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Como surgiu a rivalidade entre Remo e Paysandu? Pesquisador detalha a história do Re-Pa

Nesta sexta-feira (14/6), completam 110 anos desde o primeiro confronto entre os maiores rivais do norte do Brasil

Andréia Santana

O Clássico Rei da Amazônia, mais conhecido como Re-Pa, é uma das rivalidades mais acirradas e antigas do futebol brasileiro. Nesta sexta-feira (14/6), completam 110 anos do primeiro embate entre Clube do Remo e Paysandu, que na época sequer eram rivais. 

Em busca das origens da rivalidade, a equipe de esportes de O Liberal entrevistou o pesquisador Itamar Gaudêncio, que se aprofundou no tema e explica o início do clássico Re-Pa e o antagonismo dos times bicolor e azulino. 

O início do clássico

De acordo com o pesquisador, tudo iniciou com a criação do Paysandu. Na época, os integrantes do extinto Norte Clube estavam inconformados por não ter nenhum time à altura do Clube do Remo. Com a intenção de criar um time novo para encarar os azulinos, foi fundado o Paysandu Sport Club, a princípio Paysandu Foot-Ball Club.

“A criação do Paysandu surge do embate entre o Norte Clube, antecessor do Paysandu, contra o Clube do Remo. Após um jogo em 1913, o Hugo Leão com Edgar Proença, que por incrível que pareça era remista, e outros baluartes, resolveram criar outro time que fizesse frente ao Remo. E assim fundam o Paysandu para ter um time no mesmo nível do Clube do Remo”, explicou Gaudêncio.

Após a criação do Paysandu, no início de 1914, a equipe disputou o Paraense da época e só enfrentou o Remo no dia 14 de junho do mesmo ano. Na oportunidade, já se tentava criar a rivalidade entre os clubes, algo que não ocorreu no início, e a partida terminou com resultado favorável ao Leão, que venceu por 2 a 1. 

“Foi um jogo que a expectativa era de que houvesse uma rivalidade criada pelos estudantes e pelos cronistas esportivos da época, que chamou muita atenção porque você tinha outros rivais ali no Paraense. Então você tem o estádio da Curuzu também sendo um local de grande público para a época, com 2 mil pessoas, para assistir um jogo aonde se tentava criar uma rivalidade entre os praticantes do futebol”, explicou.


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A rivalidade

O historiador explica que após o primeiro jogo, mesmo com a derrota do Paysandu, a equipe bicolor e o Clube do Remo não se tornaram adversários de imediato. Isso ocorreu somente em 1915, com a disputa de um jogo em um festival de futebol de bairros, algo comum na época. 

A diretoria azulina, na época, enviou um ofício para a diretoria bicolor solicitando a realização de um jogo amistoso para ajudar financeiramente as equipes. Segundo o professor Gaudêncio, por conta de uma briga anterior, o Paysandu responde o ofício com insultos à proposta azulina, mas em um segundo ofício aceita a proposta da partida, dando início a rivalidade.

“A rivalidade não começa especificamente na derrota que vai fazer agora há 110 anos, no estádio da Curuzu. Vai começar em 1915 por conta de uma briga, de uma discussão de um jogo de festival esportivo, porque Remo e Paysandu não jogavam só o Paraense, jogavam festivais esportivos nos bairros. E aí um ponto que eu quero ressaltar, a grande rivalidade está nos bairros, nos clubes de rua, na Pedreira, no Marco, no Jurunas, com outros times de lá, coisas que fortaleceram a rivalidade de Re-Pa, porque os dois clubes, que eram clubes de elite, iam jogar nos bairros de periferia”, contou.

“O Paysandu diz que teve uma situação em que houve uma desavença anterior para que eles não quisessem jogar com o Remo, e a partir dali se se cria a rivalidade que começa em 1915, se vamos colocar data. Não é que fossem amigos no início, já que o Paysandu era um time de futebol criado para fazer a rivalidade com o Remo”, completou.

Importância para o futebol paraense

O historiador Itamar Gaudêncio explica ainda que a rivalidade Re-Pa, construída ao longo dos anos, é importante não só para os clubes individualmente, mas também para os outros times paraenses, que apesar de não serem tão populares, acabam se beneficiando com a popularidade do Clássico Rei da Amazônia. 

“Não dá para separar um ou outro. Não dá para torcer contra o Remo, assim como não dá para torcer contra o Paysandu. Os dois são como gêmeos siameses e elevam o futebol paraense. A dupla Re-Pa é patrimônio histórico do Pará, existe uma lei inclusive. Eu acho que é em torno dela, a gente pode fortalecer outros clubes, por exemplo, a divisão de base, a partir do Re-Pa podemos criar uma visibilidade para os outros clubes. Não é uma rivalidade para ter violência, mas uma rivalidade de lazer e sociabilidade que fortalece um processo de crescimento econômico”, finalizou

 

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