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Advogados de jogador paraense acusado de abuso sexual questionam conclusão do inquérito policial

A defesa do atacante João Diogo afirma em nota que não cabe ao delegado do 4º DP indiciar os atletas, mas sim ao Ministério Público

Luiz Guilherme Ramos

A defesa do jogador paraense João Diogo, acusado de cometer o crime de violência sexual contra uma mulher no Rio de Janeiro, criticou a conclusão do inquérito policial, que incrimina o atleta e mais dois companheiros do Botafogo-SP. O caso aconteceu na madrugada do dia 26 de setembro, após o time do interior paulista vencer o Volta Redonda e garantir o acesso à Série B do Campeonato Brasileiro.  

João é um dos investigados, ao lado de Dudu Hatamoto e Lucas Delgado. Aos três, conforme a conclusão do inquérito, recaiu as acusações de injúria e importunação sexual. Os advogados de defesa, Graciele Queiroz e Raul Rodrigues, disseram em nota que não cabe ao delegado do 4º DP indiciar os atletas, sendo esta uma tarefa exclusiva do Ministério Público.  

Eles também alegam que protocolaram diligências, mas não foram atendidos, não havendo inclusive investigação de um suposto perfil fake em rede social, que pediu dinheiro para "retirar a queixa". Além disso, eles citam a “ligeireza [...] como se finalizou um inquérito dessa complexidade e importância em apenas 10 dias”, bem como a falta de depoimento do jogador argentino Lucas Delgado, que voltou ao seu país sem prestar esclarecimentos.

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Através da assessoria de comunicação, a Polícia Civil do Rio de Janeiro disse em nota que "o inquérito foi relatado pela 4ª DP (Praça da República) e encaminhado ao Ministério Público. Agora, os acusados têm o direito de se defender na Justiça". Neste inquérito, os três foram indiciados por crimes diferentes. Segundo a PC, Dudu mordeu o seio da vítima e tentou agarrá-la à força, respondendo então por estupro. 

Já Delgado foi indiciado por dissimulação, que de acordo com o delegado titular da 4ºDP, é uma posse sexual mediante fraude, enquanto João Diogo deve responder por injúria e importunação sexual. 

O caso

Conforme o Boletim de Ocorrência registrado pela vítima, ela conheceu Lucas Delgado naquela noite, em uma boate da Barra da Tijuca, zona oeste do Rio. De lá eles teriam combinado de ir até um hotel no Santo Cristo. No local ela teria pedido ao atleta que fizesse uso de preservativo, mas não foi atendida por ele. 

Algum tempo depois, por volta das 4 horas da manhã, João Diogo e Dudu Hatamoto teriam entrado no quarto, começando ai uma tentativa de abuso, com o intuito de convencê-la a praticar sexo com os três. Diante da negativa, João a xingou e Dudu a agrediu com uma mordida. Ambos foram ouvidos na 12ª DP (Copacabana) e negaram as acusações. Já a vítima se disse aliviada com a conclusão do inquérito. 

Clube

O Botafogo disse não ter sido informado sobre a conclusão das investigações. O paraense tem vínculo com o clube até 30 de maio de 2023, já Dudu tem contrato até o fim de 2024. Todos eles sofreram punições disciplinares. O clube disse ainda repudiar toda e qualquer forma de violência e assédio, principalmente contra as mulheres. 

Confira na íntegra a nota dos advogados de João Diogo:

"A Dra. Graciele Queiroz e o Dr. Raul Rodrigues, advogados do jogador João Diogo Jennings, vêm, através desta nota oficial, se manifestar tecnicamente sobre os fatos ocorridos com o fim do inquérito policial.

Com extrema estranheza que, ao tomar conhecimento do relatório final do célere inquérito policial, constatamos que o delegado responsável imputou ao jogador João Diogo a conduta dos artigos 215-A e 140 do Código Penal, o indiciamento não cabe ao delegado e sim ao ministério público que ao ter acesso ao relatório final irá decidir se há ou não indícios.

Insta salientar, que NÃO HOUVE CONDUTA CRIMINOSA praticada por João Diogo em nenhum momento e sob nenhuma ótica que se analise o caso.

Importante também frisar que João Diogo compareceu espontaneamente à 04ª Delegacia de Polícia do RJ, mesmo residindo em Ribeirão Preto – SP, ao tomar conhecimento dos fatos que lhes eram imputados pela sedizente.

A defesa protocolizou diversas petições requerendo diligências afim de colaborar com o trabalho da polícia, entretanto não foram atendidas pela autoridade policial que, com ligeireza, finalizou um inquérito dessa complexidade e importância em apenas 10 dias, sem ouvir a testemunha requerida pela defesa e sem investigar quem estaria por trás de um perfil fake na rede social “Instagram”, (que pediu R$ 50 mil reais para “retirar a queixa”) sendo que a lei estabelece 30 dias de prazo prorrogável por mais 30 para conclusão do ato pré processual.

É intolerável antecipar qualquer juízo de valor sobre o caso em tela apenas por falas vazias da “sedizente” e especulações propagadas é sabido que a palavra da mulher tem relevante valor, entretanto deve ser corroborada com demais elementos fáticos que sejam capazes de corroborar com o alegado, afinal estamos diante de uma gravíssima acusação e que não pode ser tratada como verdade absoluta sem que haja uma base sólida para isso.

Por derradeiro, é importante esclarecer que o inquérito policial foi encerrado sem que o jogador Alexis Lucas Delgado fosse ouvido, apesar de ter se colocado à disposição desde o início, conforme e-mail enviado para polícia civil de São Paulo, entretanto nunca foi chamado para ser ouvido, nem mesmo por carta precatória, haja vista ter retornado à Argentina desde que teve seu contrato rescindido com o clube Botafogo – SP.

As incongruências e inverdades no discurso da sedizente serão cristalinas ao longo da instrução processual e toda sociedade saberá da verdade."

 

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