Radicada no Pará, Formiga é a primeira mulher homenageada na Calçada da Fama do Mineirão
Nascida na Bahia, mas com família em Belém, a jogadora foi uma das precursoras do futebol feminino no Brasil e na luta por melhores condições para as jogadoras
Mulher preta, nordestina e uma das precursoras do futebol feminino no Brasil, Formiga se tornou a primeira mulher a ser homenageada na Calçada da Fama do Mineirão. Na última terça-feira (15), ela gravou os pés e as mãos na placa, que ficará marcada na história do esporte brasileiro, por representar toda a trajetória da modalidade no país.
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Formiga, ao lado de Marta e outras jogadoras, teve um papel fundamental na luta por respeito ao futebol feminino. Mesmo assim, ela revelou, em entrevista à Rádio Super, de Minas Gerais, que se surpreendeu quando recebeu o convite.
“Eu fiquei surpresa porque é muito difícil ver alguém querer homenagear uma jogadora de futebol, pelo preconceito que ainda enfrentamos no nosso país. Isto acontecendo engrandece ainda mais o nosso trabalho e a nossa luta do futebol feminino, por esse reconhecimento”, relatou a atleta.
Formiga é uma colecionadora de recordes. É a única jogadora a participar de sete Olimpíadas e sete Copas do Mundo. Ela é a atleta, entre homens e mulheres, que mais jogou com a camisa da seleção brasileira, com 234 jogos.
Natural de Salvador, na Bahia, Miraildes Maciel Mota morou parte de sua vida adulta em Belém, cidade que até hoje considera “a sua casa”, mesmo distante há alguns anos. Tem no currículo duas medalhas olímpicas de prata e foi uma vez vice-campeã mundial de futebol feminino com a Seleção Brasileira.
A jogadora ressaltou que espera que, com esses movimentos e ações, cada vez mais as mulheres sejam respeitadas no futebol. Ela ainda falou que acredita que o simbolismo desta homenagem não ficará apenas na modalidade.
“Eu espero que o respeito venha a acontecer o quanto antes e que tantas outras meninas que venham a fazer história no futebol feminino possam ter a oportunidade de guardar seus pés e suas mãos na história do futebol. Acredito que não vai atingir só o futebol feminino, mas as mulheres em geral, que estão ainda buscando espaços, reconhecimento e respeito”, ressalta.
Depois de ter jogado durante alguns anos em times europeus, como o Paris Saint-Germain, Formiga voltou para para o Brasil e está atuando com a camisa do São Paulo desde o ano passado. Neste retorno, ela avalia que, apesar de ainda não estar no ideal, o futebol feminino está crescendo no país.
Hoje, aos 44 anos e aposentada da Seleção Brasileira, a atleta já tem planos para quando pendurar as chuteiras: pretende fazer um curso de treinadora e gestora na Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Formiga não quer parar, deseja continuar atuando no esporte e fazendo a diferença, como sempre fez.
“Fico muito feliz de ser a primeira mulher e mulher negra [a receber essa homenagem]. A gente ainda luta contra esse preconceito. Espero que outros se inspirem nessa situação e deem oportunidade para outras meninas terem esse reconhecimento”, concluiu Formiga.
(*Aila Beatriz Inete, estagiária, sob supervisão de Pedro Cruz, coordenador do Núcleo de Esportes)
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