Futebol é a modalidade com mais casos de preconceitos no Brasil, diz relatório
Além de ser o esporte com mais registros de discriminação racial, é também o que mais tem registro de machismo, LGBTfobia e xenofobia
O Observatório da Discriminação racial no Futebol divulgou nesta quarta-feira (24) o relatório de 2021 com o levantamento dos casos de discriminações raciais e preconceitos no esporte. De acordo com os dados, foram registrados um total 158 ocorrências, sendo 78% (124), foram no futebol e os 22% (34) em outros esportes. Com isso, o futebol é a que mais registra atitudes preconceituosas.
Dos 158 casos de preconceitos no esporte, 137 ocorreram em solo brasileiro e 21 no exterior, com atletas do Brasil. No futebol, o relatório apontou que houve 64 registros de racismo no Brasil. Além disso, outros 10 episódios foram registrados no exterior.
Em 2021, foram 24 casos de LGBTfobia, 15 de machismo e seis de xenofobia no futebol brasileiro.
Um dos casos de LGBTfobia citados pelo relatório foi o do torcedor do Paysandu Arthur Souza, que compartilhou um vídeo no Tik Tok dançando a música “Late Coração”, de Ávine e Matheus Fernandes. Com isso, ele recebeu várias mensagens homofóbicas.
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Já no que diz respeito ao preconceito contra mulheres, um dos casos registrados pelo Observatório, foi a acusação o conselheiro do Remo Benedito Wilson Correa de Sá de machismo contra uma conselheira do clube azulino Os ataques ocorreram em um grupo de WhatsApp, após a conquista da Copa Verde, em dezembro de 2021.
Nesta quarta-feira, ocorreu no Rio de Janeiro, o Seminário de Combate ao Racismo e à Violência no Futebol, organizado pela primeira vez pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF). A ideia do encontro é justamente discutir os casos de discriminações e preconceitos na modalidade e propor ações para a diminuição.
Em um artigo de opinião dentro do próprio relatório, o jornalista e advogado Andrei Kampff ressaltou que para combater o preconceito é preciso um compromisso sério do esporte.
“Combater o racismo, a misoginia, a homofobia e todo tipo de preconceito, não pode ser apenas uma missão institucional. Precisa ser um objetivo concreto do esporte, até em função da sua natureza. Ele agrega, não separa. Ele abraça e não afasta. E nenhuma outra ciência tem tanta força quanto o direito nesse processo de proteção de direitos humanos. Isso porque ele carrega consigo a força da coerção”, escreveu Andrei Kampff.
(Aila Beatriz Inete, estagiária, sob supervisão de Pedro Cruz, coordenador do Núcleo de Esportes)
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