Xerife! Aos 39 anos, Felipe quer colocar o Santa Rosa na elite: 'O trabalho vai dar certo'

O experiente goleiro chega a Belém para jogar a Segundinha pelo Santa Rosa; antes, conversou com o Núcleo de Esportes de O Liberal

Luiz Guilherme Ramos
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Embora esteja disputando a segunda divisão do Campeonato Paraense, o Santa Rosa tem mostrado um planejamento audacioso, no intuito de conseguir o acesso à elite do futebol paraense. Depois de contratar ex-jogadores de Remo Paysandu, além de alguns dos destaques do Parazão, o Santinha foi além e acertou com ninguém menos que o goleiro Felipe, ex-Flamengo, Corinthians e um dos últimos goleiros "à moda antiga".

Felipe é um veterano. Dos 39 anos de idade, mais de 20 foram dedicados às quatro linhas. Despontou cedo na elite do esporte, integrando a Seleção Brasileira do sub-15 ao sub-20. Foi revelado na base do Vitória, um celeiro de craques. Mas ao chegar no topo, também teve que enfrentar cobranças semelhantes. E graças ao temperamento, criou alguns atritos públicos que lhe custaram muito, entre eles com o próprio presidente do Corinthians, Andrés Sanchez, transmitido pela TV.

Apesar disso, sua carreira foi marcada pelo futebol. Ainda no Brasil jogou ao lado dos dois maiores atletas das últimas décadas. Ronaldo, no Corinthians, e Ronaldinho Gaúcho, no Flamengo. Esteve em campo no lembrado Santos e Flamengo de 2011, palco da batalha épica entre Ronaldinho e Neymar. Foi para a Europa, ajudou o Braga-POR a chegar pela primeira vez à Liga dos Campeões, venceu alguns dos maiores times da Europa.

Nos últimos anos esteve em clubes menores, e, prestes a completar 40 anos, aterrissou em terras paraenses, com estreia marcada para o dia 19, diante do Capitão Poço. Confira:

Se considera um vitorioso no futebol?

Fazendo um resumo, foram muitas mais alegrias do que tristeza. Joguei uma Champions League, joguei contra com ídolos, como Ronaldinho Gaúcho, Ronaldo, Roberto Carlos, Adriano. Jogar nos dois maiores clubes do país e ganhar títulos nos dois é algo não muito fácil. Tive grandes momentos na minha carreira, entre clubes grandes e de menor expressão.

Erros na carreira?

Cometi muitos erros. Um deles foi a briga com o Andrés Sanchez, presidente do Corinthians. Eu era jovem, vi uma tv ao vivo e acabei falando muito, briguei com o presidente em rede nacional. Aquilo foi mais pela idade, além de que não estava muito bem assessorado.

Início

Eu vim do Vitória, que sempre teve uma escola boa de jogadores, incluindo goleiros. O Dida veio de lá. Eu fui do sub-15 ao sub-20, campeão Sul-americano. Depois fui para o São Caetano, Bragantino e Corinthians, com 23 anos. Foi uma transição muito grande, em um clube que atravessava problemas financeiros, dirigentes sendo presos. Eu não sabia lidar um pouco com as coisas.

Maturidade

Antes a gente perdia um jogo e via o repórter no gramado, aí já falava muito e no outro dia estava na capa do jornal. Com o tempo você vai mudando e entende que certos assuntos precisam ser resolvidos entre os participantes.

Derrota para o Flamengo em 2009

Quando você quer ser campeão, quer ganhar, não pode depender dos outros. Eu achei que ele (Léo Moura) ia bater no meio. Era a opção que eu tinha e a gente perdeu por 2 a 0. Se eu tivesse ficado, a gente ia perder de qualquer jeito. Quem brigava na época era São Paulo, Corinthians, Flamengo. Depois eu fui pro Flamengo e no pênalti do Elano eu fiquei no meio e fiz a defesa, no jogo dos 5 x 4 entre Santos e Flamengo.

Qual título foi mais especial, Copa do Brasil 2009 (Cor) e 2013 (Fla)?

O Flamengo campeão da Copa do Brasil era muito limitado. O time não era digno, mas a gente tinha que ir. Ganhamos do Cruzeiro, que foi Campeão Brasileiro, do Atlético-PR, o vice, Botafogo, terceiro, e Goiás, o 4º colocado. O Corinthians foi um pouco melhor porque no ano anterior a gente perdeu a final pro Sport e eu fui um dos mais crucificados. Um ano depois jogamos a final de novo. A pressão era muito grande. No ano seguinte seria o centenário, tinha um planejamento de estar na Libertadores. Foi um título muito especial.

SAIBA MAIS

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Europa

Joguei no Braga, que nunca tinha disputado a Champions League. Quando cheguei a gente jogou a prévia, onde o clube sempre caia. Conseguimos botar na fase do grupo, ganhamos do Arsenal. Fizemos 19 pontos e acabamos não classificando. Nesse meio termo apareceu a proposta do Flamengo e eu voltei.

Após o auge

Ainda joguei em clubes menores. Agora tive uma passagem pelo Paraná Clube. Antes fiquei um ano e meio na Hungria, fui eleito melhor goleiro da temporada. Para mim foi muito importante. Ainda joguei dois anos no Botafogo-PB. É gostar, saber que tem condições ainda. Sou um cara que nunca teve lesão. A mais grave foi ano passado e mesmo assim joguei um ano inteiro sem saber dela.

Motivação

Eu gosto de levantar, tenho ânimo para treinar. Quando não tem mais animo, ai tem que parar, mas eu ainda tenho e não sei quando vou parar.

Futebol paraense

Eu estava negociando com outro clube. Nessa reta final, por um pequeno detalhe não deu certo. Era para o segundo jogo, levaram outro goleiro e eu já tinha contato com o Roma, outros diretores. O meu contrato só acabou agora, não tinha como fazer muita coisa. Não dá pra ficar assim, ainda mais quando você já tem 35, 36 anos. Rapido se ganha peso, perde ritmo de jogo. Eu vou jogar esse campeonato empenhado.

Realidade

Eu já joguei contra alguns times daqui. Já vim com o Flamengo, Corinthians, Botafogo. Sei que é um campeonato de menor expressão, mas a gente tem que se adaptar, se preparar da melhor forma. O campo é ruim pros dois. Então é isso. É um campeonato curto e não tem muito o que ficar lamentando.

Idade

Sempre onde eu chego eu do tido com o mais experiente e eu tento passar isso para os mais novos. A gente vê ele fazendo alguma coisa e já pensa no resultado. A gente sempre dá um conselho e dentro de campo vamos nos ajudando para que o time flua bem nesse sentido.

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