Clubes brasileiros devem R$ 1 bilhão à União; dívida do Remo cresceu e do Paysandu diminuiu; entenda
Os valores correspondem à soma de débitos tributários, débitos previdenciários e multas trabalhistas que não foram acordadas, junto à União e Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS)
Um estudo recente com base na lista de contribuintes com dívida ativa na União, mostra que os clubes que disputam as quatro divisões do futebol brasileiro devem um total de R$ 1 bilhão de reais. O valor, mais precisamente de R$ 1.028.904.605 é a soma de débitos tributários, débitos previdenciários e multas trabalhistas que não foram acordadas, com o passivo correndo à revelia dos clubes.
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Para chegar ao resultado, soma-se todas as dívidas ativas em aberto com a União e com o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Hoje, o ranking de devedores é liderado pelo modesto Brasiliense, da Série D, que mesmo relativamente novo, acumula dívidas abertas de R$383 milhões. Clube do Remo e Paysandu também aparecem na relação, e, comparado ao ano passado, o bicolor paraense é quem mais apresenta redução nas cifras.
Antes, é preciso explicar que os valores apresentados na plataforma que lista os devedores da União se refere apenas à dívida ativa, que não possui qualquer negociação entre clubes e credores. Os débitos que já foram negociados não aparecem na mesma. Dividindo a lista por divisões do futebol, quem aparece no topo é a Série D, justamente onde está o Brasiliense. No total, os clubes da quarta divisão possuem dívidas na ordem de R$ 495,9 milhões, seguido pela Série A, com R$ 65,4 milhões, Série B, com R$ 357,5 milhões, e Série C, onde os valores atingem R$ 357,5 milhões.
Papão e Leão
Nesse aspecto, os clubes paraenses apresentam situações distintas. De um lado, o Paysandu mostra uma diminuição na dívida ativa, com redução considerável em relação ao ano passado. Em janeiro de 2022, um levantamento feito pelo Núcleo de Esportes de O Liberal mostrou que o Papão possuía 87 débitos, que juntos chegavam ao valor de R$ 17 milhões.
Já este ano, em uma nova consulta, foi possível ver que o clube estava com 68 processos, divididos da seguinte forma: 15 processos de débitos tributários que somam R$ 1.232.518,98; quatro processos de dívidas previdenciárias, no valor de R$ 636.665,17; 40 processos de multas trabalhistas na ordem de R$ 1.454.636,79; oito processos de FGTS, com valor de R$ 2.233.005,39 e um processo não tributário, na casa dos R$ 5.616,56. Todo esse montante alcança a cifra de R$ 5.562.442,89. Ou seja, dos 17 milhões acumulados no início de 2022, o clube conseguiu negociar R$ 11.437.557,11.
Por outro lado, a situação azulina é mais delicada e o aumento no valor da dívida ativa aberta foi assustador, se comparado também ao ano passado, quando o Leão Azul possuía apenas dois débitos, que juntos somavam cerca de R$ 460 mil. Entretanto, no decorrer do ano, os valores foram crescendo exponencialmente e viraram 2023 na casa dos R$ 3.708.762,06.
Desse montante, conforme a busca na plataforma “Dívida Aberta”, da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN), são cinco processos de débitos tributários na ordem de R$ 781.108,61, sete processos de origem previdenciária, que chegam a R$ 612.621,33; 15 casos de multa trabalhista na casa dos R$ 703.659,13, e dois processos de FGTS, que juntos chegam ao valor de R$ 1.611.372,99, sendo apenas um deles na ordem de R$ 1.483.802,85.
SAIBA MAIS
Regularização de dívidas
Uma observação importante a se fazer é que a regularização não é sinônimo de dívida zerada. Logo que a plataforma de consulta foi inaugurada, em 2020, o Cruzeiro era o maior devedor, com R$ 261 milhões, mas uma sequência de acordos firmados com a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN), mostra que o valor caiu de maneira absurda, chegando este ano na casa dos R$ 23.575.717. Para tanto, foram cerca de R$ 182 milhões parcelados em 145 meses. A Raposa ainda detém a maior fatia da dívida na Série A, mas agora com um valor 11 vezes menor que a primeira consulta. Só será possível verificar o aumento deste saldo, caso o clube atrase com os acordos. Lembrando também que esse recorte se refere apenas a uma parte do passivo do clube. Hoje, a Raposa, que virou uma Sociedade Anônima do Futebol (SAF), deve R$ 1 bilhão.
Maiores dívidas do futebol brasileiro:
1º) R$ 383.756.924 – Brasiliense (DF), Série D
2º) R$ 170.214.220 – Guarani (SP), Série B
3º) R$ 118.704.472 – Portuguesa (SP)*
4º) R$ 113.094.645 – Sport (PE), Série B
5º) R$ 89.672.827 – Náutico (PE), Série C
6º) R$ 70.313.125 – Santa Cruz (PE), Série D
7º) R$ 31.819.543 – Avaí (SC), Série B
8º) R$ 23.575.717 – Cruzeiro (MG), Série A
9º) R$ 23.474.733 – São Caetano (SP)*
10º) R$ 22.688.517 – Vila Nova (GO), Série B
* Sem divisão nacional em 2023
O que os clubes dizem?
A reportagem do Núcleo de Esportes de O Liberal entrou em contato com os departamentos jurídicos de Clube do Remo e Paysandu e aguarda um posicionamento de ambos.
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