Amor une família Neves em torno da rivalidade entre Remo e Paysandu
O bicolor Jorge Neves e o azulino Lucas Neves mostram que a diferença no tom de azul só ajudou a valorizar o laço sanguíneo de irmãos
O clássico entre Remo e Paysandu de hoje guarda muitas emoções. Não é apenas uma simples partida de futebol, é um clássico que mexe com quem está dentro de campo e, principalmente, com quem está fora dele do gramado, mais precisamente na arquibancada do Colosso do Bengui.
Leão e Papão se enfrentam pela 747 vez na história e em Belém, no bairro da Pedreira, a família Neves está bem dividida. Em dia de clássico a casa vira um estádio, com os familiares usando as camisas dos clubes, dando uma "alfinetada" aqui, uma "cutucada" ali, mas mantendo o respeito. É o que contam os irmãos Jorge e Lucas Neves, torcedores do Paysandu e do Remo, respectivamente.
O convívio entre os irmãos é tranquilo, um ajudando o outro. Em dia de clássico, quando vão ao estádio, a divisão fica: Lucas e Jorge Neves (pai), pelo lado azulino e Jorge e Cristina Neves (mãe), pelo lado bicolor.
"A convivência é tranquila, mas às vezes rola uma zoeira de leve. No dia do jogo, ficamos todos visivelmente nervosos, quando vamos ao estádio juntos, nos separamos no lado A e lado B. Quando não vamos, acompanhamos o jogo em cômodos separados da casa", disse Jorge Neves, de 29 anos.
A convivência é sadia e respeitosa
Para o azulino Lucas Neves, de 23 anos, a convivência é sadia e respeitosa. Segundo Lucas é necessário pensar no próximo como um amigo, não como um inimigo, como ocorre durante os clássicos, os confrontos entre torcidas.
"É lamentável toda essa violência que acaba afastando muitas famílias dos estádios. Muitas pessoas têm medo de simplesmente sair de casa e sofrer com a violência, eu só vou ao estádio com frequência por amor ao Remo e também porque não deixa de ser o meu lazer dos finais de semana", disse, Lucas.
O pós jogo da família Neves é tranquilo também, porém, o perdedor terá que "aturar" algumas situações. "O perdedor terá que passar por algumas situações, já que no outro dia o vencedor vai querer comprar o jornal impresso, vai querer ligar a TV, rádio no volume máximo, ver todos os esportes, e vai fazer sempre relembrar tudo aquilo que o outro quer esquecer", falou o remista Lucas.
O bicolor Jorge pediu, além da vitória do time do coração no clássico de hoje diante do Remo, paz aos que fazem do clássico um "campo de batalha", além de aplicações das leis para combater a violência. "Peço paz nos estádios e leis mais rigorosas para punir bandidos disfarçados de torcedores", falou, Jorge.