Mais de mil jogos têm suspeita de manipulação de resultados em 2022; no Brasil, 130 estão na lista
A maioria das partidas no Brasil foram realizadas em ligas e divisões inferiores, longe dos holofotes da mídia
De acordo com a Sportradar, agência de monitoramento de apostas esportivas, foram identificadas até o dia 16 de outubro deste ano, mais de mil jogos com suspeita de manipulação de resultados, entre eles cerca de 130 só no futebol brasileiro, a maioria em ligas menores, de pouca projeção.
A empresa atua em parceria com 150 federações e ligas esportivas dos quatro cantos do mundo. No estudo divulgado, foram coletadas informações sobre cerca de 90 países e 12 modalidades diferentes, superando o número registrado ano passado, quando foram identificados 905 casos.
Por conta de cláusulas confidenciais, a Sportradar não tem permissão para divulgar quais partidas podem ter sido influenciadas em seus resultados. Nestes casos, a confirmação é realizada em até 24 horas após o término da partida. Nos últimos anos a fiscalização em cima dos esportes têm sido ampliada, sobretudo com o crescente aumento no número de empresas de apostas.
O universo dos jogos tem se ampliado para as mais diversas possibilidades. Um apostador, por exemplo, pode apostar em qual time houve o maior número de escanteios em um jogo ou até mesmo o número de cartões amarelos recebidos durante uma partida. Para chegar aos resultados, o Sportradar utiliza um sistema de monitoramento específico para apostas irregulares e suspeitas.
SAIBA MAIS
Graças a algoritmos sofisticados e um potente banco de dados, o Sportradar coleta em tempo real informações de mais de 600 operações espalhadas pelo globo, com o objetivo de evitar fraudes nos resultados.
A empresa atua no Brasil desde 2016 e assinou um contrato com a CBF para monitorar competições organizadas pela entidade. Ela também atende diferentes federações nos estados. Além disso, foi assinado um Memorando de Entendimento com a Polícia Federal, para ajudar nas investigações.
Um exemplo bastante ilustrativo aconteceu no Campeonato Cearense, que chegou a ser suspenso após suspeitas graves de manipulação envolvendo o Crato, time local que foi rebaixado após terminar a primeira fase na lanterna, com 39 gols sofridos em 14 jogos. O Tribunal de Justiça Desportiva do Ceará puniu a agremiação com a expulsão do campeonato.
Outro caso aconteceu no Amazonas, onde o Atlético Amazonense perdia por 3 a 1 para o Sul América, quando um jogador do time marcou um gol contra aos 44 do segundo tempo. A cena bizarra rodou o país e o clube resolveu dispensar os jogadores envolvidos. Veja:
O fato chamou a atenção das autoridades desportivas e o presidente do Atlético Amazonense, Henrique Barbosa, foi banido pelo TJD/AM das atividades ligadas ao futebol. Barbosa foi multado em R$ 100 mil, depois de ser absolvido pela 2ª Comissão Disciplinar e condenado pela procuradoria.
Em um cenário global, outro caso teve ampla repercussão. O atacante inglês Ivan Toney, do Brentford, foi acusado de quebrar 232 regras de apostas entre fevereiro de 2017 e janeiro de 2021, segundo a Associação de Futebol da Inglaterra. Toney esteve próximo da seleção inglesa para a Copa do Qatar, e terá que prestar esclarecimentos até o dia 24 deste mês.
Lei no Brasil
Em dezembro de 2018, o então presidente Michel Temer (MDB) assinou um decreto autorizando as casas de apostas a operar no Brasil, conforme a lei 13.756, que estabeleceu regras para as apostas esportivas. Desde então, a expectativa é para a regulamentação da atividade.
A lei em vigência determina que as empresas que operam no Brasil sejam sediadas em outros países, sem pontos de venda físicos. Hoje, os sites utilizados pelos apostadores estão fora do Brasil e já patrocinam vários clubes no futebol brasileiro.
COMPARTILHE ESSA NOTÍCIA