Comentarista revolta web com fala na final da Segundinha: ‘Jogo de decisão não é para mulher apitar’
Vídeo com falas misóginas sobre árbitra viralizou e internautas criticaram comentarista da partida entre Capitão Poço e Independente
Independente e Capitão Poço se enfrentaram na última quarta-feira (4), na final do Campeonato Paraense Série B1, popularmente conhecido como Segundinha. O confronto terminou com a vitória do Galo Elétrico, que conquistou o título da competição. No entanto, o evento foi marcado por um episódio lamentável: durante a transmissão, o comentarista de uma emissora de TV fez comentários misóginos direcionados à árbitra Gleika Pinheiro, da Federação Paraense de Futebol (FPF), que conduziu a partida. As declarações geraram indignação entre os espectadores que acompanhavam o jogo.
A situação ocorreu nos minutos finais do segundo tempo da partida, quando uma confusão se instaurou entre os jogadores de Capitão Poço e Independente. Enquanto o desentendimento ocorria em campo, o comentarista de uma emissora que transmitia o jogo, cuja identidade não foi revelada, fez declarações misóginas sobre a equipe de arbitragem.
“Não tenho nada contra as mulheres, quero bem, amo. Mas não era para apitar um jogo desse. Colocar um trio desse para apitar aqui não tem como. Não desmerecendo nenhuma das mulheres, não sou contra elas. Mas um jogo de decisão não é para [mulher] apitar, escolhe o melhor arbitro que tem no estado e bota pra apitar. Não desmerecendo, mas não tem pulso para segurar um jogo desse, ela não tem pulso. Ela vai já acabar [a partida] e é a melhor coisa que ela faz. Um jogo que não é para uma menina dessa apitar”, disse o comentarista.
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Além de Gleika, a partida teve como árbitros assistentes Ederson Albuquerque e Nayara Soares. Após o ocorrido, diversos internautas criticaram as falas do comentarista, classificando-as como “machistas”. A equipe de esportes de O Liberal entrou em contato com a árbitra Gleika Pinheiro, que declarou que medidas cabíveis serão tomadas para apurar o caso.
“Lamentável acontecer uma situação dessa, vamos tomar as medidas cabíveis contra essas pessoas. O jogo estava muito controlado pela arbitragem, que não tinha nada a ver com a situação, quando ocorreu fomos lá, demos os cartões para quem estava envolvido e se resolveu a situação. Então já estou em contato com a Federação, para tomarmos as medidas cabíveis. Foi uma situação isolada, já que o próprio dono do clube do Capitão Poço nos parabenizou pela atuação da partida, os torcedores elogiaram. Então foi realmente uma situação de pessoas com a mente retrógrada que estamos investigando para tomar as medidas”, declarou.
A FPF também se pronunciou sobre o caso nesta quinta-feira (05/12) e repudiou as falas do comentarista, além de reafirmar o compromisso com a igualdade de gênero no esporte. Veja a declaração completa:
“A Federação Paraense de Futebol (FPF) manifesta seu total repúdio às declarações machistas e preconceituosas proferidas por um veículo de comunicação durante a transmissão da final da Série B1 do Campeonato Paraense, na última quarta-feira (4).
Em um momento que deveria ser de celebração, sua postura desrespeitou a árbitra responsável pela partida e, por extensão, todas as mulheres que atuam no esporte.
A FPF defende um futebol pautado pelo respeito e pela inclusão e considera tais comportamentos inaceitáveis. Como medida, a Federação encaminhará o caso às autoridades competentes para que as providências cabíveis sejam tomadas.
Reafirmamos nosso compromisso com a igualdade e seguimos firmes na luta por um futebol mais justo e acolhedor para todos”.