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Dia do treinador: Hélio dos Anjos e Rodrigo Reis citam dificuldades e do amor pela profissão

Técnico do Paysandu e também do Santa Rosa, citam os desafios da profissão no Brasil 

Fábio Will

O 14 de janeiro marca o dia do treinador de futebol, profissão árdua e que todo torcedor possui um “pouquinho” de treinador. O Campeonato Paraense de 2024 inicia no próximo dia 20 e a equipe de O Liberal conversou com o técnico mais novo da competição, Rodrigo Reis, do Santa Rosa, além do comandante Hélio dos Anjos, técnico mais velho do Parazão. Os dois falaram de suas experiências na profissão, dificuldades e no que podem melhorar para o crescimento do futebol no Estado do Pará.

Rodrigo Reis, de 37 anos, vai comandar o Santa Rosa, no retorno do clube de Icoaraci à elite do futebol, paraense. O ex-jogador de futebol com passagem pelo Remo, falou do encanto que teve ao estudar táticas e iniciar pesquisas e cursos voltados da área de treinador.

“O desejo em ser jogador de futebol foi quando estava encerrando a minha carreira de jogador. Fiz um curso de análise de desempenho, fui pesquisando e ir atrás e foi um caminho sem volta. Comecei a entrar em comissões, vi que aquilo que eu queria e mergulhei nesse mundo de ser treinador. Uma carreira diferente, a experiência que tive como atleta é válida, junto com os estudos, acredito que é o caminho”, disse.

O técnico do Santinha citou a falta de valorização da profissão por parte dos clubes, principalmente com treinadores locais, porém, afirmou que essa falta de valorização muitas vezes é causada pelos próprios técnicos, por falta de capacitação e reciclagem e que o cenário só irá mudar com trabalhos consistentes e bastante estudos.

“No passado recente o treinador de futebol do estado não tinha uma certa valorização, muito também por não se capacitar e atender o que o mercado pedia naquele momento. Uma nova safra de treinadores, eu como o mais jovem do Parazão, procuro estar estudando, me dedicando para que possamos começar a mudar essa situação. Espero que possamos um dia sair do estado bem valorizado”, falou.

Rodrigo Reis possui dois treinadores como referências e afirma que as dificuldades na profissão é uma constante, porém, é necessário ter cabeça no lugar e contar com uma comissão forte que saiba administrar os problemas que ocorrem em clubes e com o gerenciamento de pessoas.

“Procuro me inspirar nos grandes treinadores. No Brasil o Fernando Diniz, lá fora o Guardiola, pelo jogo diferente e agressivo, além do toque de bola, esses são os técnicos que eu me inspiro e pela forma com que jogam. A dificuldade sempre terá, até em clubes grandes como palmeiras e Flamengo você encontrará dificuldades. Tem o mundo ideal e o mundo real e é preciso se habituar no contexto dos clubes para levar a nossa filosofia de trabalho para fazermos o melhor. Os problemas irão existir e os técnicos e comissão precisam estarem prontos para tudo que acontece diariamente e que possamos dar sequência nos trabalhos”, comentou.

Do outro lado da moeda está o experiente técnico Hélio dos Anjos, 68 anos e com quase 40 de profissão e muitas situações boas e ruins já vivenciadas como treinador. O comandante do Paysandu irá para a sua terceira disputa de Parazão e encontrou um Paysandu em mudanças de estrutura. Para Hélio dos Anjos, o treinador assume inúmeras funções no futebol nacional e possui uma capacidade sem igual de gerenciar crises e citou as dificuldades em trabalhar com a pressão do imediatismo.

“A importância da profissão no futebol brasileiro é grande. O treinador brasileiro é o mais capacitado em gerenciar problemas. Trabalhamos no futebol com resultados imediatistas, segundo que nem todos os clubes possuem as melhores condições de trabalho e terceiro o treinador administra no Brasil os salários atrasados, condições ruins, o time taticamente e taticamente. O imediatismo do futebol nunca vamos perder, isso faz parte da cultura, acho isso um absurdo, mas hoje a nossa classe é responsável em parte, pela continuidade do imediatismo com contratos malfeitos, salários baixos e isso propicia ao dirigente, que não tem referência nenhuma de fazer o trabalho deles, então temos sim, uma parcela de culpa em relação ao imediatismo”, disse.

Hélio dos Anjos também fez questão de citar que no Brasil, existem poucos dirigentes capacitados para gerir clubes de futebol e que isso é um dos problemas enfrentados nas equipes, principalmente por treinadores, que possuem muitas vezes condições precárias de trabalho.

“A maior dificuldade no Brasil são as condições de trabalho oferecidas pelos clubes e principalmente a instabilidade, do treinador ser julgado por muitas vezes por pessoas que não tem capacidade de julgar. E nós, profissionais, sermos comandados por um amador, as coisas não tem como bater. Isso é uma dificuldade grande de boa parte do futebol brasileiro”, concluiu.

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