Mangueirão: Mesquita relembra títulos e fala sobre trabalho com o gramado do Olímpico do Pará
Do ídolo ao agrônomo: autor do primeiro gol do Mangueirão, ex-jogador de Remo e Paysandu hoje é o responável por cuidar do relvado do "Colosso do Benguí".
O ex-jogador Raimundo Mesquita tem uma relação particular com o maior estádio do Pará, o Mangueirão. Um dos maiores ídolos da história do Remo, o ex-atleta também acumula passagens por Paysandu e Tuna, outros times tradicionais do estado. A história de Mesquita, recheada de gols e grandes lances no "Colosso do Benguí" ganhou, nas últimas décadas, um novo capítulo. Há quase 30 anos ele é o engenheiro agrônomo responsável pela manutenção do gramado do estádio
Em meio ao trabalho intenso nas obras do Mangueirão, Mesquita decidiu dar uma pausa para conversar com o Núcleo de Esportes de O Liberal sobre como anda as obras no maior palco do esporte no estado. Na entrevista, o ex-jogador lembrou momentos épicos no estádio, como o primeiro gol marcado no Olímpico do Pará, na partida de inauguração oficial.
"O meio maior momento no Mangueirão, sem dúvidas, foi em 1978, quando jogava no Remo. Inauguramos o estádio, de forma oficiosa, contra o Operário-MS e vencemos com gol do Mebo. Meses depois, na inauguração oficial, joguei pela Seleção Paraense contra o Uruguai. Vencemos por 4 a 0 e fiz dois gols. Desde então, tenho tido anos muito marcantes aqui. Comecei como atleta e terminei como técnico do gramdo", disse Mesquita.
Ainda sobre a vida de jogador, o ex-meia relembrou outra jogo marcante no "Colosso do Benguí". Na final do Campeonato Paraense de 1979, Mesquita diz que o ônibus que transportava a delegação do Remo para a partida com o Paysandu parou a caminho do estádio.
"Naquele ano o Paysandu tinha um time muito bom e já tinha nos ganhado duas vezes durante o campeonato. Por conta disso, na final, eles precisavam apenas de um empate para ser campeão. Na época, o então presidente do Remo, Manoel Ribeiro, nos levou para uma fazenda em Santa Izabel para fazermos os últimos preparativos pro jogo. Na volta pra Belém, o ônibus que levava a gente deu prego na estrada. Precisamos contar com a ajuda de torcedores, que empurraram o ônibus até ele voltar a funcionar", explica.
Ele conta que chegou no Mangueirão "em cima da hora", mas venceu o jogo de virada, conquistando um dos títulos mais especiais da carreira no Olímpico do Pará.
"Não aquecemos e fomos direto pro jogo. Como o Paysandu tinha aquecido, eles começaram melhores e fizeram 1 a 0, com o Lupercínio. Apesar disso, éramos um time experiente, de 'cobras criadas' e buscamos o empate com o Luiz Augusto. Minutos depois, em um lance fortuito, recebi o lançamento do Cuca e enfiei um passe entre dois zagueiros do Paysandu para o Bira, que fez 2 a 1", relembra.
Mesquita: do jogador ao agrônomo
Desde quando começou a jogar profissionalmente, Mesquita tinha um grande sonho: estudar. Era prioridade para o atleta completar os estudos. O desejo pelo conhecimento, inclusive, fez com que o ex-meia recusasse uma proposta para jogar no exterior. Na década de 70, o ex-atleta atuou no futebol de Portugal, mas voltou a Belém depois de duas temporadas para ingressar na faculdade.
Já no Pará, Mesquita foi aprovado na Faculdade de Ciências Agrárias do Pará (FCAP) - atual Ufra - onde se formou engenheiro agrônomo, ainda quando era jogador profissional. No entanto, a relação com o Mangueirão começou anos mais tarde, em 1993. Sobre o trabalho com o estádio, o ex-jogador disse que teve um "amor à primeira vista" com o Olímpico do Pará.
"Foi uma grande coincidência. Dentro da agronomia você tem várias opções de atuação. Em 1993 surgiu a oportunidade de eu cuidar do gramado do Mangueirão. Assim que entrei aqui, descobri que era onde eu queria ficar. Fiquei deslumbrado com o serviço que poderia ser feito no gramado. Na época, ainda não tinha especialidade em gramado, mas saí de Belém e fui estudar, fazendo cursos em São Paulo e no Rio de Janeiro. Não via, no início da carreira como agrônomo, a oportunidade de trabalhar com gramados, mas quando cheguei aqui gostei da área e corri atrás de aprender mais coisas", contou.
Trabalho na FPF e futuro do futebol no Pará
Além de ser responsável pelo gramado do Mangueirão, Mesquita faz parte de uma comissão da Federação Paraense de Futebol (FPF) que cuida dos campos de jogo do Campeonato Paraense. O ex-jogador, inclusive, fez os relatórios do estádio Navegantão, em Tucuruí, e Modelão, em Castanhal, que culminaram no veto dos locais para ajustes nos gramados.
De acordo com ele, o trabalho da comissão é, acima de tudo, dar segurança aos atletas. Durante a conversa ele relembra a condição dos gramados na época em que era jogador e usa aqueles campos de jogo como referência do que "não fazer" atualmente.
"O que se quer no futebol paraense? Que os gramados não sejam mais iguais aos da minha época. Antes, bastava dar uma pequena chuva que já virava um lamaçal. Queremos hoje uma boa drenagem, um gramado enxuto. Meu trabalho é avaliar isso, colocar os problemas no papel e fazer um relatório para as pessoas responsáveis pelo estádio. Não se quer mais lama, como ocorreu no Parazão. Queremos um gramado bom, que dê condições ao jogador. Isso traz segurança, porque um gramado ruim pode favorecer lesões e um jogador pode até quebrar uma perna", explicou.
Mangueirão
O estádio está passando pelos últimos ajustes e deve ser entregue na segunda quinzena de setembro. Uma das grandes mudanças será a ampliação da capacidade de 35 mil para 50 mil espectadores. O projeto em execução está atendendo a todos os padrões exigidos pela Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) e da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), para garantir a realização de grandes e importantes eventos de nível nacional e internacional, com segurança, conforto e funcionalidade também para shows, congressos e outras atividades, tornando-se, de fato, uma arena multiuso.
Palavras-chave
COMPARTILHE ESSA NOTÍCIA