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‘Atletas azulinos’ ou ‘Uma listra branca, outra azul’? Conheça a história dos 'hinos' da dupla Re-Pa

Hinos dos clubes têm histórias diferentes, mas que se cruzam no caminho da rivalidade entre Remo e Paysandu

Andréia Santana

Quem é torcedor do Clube do Remo já sente a emoção tomar conta quando ouve alguém cantar “atletas azulinos somos nós”; já quem torce para o Paysandu se arrepia ao escutar “uma listra branca, outra listra azul”, no entanto, você sabia que este não é o hino oficial do Papão? Para entender um pouco sobre a criação das músicas mais marcantes dos dois maiores clubes paraenses, a equipe de esportes de O Liberal conversou com o historiador Itamar Gaudêncio, que contou mais da história das músicas que marcam a dupla Re-Pa. 

“O Clube do Remo e o Paysandu têm uma relação de gêmeos siameses. Eles se fortaleceram principalmente entre as décadas de 20 e 30, e essa rivalidade se tornou uma rivalidade oficial. E o que aconteceu? Essa rivalidade saiu dos gramados e foi para outras questões muito simbólicas, como o hino”, explicou o pesquisador.

Hino do Remo 

O hino, que inicia com a famosa introdução que costuma ecoar nas arquibancadas nos jogos do Clube do Remo, foi composto pelo poeta paraense Antônio Tavernard e teve a melodia feita por Emílio Albim, em 1941. 

“Antônio Tavernard escreve o hino Atletas Azulinos, que vem de uma marchinha de carnaval de cadetes azulinos, em homenagem aos mais jovens que frequentavam o clube do Remo. O hino se popularizou por uma publicação nos jornais impressos da época, que eram tão populares quanto os clubes, por intermédio do próprio poeta”, contou Itamar Gaudêncio.  


Segundo o pesquisador, o hino do Leão se popularizou ainda mais nos anos de 1970, quando as torcidas organizadas ganham força nas arquibancadas durante os jogos do time, não só entoando o hino, como criando novas “marchinhas” de apoio ao clube. 

“As torcidas vão reconstruindo e ressignificando o hino, e as organizadas aí já com uma característica mais ligada também a um campo da violência muito forte, mas que depois de um tempo também vão trabalhar com pautas políticas importantes. Mas é interessante saber que isso reflete nas marchas, que retratam mais o cotidiano do Brega, e focam mais no futebolístico do clube”, disse. 

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Hino do Paysandu

Se você é torcedor do Paysandu e pensa que o hino oficial do time é aquele que começa com “uma listra branca, outra listra azul”, está um pouco enganado. Isso porque, segundo o professor Itamar Gaudêncio, apesar da torcida ter “adotado” a marcha criada por Francisco Pires Cavalcante, após a vitória do Paysandu sobre o Peñarol em 1965, o hino oficial do clube já existia, e foi escrito por José Simões em 1920, ganhando melodia por Manuel Luís de Paiva. 

“A letra do e trata muito essa questão guerreira, não se parecendo com a marchinha famosa de 65. O José Simões escreve dentro de uma pauta dos anos 20, um período entre guerras, ainda com uma cultura militar dos jogos de futebol, você tem ataque, você tem defesa, você tem o centroavante, o cara que ataca e faz os gols. Tudo isso é lembrado quando você lê a letra do hino do Paysandu, que é uma letra que não ficou conhecida pela torcida, mesmo sendo os anos 20”, explicou. 


 

“No Paysandu, a torcida, pelo processo de popularização do hino ter se identificado muito mais fechado, ela acabou se identificando mais com a marchinha popular. Não eliminou o hino principal, mas criou-se meio que um segundo hino, o que ficou mais conhecido durante a vitória do time sobre o Peñarol, um time muito forte ali desde a década de 60”, completou. 

Ainda de acordo com o professor, é importante relembrar que, apesar de existirem os hinos oficiais, a torcida cria seus próprios hinos, marchas, cantos de incentivo que são importantes durante o processo dos times. 

“No futebol não tem um processo parado, ele é construído, que ele é ressignificado. Por exemplo, tem questões que exaltam a violência, tem outras que não exaltam a violência. O Remo, por exemplo, tem uma canção que é um hino de torcida. O Paysandu também. São coisas que vão além das oficializadas, mas que o clube ganha durante o processo”, finalizou. 

 

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