Esquema de apostas: Investigação revela manipulação e lucro de até R$ 700 mil em partidas de futebol
Grupo investigado pelo Ministério Público de Goiás era liderado por Bruno Lopes, que se apresentava como empresário de jogadores
Em áudios e vídeos obtidos pelo programa Fantástico, da TV Globo, foi revelado o envolvimento de um líder de um grupo em manipulação de resultados e avultosos ganhos financeiros ilícitos, que vêm abalando o futebol brasileiro desde fevereiro e foram revelados graças a Operação Penalidade Máxima. Houve caso de lucro de aproximadamente R$ 700 mil em apenas uma rodada do Brasileiro.
O lateral Moraes, jogador do Juventude em 2022, admitiu sua participação no esquema investigado pela operação, após firmar um acordo com o Ministério Público de Goiás. Ele revelou seu envolvimento nos jogos do Campeonato Brasileiro das Séries A e B de 2022, bem como em algumas partidas de estaduais deste ano.
VEJA MAIS
Um dos articuladores do esquema, Thiago Chambó, mencionou em material coletado pelo MP-GO que possuía contatos no Campeonato Mineiro, Campeonato Paranaense e Campeonato Paulista.
"Eu tô com contato no Campeonato Mineiro, tô com contato no Campeonato Paranaense, tô com contato no Campeonato Paulista", contou Chambó, um dos articulados do esquema, em material recolhido pelo MP-GO.
Segundo os promotores, o grupo investigado era liderado por Bruno Lopes, que se apresentava como empresário de jogadores. Os suspeitos eram divididos em dois núcleos: os apostadores, que aliciavam jogadores para manipular lances durante as partidas e realizavam as apostas em sites; e os financiadores, responsáveis por fornecer o dinheiro para remunerar os jogadores aliciados.
A investigação teve início em novembro do ano passado, quando o presidente do Vila Nova, Jorge Hugo Bravo, descobriu que jogadores do clube estavam sendo aliciados pelos apostadores antes de uma partida contra o Sport, pela Série B do Campeonato Brasileiro. Bravo reuniu provas da tentativa de manipulação e procurou os promotores.
Em depoimento aos promotores, o jogador Romarinho, cujo nome é Marcos Vinícius Alves Barreira, revelou a proposta que recebeu do líder do grupo: receber um cartão vermelho ou pênalti em troca de uma quantia em dinheiro, inicialmente de R$ 300 mil, depois reduzida para R$ 150 mil.
A investigação revelou que o grupo obteve lucro de R$ 700 mil em apenas uma rodada. Celulares de Bruno, jogadores e outros envolvidos foram apreendidos, revelando a extensão do esquema.
O programa Fantástico exibiu depoimento de Bruno, onde ele descreveu a manipulação de pênaltis nos jogos e o valor gasto em apostas e aliciamento de jogadores, estimado em R$ 400 mil.
Promotor: O Bruno (chefe) falou que era pra cartão ou pênalti?
Romarinho: Cartão vermelho ou pênalti.
Promotor: Por quanto?
Romarinho: Primeiro ele falou R$ 300 mil, depois falou R$ 150 mil e dava um entrada de R$ 10 mil e depois pagava o resto depois do jogo.
A reportagem também mostrou momentos de desespero do grupo quando os jogadores não cumpriram o combinado. A investigação revelou que os apostadores esperavam obter lucros milionários.
Até o momento, 13 jogos foram denunciados pelo MP à Justiça, incluindo partidas das Séries A e B do Campeonato Brasileiro, Campeonato Paulista e Campeonato Gaúcho. O Ministro da Justiça, Flávio Dino, solicitou à Polícia Federal a abertura de um inquérito para auxiliar nas investigações. O Governo Federal também está preparando uma Medida Provisória para regulamentar as casas de apostas.
Palavras-chave
COMPARTILHE ESSA NOTÍCIA