se impor taticamente. Mas vejo que elas fizeram uma ótima temporada, uma olimpíada muito boa. Infelizmente perderam quando não podiam perder. São meninas novas com muito pela frente, O Zé Roberto fez um excelente trabalho", elogia.

Márcia conta que entende a frustração pela perda do ouro e lembra da semelhança com os Jogos de Atlanta. "Tivemos uma situação parecida. Perdemos o jogo para ir à final e fomos disputar o bronze. Isso é um balde de água fria, pois você perde e logo em seguida precisa vencer para medalhar", recorda.

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"Fui 10 vezes no mínimo, eleita uma das melhores jogadoras do mundo. Já fui o melhor atacante do mundo. Isso foi muito importante naquela época onde não tinha redes sociais e nem muito recurso", enumera. Hoje ela é uma personalidade esportiva que lembra com carinho dos seus anos de "grandes batalhas", principalmente com a maior escola do vôlei mundial.

"A gente enfrentava muito as cubanas. Era um problema sério, porque elas não davam sossego. Em Atlanta nós perdemos para Cuba e não fomos para a final. Nós ganhamos o bronze. Elas sempre foram um calo no nosso sapato. Era uma confusão. Uma vez a gente ganhava, em outra elas ganhavam. Sempre foi um clássico pesado, com rivalidade, briga. Fui até parar na polícia, mas eu acho que consegui defender bem o Brasil", recorda. Hoje, com a maturidade, a visão é outra.

“Independente de ter batido ou não, hoje em dia temos muito respeito, pois aquilo ficou pra trás. Naquela época era ir pra briga mesmo. As pessoas olhavam o vôlei como esporte da época. Foi muito legal e divertido. Mas a melhor lembrança que tenho é da medalha. Um atleta, ele treina, se esforça para ser um jogador olímpico. Fiquei muito emocionada de falar sobre isso. De fora a gente vê as pessoas desfilando, isso tudo é muito valioso. Está aqui dentro guardado. Só eu sei o quanto valeu a pena", encerra.

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