Ex-atacante Roma relembra passagem pelo Flamengo e dá dicas à dupla paraense do rubro-negro

Paulo Marcel Merabet, o Roma, avalia chegada das novas atacantes do time feminino do Fla, as conterrâneas Anny Marabá e Nayra Pimentinha

Luiz Guilherme Ramos / O Liberal
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Cerca de 32 milhões de pessoas no Brasil torcem ou simpatizam pelo Flamengo. O clube carioca, que nos últimos anos embalou uma série de conquistas históricas, continua sendo, não só para a torcida, mas também entre os atletas, um verdadeiro sonho de consumo, que muitas vezes vai além dos altos salários e da projeção profissional.

Parte dessa história de glórias tem sido escrita por atletas de todos os cantos. Aqui no Pará, vários jogadores tiveram a oportunidade de defender o time carioca. Alguns com bastante destaque. Recentemente, a atacante Anny Marabá (19) foi contratada para o elenco principal, onde vai reencontrar a conterrânea Nayra Pimentinha (21). Ambas tiveram passagem por Remo e Paysandu antes de irem para o Rio de Janeiro, atuar primeiro no Vasco da Gama.

Relembrando a história, no início dos anos 90, o Flamengo se despedia da era “Zico” e aos poucos foi abrindo espaço para novos talentos. Neste momento, chega o jovem Charles Guerreiro, revelado pelo Paysandu e vindo do Guarani. Foi lá que o paraense brilhou para o mundo e conseguiu o celebrado título Brasileiro de 92, em cima do Botafogo.

Além de Charles, outros atletas paraenses também vestiram a camisa rubro-negra. Em 98, foi a vez de Arinelson, jogando ao lado de ninguém menos que Romário. Nessa mesma época, nas categorias de base, uma promessa também vinda do Pará começava a despontar. Aos 16 anos, o atacante Roma deixa o futsal do Clube do Remo e embarca para o Rio, no intuito de fazer testes no Flamengo. Foi aprovado e viveu ,nos anos seguintes, as maiores glórias de sua carreira.

“Tive a oportunidade de jogar em um time muito bom e competitivo. Não era esse Flamengo. Teve três, quatro meses sem salário, mesmo assim era um time de craques. Joguei com Edilson, Vampeta, Caio, Reinaldo, Imperador, Petkovic. Todos esses colegas que joguei no profissional me engrandeceram muito”, lembra em conversa exclusiva com O Liberal.

image Paraenses do Fla: Anny e Pimentinha reforçam o ataque do Mengão
Jogadoras vão se reencontrar na temporada 2022

Depois de três temporadas no profissional, Roma deixou o clube carioca e iniciou uma expedição no futebol estrangeiro, passando por nada menos que sete países. Hoje, com mais duas jovens promessas do estado, o ex-atacante deseja sorte e muitas conquistas. “O importante é ser humilde, trabalhar o dia-dia, e mostrar o potencial que elas têm. Para alcançar o objetivo é preciso isso. Desejo toda sorte a elas, que sejam felizes no Flamengo, fazendo o que elas gostam e dando alegrias para a torcida rubro-negra”.

Do futsal no Remo para a base do Flamengo

Jogar em grandes estádios, sentir a pressão da torcida e ganhar títulos importantes formam qualquer base de sonho para os atletas do futebol. Chegar lá, no entanto, não é tarefa fácil. No futebol, é preciso ter mais que talento. Uma certa dose de sorte e paciência também ajuda. Roma teve um pouco de cada em sua passagem vitoriosa no Rubro-Negro carioca. Nesta conversa O Liberal, ele relembra um pouco dos “anos dourados” na capital carioca.

Hoje, aos 42 anos, Roma aposentou as chuteiras e enveredou pelo ramo do direito e gestão esportiva. Gerencia a carreira de atletas e foi responsável direto pela ida do lateral-direito Yago Pikachu para o Vasco, entre outros atletas. Apesar de estar fora das quatro linhas, foi dentro delas que viveu uma das fases mais espetaculares de sua vida, como jogador de futebol do time de maior torcida do Brasil, o Flamengo.

image Paulo chegou ao Fla com 17 anos, após muita 'negociação' com a mãe (Márcio Nagano/O Liberal)

A história de Roma com o clube carioca começou cedo, antes de completar a maioridade, sua velocidade e talento com a bola nos pés o levaram para um período de testes no Mengão, com apenas 16 anos. “Em 96, nós ganhamos uma final no futsal contra o Paysandu, por 4 a 2, e fiz dois gols. Tinha um diretor do Flamengo que era casado com uma paraense e conhecia o nosso treinador, o [falecido] Sérgio Ricardo. Ele gostou de mim e do Toninho (Antônio Wallace) e fomos para lá”, conta.

Ao passar no teste, precisou adiar os planos a pedido da mãe, até que completasse os estudos. “Eu estava no convênio e minha mãe me barrou. ‘Volta para acabar o segundo grau e depois você está liberado’, ela disse. Entramos num diálogo com o Flamengo, que teve paciência comigo e me esperou por quase um ano”. Ao retornar, outro embargo materno, desta vez para prestar o vestibular. “Isso atrasou um pouco meu desenvolvimento como jogador, porque quando voltei, entrei para o terceiro time, aí depois tudo clareou e consegui ir para o profissional. Fiquei dos 17 aos 21 na base e depois subi”.

image Ninho do Urubu possui placa em homenagem ao ex-atacante paraense (Arquivo Pessoal/Roma)

O período da base está registrado em uma placa de homenagem, instalada no Ninho do Urubu. Depois de lá, Roma ascendeu ao profissional e pode, enfim, mostrar seu talento num período de grandes craques e muita responsabilidade. Para ele, a pressão por jogar no Flamengo, só não foi maior devido a experiência adquirida na base e a confiança dos colegas de elenco.

“Eu já tinha experiência da base, então você já vai aprendendo, ganhando experiência, mas o profissional muda tudo, a torcida, o compromisso, responsabilidade. Para um jogador que sai daqui, com toda dificuldade e problema, é muito gratificante. Não consigo mensurar a alegria de jogar lá. E tive a oportunidade de fazer gol, ser chamado pela torcida, ter música. Foi um momento muito feliz da minha vida”, relembrou o agora ex-jogador, que também rodou por clubes da Europa (Portugal, Bélgica e Albânia), América do Norte (México) e Oriente Médio (Omã) antes de pendurar as chuteiras no Águia de Marabá, em 2011.

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