Música e esporte: o legado de Mestre Vieira refletido no futebol; vídeo
Jogador barcarenense, neto do rei da guitarrada, foi destaque na Segundinha do Parazão
Ritmo dentro e fora de campo. Uma família com uma longa história na música e no futebol, onde tudo começou com Mestre Vieira, o rei da guitarrada, e segue com filhos e netos. Um deles é o lateral-esquerdo Eric Vieira, que em 2021 se destacou na Segunda Divisão do Parazão com o Amazônia Independente. Junto a equipe recém-criada, ele conquistou o acesso à elite do futebol paraense.
Eric carrega, com muito orgulho, o sobrenome de peso daquele que foi um dos maiores artistas e difusores da cultura paraense. Seria lógico que o neto - assim como os filhos - seguisse os passos do avô, e foi assim até que Eric decidir ir para outro caminho, que também está no sangue da família: o do futebol.
Com a família de músicos, Eric aprendeu a tocar bateria e percussão, mas foi com a bola nos pés que ele se encontrou. Com cerca de sete anos, ele começou a jogar futsal na escola, fez parte de uma escolinha na cidade e alguns anos depois fez a transição para o campo. Na adolescência, o lateral fez parte do time Alunorte Rain Forest, da empresa Hydro, e chegou a viajar para a Noruega. Depois disso, ele passou pela base do Paysandu e Ponte Preta.
“Eu comecei na escolinha do seu Vicente, no futsal, onde fiquei até meus 13 anos. Fui para Noruega e quando voltei de lá fui para base do Paysandu, onde eu comecei de verdade no campo”, relatou o jogador.
Apesar de ter seu nome escrito na música, Mestre Vieira também era apaixonado por futebol. Por volta da década de 80 ele fundou o time Atlético Barcarenense, onde filhos e netos, incluindo Eric, jogaram. Hoje o clube coleciona alguns títulos do futebol do interior e é mantido pela família do músico.
Desafios
Algumas dificuldades que existem para pessoas vindas do interior muitas vezes impedem que consigam dar continuidade aos seus sonhos. Em Barcarena, por exemplo, poucos jovens que fizeram parte do time da Hydro conseguiram seguir, de fato, na modalidade. Eric, juntamente com a jogadora Nayra Pimentinha - hoje do Flamengo - foram alguns dos poucos que despontaram.
“Para a gente [do interior] é sempre mais difícil. Mas eu fico muito feliz quando vejo pessoas como a Pimentinha, uma conterrânea minha, conseguindo”, frisou Eric.
Quando conseguiu ir para São Paulo, onde fez parte da base da Ponte Preta, Eric teve que lidar com a ansiedade. O pai, Waldeci Vieira, contou que ele ligava o tempo todo para reclamar da falta de oportunidade para jogar.
Além disso, Eric enfrentou outro problema: uma lesão no joelho que o afastou por cerca de um ano e meio dos gramados. “Foi um momento complicado, ficar esse tempo afastado, mas graças a Deus deu tudo certo”, pontuou o jogador.
Superado isso, o lateral chegou ao Amazônia Independente depois de ter passado pelo Carajás sem muitas oportunidades, a comissão técnica do time viu potencial em Eric e apostou no jovem.
A caminhada do atleta deixa o pai orgulhoso. Depois de enfrentar as dificuldades, apesar de ainda ter um longo caminho pela frente, agora, o sentimento é de gratidão.
“Eu sinto orgulho. Não foi fácil para ele, ele passou por duas cirurgia, ficou tempo parado. Então, eu fico muito feliz [pelo o que ele está conquistando]”, disse Waldeci Vieira.
Relação com o Mestre
Mestre Vieira foi um dos principais incentivadores de Eric. Segundo ele, o avô sempre o apoiou em tudo, era seu cúmplice. Quando criança, ele chegou a tocar em shows junto com Vieira e participou da gravação de um DVD. Essa relação é descrita pelo jogador como de pai e filho.
“Foi uma pessoa que me ajudou bastante, me apoiou muito no futebol e na música. Minha relação com ele não era nem de avó e neto, mas de pai e filho. Faz quatro anos que ele se foi, sinto muita falta dele, porque desde o começo foi uma pessoa que nunca me deixou para trás, sempre falou: se é isso que você quer, vai seguir isso”, revelou Eric.
Mestre Vieira viveu por 84 anos, criou a Guitarrada e gravou 18 discos. Faleceu em fevereiro de 2018, depois de uma batalha contra o câncer. Se depender de Eric e da família, o legado do Mestre nunca será esquecido.
“Para onde vamos tentamos levar o nome do vovó. Eu fico muito feliz quando as pessoas descobrem que eu era neto dele e dizem que eram fãs, que muita gente o conhecia em Belém e no mundo todo. Ficamos muito felizes. Tentamos manter e levar o legado dele para sempre”, finalizou Eric Vieira.
(Aila Beatriz Inete, estagiária, sob supervisão de Pedro Cruz, coordenador do Núcleo de Esportes)
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