O Re-Pa e a necessidade de uma nova cultura de paz nos estádios

Episódios tristes muitas vezes tentam manchar uma tradição esportiva secular, mas ela resiste ao tempo e mostra que o único caminho para uma sociedade mais justa é respeitar as diferenças e pregar a paz

Luiz Guilherme Ramos

O Re-Pa deste domingo será o último das quatro partidas disputadas pelos rivais envolvendo a semifinal da Copa Verde e a final do Parazão. Será o desfecho de uma temporada com altos e baixos, que acabou manchada pela violência, mas vem ganhando uma resposta à altura com a turma da paz, que se movimenta para encerrar o ciclo de clássicos com uma mensagem de paz nos estádios.

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Após a tragédia fora das quatro linhas, medidas foram tomadas pelos órgãos de segurança pública para aumentar a segurança do público. Já entre os torcedores "comuns", a sensação é de receio, mas também de coragem para levar adiante a verdadeira imagem que deve nortear o esporte.

image O autônomo Ewerton Armando e o filho em jogo do Clube do Remo. (Arquivo Pessoal)

Um grande exemplo é a relação entre os amigos Ewerton Armando e André Marques. Embora torçam para times diferentes, eles defendem uma cultura que prega a união. "Eu encaro a rivalidade como algo normal. Vou para o estádio com meus filhos, amigos, e fico triste com a violência, porque acaba afastando as famílias dos jogos. Precisamos investir em uma transformação cultural do esporte, enquanto isso não for feito estaremos abolindo a ideia de sociabilidade", diz Ewerton, de 42 anos.

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Em episódios desta natureza, muitos torcedores acabam com medo de voltar aos estádios, fato que foi levado em consideração por André, mas que deu lugar à coragem e a necessidade de uma nova mentalidade fraterna.

"Isso causa uma certa situação de medo porque a gente não sabe o que, de repente, pode acontecer com a gente. Então eu acho que tem que ter muita fiscalização. A polícia tem que estar em cima direto para evitar a situação com torcidas organizadas, pois uma pessoa do bem não vai ao estádio para isso", complementa André.

image O vidraceiro André Marques ao lado da filha, torcendo pelo Papão. (Arquivo Pessoal)

E mesmo estando em lados opostos, os amigos partem da mesma premissa: torcer é apoiar e respeitar o resultado. "Eu acho que é uma questão de consciência. Tenho vários amigos que são remistas e a gente se trata super bem. Claro que existe a rivalidade naquele momento, mas depois todo mundo se abraça por sermos amigos", pontua André.

"Apesar de todo o ocorrido que aconteceu no domingo, na quarta-feira (10) eu levei meu filho e meu pai ao estádio, acreditando que a nossa cultura pode mudar e que a rivalidade não sai de dentro de campo. Nós torcedores podemos conviver com a rivalidade de forma saudável, sem violência", encerra Ewerton.

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