MENU

BUSCA

FPF busca coibir esquema de apostas esportivas no Pará e advogado faz alerta

Presidente da FPF, Ricardo Gluck Paul e advogado da federação, David Merabet, falaram sobre campanhas e estratégias para coibir esquemas de apostas esportivas

Fábio Will

O Brasil tem enfrentado casos de jogadores envolvidos em esquemas de apostas esportivas. Em 2023, um escândalo veio a público após uma investigação do Ministério Público de Goiás, que constatou manipulação de jogos no Campeonato Brasileiro. Com isso, foi descoberto um grupo criminoso que aliciava atletas.

Em Belém, a Federação Paraense de Futebol (FPF) tenta coibir a prática de apostas envolvendo jogadores. Ricardo Gluck Paul, presidente da FPF, falou sobre as ações que a entidade tem realizado nessa luta para manter o jogo limpo e dentro das quatro linhas, sem interferência de apostas.

Gluck Paul informou que a FPF conta com uma empresa especializada no assunto, responsável por identificar apostas fora do padrão e monitorar os jogos em busca de possíveis esquemas.

"A gente tem um contrato com a Sportradar, uma empresa de referência nesse tema. Ela monitora todas as partidas do Parazão e nos informa em caso de apostas incomuns. A gente também mantém diálogo constante com os presidentes de clubes e comissões de arbitragem, para detectar qualquer irregularidade. Além disso, caso algum fato seja comprovado, estamos abertos a dialogar com a Polícia Federal e o Ministério Público sobre o tema”, afirmou.

Campanha

Uma tentativa de campanha de conscientização com clubes e atletas foi iniciada pela FPF, mas não “deu liga”. A intenção da entidade que comanda o futebol paraense é vincular a inscrição dos atletas a palestras obrigatórias, com carga horária definida.

“Tentamos incluir uma campanha de conscientização no Parazão deste ano, mas não conseguimos. Queremos vincular a inscrição do atleta a uma palestra ou módulo online, com carga horária obrigatória. Um curso rápido, mas que aborde as principais questões sobre prevenção às apostas, para que os jogadores não possam alegar desconhecimento”, disse Ricardo.

Contas de jogadores e membros da comissão

O advogado da FPF, David Merabet, conversou com a equipa de O Liberal e alertou para uma situação importante: a utilização de contas criadas por jogadores, membros da comissão técnica e dirigentes em casas de apostas. Isso é passível de denúncia e pode gerar punições.

Segundo Merabet, a CBF divulgou, desde o ano passado, que uma empresa monitoraria todos os campeonatos do mundo, tanto os nacionais quanto os estaduais. A Sportradar teve acesso a todos os dados, incluindo informações sobre clubes, dirigentes, súmulas e participantes dos campeonatos.

“Diretamente, nenhum clube, dirigente, atleta ou membro da comissão técnica pode criar contas em casas de apostas, pois essas contas são monitoradas, e há um impedimento legal para partícipes diretos do futebol. A empresa responsável faz cruzamento de dados, inclusive com redes sociais de parentes até o terceiro grau”, explicou.

Fiscalização maior

Merabet informou ainda que a FPF contratou um pacote mais abrangente da Sportradar, ampliando o raio de ação no combate às apostas em jogos organizados pela federação.

“O que fizemos na Federação foi contratar um pacote mais abrangente, que permite monitorar diretamente os atletas. A CBF nos informou que devemos comunicar se atletas, dirigentes ou membros da comissão abrirem contas de apostas. Caso isso ocorra, será denunciado na esfera administrativa e, havendo comprovação de participação direta, também na esfera criminal”, concluiu.

Remo e Paysandu

A equipa de O Liberal entrou em contato com os clubes para saber se há algum trabalho voltado para jogadores e comissão técnica, mas nenhum clube respondeu aos questionamentos.

Futebol