Presidente da FPF anuncia mudanças no calendário de 2025 e destaca: 'Pará tem que ser o embaixador'

Em entrevista exclusiva ao Núcleo de Esportes de O Liberal, mandatário do futebol no Pará falou sobre a necessidade de mais participação do Norte nas decisões do futebol do país.

Caio Maia e Luiz Guilherme Ramos

"A gente quer ter voz ativa". Foi assim, parafraseando Chico Buarque em "Roda Viva", que o presidente da Federação Paraense de Futebol (FPF), Ricardo Gluck Paul começou a conversar com a reportagem de O Liberal. Na última semana, o Núcleo de Esportes foi convidado à sede da entidade para saber mais detalhes sobre o "novo mundo" vivido pelo esporte no estado. No bate-papo, o mandatário do futebol no Pará indicou novidades no calendário da próxima temporada, assim como destacou a necessidade de mais participação do Norte nas decisões do futebol do país. Afinal, é assim que ele quer ver o estado: como um embaixador de grandes eventos na Amazônia. 

"Sabemos que o Pará está fora do eixo Sul-Sudeste, mas precisamos nos inserir nesse cenário. É necessário construir uma rede de relacionamentos, contribuir com essas inserções e, principalmente, ter disposição para estar presente. Quando você frequenta esses ambientes regularmente e leva pautas relevantes, começa a atrair atenção para a nossa região. Para a imagem do futebol paraense e o desenvolvimento dos clubes, é fundamental contar com essa representação ao nível nacional", disse. 

Ricardo acabou de voltar de São Paulo, onde participou de reuniões com líderes de federação de todo o país. A ideia é trazer novidades para o futebol paraense, que já serão aplicadas na próxima temporada. Segundo ele, os regulamentos das três divisões do Campeonato Paraense sofrerão alterações. 

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"A gente tinha uma Série A com 12 clubes e uma Série B com quantos fossem inscritos. Isso pode parecer um número grande, mas tem um problema nisso. Imagina quanto custa a logística da Série B do Parazão. Quem banca isso? A FPF não tem esse custo e o campeonato acaba ficando desinteressante. É muito longo e cada ano vai mudando. É um formato que fica difícil de conseguir patrocinador. Por conta disso, vamos padronizar, já na próxima temporada, três divisões com 12 clubes cada. Com essa organização a gente inverte um declínio financeiro para uma ascensão financeira", explicou.

Categorias de base

image Ricardo Gluck Paul fala sobre as melhorias no futebol do estado (Ivan Duarte/ O Liberal)

A base, inclusive, terá uma nova competição a partir da próxima temporada: os festivais. Os torneios serão competições curtas, disputadas em um final de semana, similares ao antigo "Torneio Início", mas que serão disputados por crianças entre 9 e 13 anos. 

"O grande problema que o Pará enfrentava era a ausência de competição e isso afetava a base, porque os atletas não tinham minutagem para desenvolver. Saltamos de 5 para 37 competições. Vamos divulgar, em breve, o novo calendário com os festivais de base, sub-9, sub-11 e sub-13, dando aos clubes a oportunidade de desenvolver a base e fazer transações ou abastecer o profissional", anunciou.

A ausência de torneios de base, antigamente, afetava nos ativos do clube. Remo e Paysandu, por serem clubes de massa, costumam arrecadar bastante com bilheteria, mas pouco na venda de jogadores. Segundo Gluck Paul, isso era um reflexo da formação incipiente de jovens talentos no estado. 

"Eu falo isso porque fui presidente de clube e vi jogadores da base com 15, 16 jogos na carreira. Ele deveria ter isso por semestre. Um atleta de base tem que fazer 50, 60 jogos por ano para fazer a transição. Hoje recebi um telefonema do Ferreirinha, presidente do Águia. Os talentos saiam com 14, 15 anos e iam para outros estados. Essa revolução da base é muito importante para solidificar a realidade da base e dos próprios clubes, que podem negociar e ter rendimentos com essas transações", disse. 

Gramados

Outro anúncio importante feito por Gluck Paul está relacionado a melhoria dos gramados no estado. Segundo ele, a FPF está inscrita em um programa de melhoramento de campos de jogo pelo Brasil. A ideia é que já em 2025 a Federação receba recursos para melhorar os espaços. 

"É um problema real que tem que ser enfrentado. A Federação está tentando. É responsabilidade da FPF? Se a gente elevar o nível das praças que recebem os jogos nesse primeiro momento, não teremos campeonato, porque apenas três, quatro campos estão aptos. Muitos pertencem ao município, outros são privados. Em 2025 conseguimos inscrever-nos na CBF num programa para receber recursos de melhoramento em alguns gramados, para que estes gramados sirvam mais de um clube", disse. 

Futebol feminino

image Remo foi campeão do Parazão Feminino em 2023 (Carmem Helena / O Liberal)

Outro ponto citado por Ricardo foi o futebol feminino. Nos últimos anos, o estado conquistou dois acessos no Campeonato Brasileiro na categoria - Remo em 2023 e Paysandu em 2024 - e terá, em 2025, dois times na Segunda Divisão nacional. Segundo o mandatário da FPF isso é reflexo do aumento de competições para o futebol de mulheres no Pará. 

"Seguramente, o Pará está entre os três estados que mais competem entre mulheres no Brasil. A gente vai fechar este ano com dez competições, entre sub-15, sub-17, sub-20, profissionais e festivais. Isso fez com que apresentássemos números positivos para a Fifa. Estamos na fase da quantificação, ainda vamos chegar na qualificação. Hoje temos um calendário feminino que preenche o ano todo. Procure no Brasil quem faz isso. Existem outras federações fortes, mas nosso trabalho é muito específico", explicou. 

Belém poderá ser cidade-sede da Copa do Mundo Feminina de 2027, que ocorre no Brasil. A decisão foi tomada após uma reunião, realizada na sede da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). O Mangueirão, principal estádio do estado, receberá as partidas da competição.

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