Remo e Paysandu podem deixar de jogar o Parazão caso virem SAFs, avalia jornalista

Segundo Carlos Ferreira, equipes buscariam torneios de mais vitrine, inclusive fora do país, para se preparem para o Brasileirão.

Caio Maia
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Os clubes com as duas maiores torcidas do Pará, Remo e Paysandu tratam a venda das suas Sociedades Anônimas do Futebol (SAFs) como prioridade para os próximos anos. O Leão, inclusive, teve uma proposta em mãos na última semana, mas que foi recusada pelos membros do Conselho Deliberativo (Condel). Já o Paysandu, estuda a possibilidade, mas não possui - pelo menos publicamente - nenhuma proposta formal. Vista por ambos os presidentes como a "alternativa para o futuro", as SAFs no Pará podem alterar drasticamente o calendário anual das agremiações.

De acordo com o jornalista Carlos Ferreira, que tem discutido a venda de SAFs no Pará em sua coluna no jornal O Liberal, a criação de clubes-empresas no estado poderia representar o fim da participação da dupla Re-Pa no Campeonato Paraense e na Copa Verde. Segundo ele, ambas as equipes buscariam vitrines mais atrativas, até fora do país, se necessário.

"Os clubes sairiam de um modelo associativo, quando o lucro gerado é reinvestido na agremiação. As SAFs, na sua essência, querem gerar dividendos com o esporte. Levando em consideração esse modelo, eu não imagino esses clubes jogando o estadual e a Copa Verde, pois são competições que não representam vitrine. Caso as SAFs cheguem ao Pará, eu acredito que seja questão de tempo que os clubes busquem competições até fora do Brasil para se prepararem pro Brasileirão. Seria uma transformação real e absoluta", explicou.

O jornalista avalia que o futebol vive um momento de "virada" no cenário institucional e é necessário que os clubes fiquem atentos a isso. Sobre como a questão está sendo tratada em ambas as equipes, Ferreira avalia que o Remo está mais próximo da mudança e acredita que o Paysandu perde espaço no mercado pelo "imediatismo".

"O Remo teve um grande salto em unir forças e pagou muito caro nas décadas passadas por resistir às transformações. Apesar disso, o Remo é um clube de convergência, de união de forças. Por outro lado, o Paysandu paga o preço pelos momentos de imediatismo. O Remo trabalha em cima de um planejamento e olha adiante. Já o Paysandu, quer resultados para ontem", disse.

No entanto, em ambos os casos, o jornalista acredita que a grande barreira que impede a implementação das SAFs no Pará são os estatutos adotados pelos clubes. Ferreira acredita que uma mudança no regulamento poderia facilitar o processo, no entanto alerta que o essa modificação deve ser feita com cautela.  

"Para que um clube vire SAF, a proposta deve passar pelo conselho deliberativo e por uma assembleia geral, com todos os sócios. Para que esse processo seja acelerado, deve haver mudança nos estatutos. Os clubes estão no direito de resistir sobre isso, mas o problema de resistir está em ver o tempo passar. Outros clubes podem aderir à novidade na frente e, quem não fizer isso, vai pagar o preço". 

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