Copa do Mundo 2022: conheça Rigobert Song, o técnico de Camarões que criou a própria filosofia; veja
O treinador participou de quatro Copas do Mundo, tem uma história com a Seleção Brasileira e sonha com o milagre na partida desta sexta-feira
Enquanto atuava com zagueiro Rigobert Song foi um jogador aguerrido e por vezes violento. Na Copa de 1994, quando defendeu a seleção camaronesa, levou o cartão vermelho por uma entrada violenta no atacante Bebeto. 28 anos depois, já na condição de técnico, Song vive uma fase "zen" e acredita na vitória contra o Brasil, na sexta-feira.
Embora a possibilidade seja menor, dado o retrospecto das seleções nesta copa, o técnico camaronês confia no potencial de seus atletas, mesmo que para isso precise comprar alguns 'problemas' no elenco, como o afastamento do goleiro André Onana, que teria discordado de seus métodos e por conta disso, perdeu o lugar entre os titulares.
"Coloco nos meus jogadores o espírito de luta e determinação em cada compromisso que assumem. Em Camarões, chamamos de “hemlé”: ser mentalmente forte, ser corajoso, ser valente em qualquer situação", disse, em entrevista ao site da Fifa. Aos 46 anos, Song disputou quatro copas (1994, 1998, 2002 e 2010) e hoje retorna na condição de técnico.
No intervalo entre a mudança de posto, o técnico sofreu outra provação em vida, no ano de 2016, quando sofre um AVC e fica dois dias em estado de coma. "Eu estava esperando uma visita, por isso a porta estava aberta. Se ela estivesse trancada, eu estaria morto. Inocentemente, não sabia que estaria lutando entre a vida e a morte. Caí, me senti desesperado e meu cachorro começou a latir, alertando meu inquilino, que chamou a ambulância. Foi um milagre. Quando acordei do coma, eu tinha apenas 60 quilos", lembra.
SAIBA MAIS
Depois de sentir de perto o aroma do céu, Song mudou de vida, se tornou uma pessoa mais centrada nas questões espirituais e hoje tenta fazer o mesmo trabalho com seus atletas. Para isso, criou até uma teoria própria, batizada de "teoria do perigo", nascida na ocasião da classificação à Copa do Mundo, após superar a Argélia.
"Essa teoria é simples e veio naturalmente para mim. Também se aplica à nossa vida. Quando você sabe que está em perigo, na verdade não está mais em perigo. Mas desde que você esteja ciente do perigo. No entanto, quando você não sabe que está em perigo, é quando você realmente está. Estávamos contra a parede e não tivemos escolha a não ser vencer a Argélia", lembra.
Contra o Brasil, Song espera repetir o sucesso de sua teoria filosófica. "O Brasil é um grande time, todo mundo reconhece isso, mas meus jogadores sabem porque estão aqui. Não será fácil, mas acreditamos que ainda é possível", avalia. Experiência ele tem de sobra e hoje é o primeiro africano a disputar quatro Copas, recorde igualado por outro camaronês, o ex-atacante Samuel Eto'o, que hoje preside a Federação de Camarões e é suspeito de favorecer a escolha de Songs para o cargo.
Em 1998, ele também se tornou o primeiro camaronês a atuar pelo Liverpool, da Inglaterra. Por Camarões foi campeão da Copa Africana das Nações em 2000 e 2002, além de ser recordista em número de jogos pela seleção, contabilizando 137 partidas e cinco gols.
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