Árbitra paraense fala sobre agressão a bandeirinha no Campeonato Capixaba: ‘Lamentável’

Gleika Pinheiro faz parte do quadro da FPF desde 2017 e disse que apesar de nunca ter sido agredida fisicamente, já vivenciou uma situação parecida

Aila Beatriz Inete
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A imagem da árbitra assistente Marcielly Netto sendo agredida pelo agora técnico ex-Desportiva-ES Rafael Soriano, no último domingo (10), na partida contra o Nova Venécia-ES, pelo Campeonato Capixaba, chocou o Brasil e levantou, de novo, a discussão sobre o machismo no futebol. A árbitra Gleika Pinheiro, do quadro de arbitragem da FPF, comentou sobre o caso e disse que ficou muito triste com o que aconteceu. 

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“Fiquei triste e achei lamentável presenciar aquela situação dentro do campo, onde o Brasil todo está acompanhando pelas redes sociais. Nós mulheres ou nós árbitros não devemos ser agredidos pelos jogadores ou comissão por um possível erro ou até mesmo quando não agradamos”, declarou a Gleika. 

A bandeirinha Marcielly Netto foi vítima de uma cabeçada do treinador, que entrou em campo insatisfeito com o árbitro Arthur Gomes. O treinador fez reclamações após o primeiro tempo ser encerrado antes do Desportiva cobrar um escanteio. Soriano formou uma confusão e foi nesse momento que o técnico deu uma cabeçada na árbitra.

Após a agressão à árbitra assistente, Rafael Soriano foi demitido do Desportiva-ES e suspenso preventivamente pelo Tribunal de Justiça de Desportiva do Espírito Santo (TJD-ES). Nas redes sociais, o treinador pediu desculpas para Marcielly

Arbitragem feminina

Gleika Pinheiro está no quadro da Federação Paraense de Futebol desde 2017 e aguarda a homologação para entrar no quadro da CBF. Ela contou que nos anos de profissão já passou por situações parecidas com a de Marcielly, mas que não chegou a ser agredida fisicamente porque saiu de perto do atleta. 

“Não fui agredida fisicamente porque também acabei me afastando do jogador, senão talvez aconteceria a mesma coisa que aconteceu com a colega Marcielly”, relatou Gleika. 

A árbitra paraense também ressaltou que o ambiente dentro e fora de campo é feito pelos árbitros e jogadores. Ela pontuou que nunca se sentiu intimidada, apesar de saber que muitas colegas já passaram por situações intimidadoras

“O ambiente somos nós árbitros que fazemos, independente do gênero. Claro que para algumas mulheres sim, o ambiente parece ser um pouquinho assustador pelo fato de muitos jogadores tentarem intimidá-las, falo isso por ouvir relatos das minhas colegas de profissão. Graças a Deus nunca me senti intimidada dentro e fora do campo”, relatou Gleika.

Historicamente, a arbitragem, assim como o futebol em geral, é dominado por homens. Contudo, felizmente, nos últimos anos o número de mulheres tem aumentado. De acordo com dados da Confederação Brasileira de Futebol, entre 2010 e 2020, o número de mulheres em partidas cresceu 400%. 

Marcielly Netto registrou um boletim de ocorrência contra o treinador e disse que ficou muito assustada com o que aconteceu, mas ressaltou que apesar do episódio lamentável, não pretende desistir da arbitragem. Assim como ela, Gleika disse que isso não a fará desistir da sua profissão. 

“Situações como essas não vão fazer eu desistir do meu sonho dentro da minha profissão na arbitragem”, finalizou a árbitra paraense.

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