Há 30 anos, com Ageu e cia, a Tuna Luso conquistava o título de Campeã Brasileira da Série C

O ano de 1992 marcou a última conquista nacional da Águia Guerreira, um título lembrado até hoje com emoção por parte daqueles que o conquistaram

Luiz Guilherme Ramos

Os anos 90 guardam boas memórias do futebol paraense. Foi a década de maior projeção para os clubes locais. Um deles, em especial, conseguiu uma façanha até hoje lembrada com saudade. Afinal de contas, fazem 30 anos que a Tuna Luso sagrou-se campeã brasileira da Série C, com um time formado por jogadores da terra, que hoje lembram com saudade daqueles dias de glória. 

O esquadrão à moda antiga conduzido pelo técnico Nélio Pereira, tinha nomes bastante conhecidos do futebol paraense. No ataque, Tarcisio e Ageu Sabiá eram os responsáveis por dar as vitórias. O segundo acabou como artilheiro daquele ano. Hoje, aos 55 anos e 20 longe dos gramados, Ageu Sabiá recorda com carinho os momentos em grupo e as dificuldades de se jogar um campeonato brasileiro sem estrutura.

"As conquistas são todas bem lembradas, mas a que mais me marcou foi quando vencemos o Botafogo da Paraíba lá dentro, e no retorno, furou o pneu do ônibus que estávamos. Ai, no meio da estrada, um olhou para a cara do outro, o Dema, o finado Joãozinho, o Guilherme. Eles correram uns oito quilômetros, mas voltaram com o borracheiro e isso nos ajudou muito naquele momento", lembra aos risos. 

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Na opinião do ex-atacante, o diferencial daquele grupo estava na origem de cada integrante. Num época onde não haviam contratações de fora, o que valia era a responsabilidade de carregar a bandeira não só da Tuna Luso, mas do futebol paraense em si.

"Naquele ano a Tuna Luso era só jogador paraense. A maioria. A Tuna sempre teve jogador local e de interior, incluindo Altemir, Belterra, eu, Sanauto. A maioria de lá e isso tornava o grupo muito unido. Para onde um ia o outro ia atrás. Era todo mundo para onde o barco puxava. Por isso fomos campeões. A nossa panela era só um grupo. Alguns bebiam e outros não, mas andávamos sempre juntos", lembra.

Em 1992, a Tuna já era campeã brasileira, após ter vencido a edição da Série B (Taça de Prata) em 1985. A bagagem no cenário local levou o time a fazer uma boa campanha nas primeiras fases, terminando em primeiro lugar no grupo 2, numa campanha invicta, a frente de Moto Club, Sampaio Correa, Izabelense e Flamengo-PI. 

Na segunda fase, ainda de forma invicta, a Tuna passou em primeiro lugar, com seis pontos, novamente sem derrotas, até a grande final. Decidiram o título Tuna Luso e Fluminense-BA. No primeiro jogo da decisão veio a única derrota do time, pelo placar de 2 a 0.

No retorno a Belém, o título foi decidido num Baenão lotado de tunantes, bicolores e azulinos. O time titular entrou em campo com Altemir, Mário Vigia, Juninho, Luís Otávio e Guilherme (Charles); Varela (Manelão), Ondino, Júnior e Dema; Ageu e Tarcísio. O próprio Ageu abriu o placar, mas o resultado ainda não dava o título. Aos 42 do segundo tempo, Ronaldo empatou e deixou a partida dramática.   

Veja os melhores momentos da decisão:

Com poucos minutos para reverter, coube os paraenses contar com a ajuda dos céus. Aos 45, Manelão virou novamente o placar e aos 49, foi a vez de Juninho marcar, de cabeça, o gol da vitória e do título. Após o apito final o gramado foi invadido e o Pará pode comemorar mais uma conquista nacional, até hoje lembrada com carinho por quem levantou a taça. 

"O Brasileiro sempre marca. Eu já fui campeão paraense várias vezes, mas o nacional é único. Inclusive eu fui artilheiro nessa competição. Na final nós fizemos 1 a 0 comigo, o time estava na frente e eles empataram aos 40 minutos. Foi muita vontade e garra para fazermos o segundo e o terceiro aos 49, com o Juninho, de cabeça. Nesse ano a Tuna se tornou o único time paraense a ser bi-campeão nacional até então. Até hoje, onde a gente vai essa conquista é lembrada com muito carinho", finaliza. 

Ficha técnica da final do Campeonato Brasileiro da Série C de 1992

Tuna Luso-PA 3x1 Fluminense-BA (13/06/1992)
Local: Estádio Evandro Almeida (Baenão), em Belém-PA
Arbitragem: Odílio Mendonça da Silva (AM), assistido por Jorge Sabino Leite (AM) e Iran Gonçalves Aranha (AM)

Gols: Ageu, aos 15' do 1º tempo; Ronaldo, aos 41', Canelão aos 44' e Juninho aos 49' do 2º tempo

Expulsões: Zelito, Dema e Ieiê

Tuna Luso: Altemir; Mário Vigia, Juninho, Luís Otávio e Guilherme (Charles); Varela (Manelão), Ondino, Júnior e Dema; Argeu e Tarcísio.
​Técnico: Nélio Pereira

Fluminense: Eugênio; Itamar, Neto, Estevam e Edinho; Zelito, Acácio e Dimas; Macoca (Marquinhos), Ronaldo e Ieiê.
Técnico: Veraldo Santos

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