Decisivo contra o São Paulo, Élber cresce no Bahia com coaching
LANCE! falou com Zé André, coach esportivo, um dos responsáveis por transformar o atacante em titular da equipe comandada por Roger Machado
Élber foi o protagonista da vitória do Bahia sobre o São Paulo, na última quarta-feira, pela Copa do Brasil. O autor do único gol no Morumbi passou por um período ruim no próprio Tricolor de Aço para evoluir e virar um dos jogadores de confiança do treinador de Roger Machado. A razão para isso foi o trabalho de coaching feito pelo atleta desde o começo do ano. Ao LANCE!, Zé André, que trabalha com o atacante, comenta sobre as práticas com o jogador.
- O trabalho foi simplesmente fazer ele entender que todo atleta tem uma jornada, uma trajetória. Fizemos ele vivenciar essa trajetória exitosa dele. Um cara que saiu do interior de Alagoas, foi para o Cruzeiro. Quantos meninos não tentaram trilhar o mesmo caminho e não chegaram a lugar nenhum? Então a gente entende qual o ápice da carreira dele e reedita as mesmas condições, trazendo aquela melhor versão do atleta para o presente. Mudamos a postura e a fisiologia do Elber, pois estava muito para baixo, e fizemos ele trazer na memória o ápice da trajetória dele, lembrando o quão bom ele é, e que ele não está ali por acaso - afirmou.
Élber está no Bahia desde 2018. No começo da temporada, alternou momentos de irregularidade e pouco vinha sendo utilizado. Com o passar do tempo e a chegada de Roger Machado no comando do Tricolor de Aço, o atleta de 26 anos recuperou o bom futebol e voltou a ser utilizado com mais frequência. Zé André comenta que isto é fruto do empenho do atleta.
- Essa relação de preparação mental deriva, primeiramente, de uma relação de confiança mútua entre o atleta e o profissional. Isso, junto com credibilidade, forma um processo de reprogramação de trazer à tona o melhor que o atleta tem. O Élber é um cara que estava sendo reserva no Bahia, que não tinha uma boa relação com a torcida, e em três jogos foi eleito o melhor em campo. Isso não é mágica, isso não é auto-ajuda. Isso é ciência, é simplesmente trazer à tona a melhor versão dele, a confiança do passe, do chute. Ele é um bom "aluno" por que a premissa é a credibilidade, a confiança e o comprometimento com o processo, e isso tudo ele possui - analisou.
Zé André trabalha com Élber desde o começo do ano (Foto: Reprodução/Instagram)
IMPORTÂNCIA DO TRABALHO PSICOLÓGICO
Além da questão envolvendo Élber, Zé André analisa que a parte psicológica deve ser encarada com a mesma importância que o trabalho tático e físico pelos clubes do futebol brasileiro. O coach afirma que tal prática pode preparar os jogadores a superarem aspectos de adversidade, fatores comuns para qualquer atleta no futebol brasileiro. Além disso, ele também vê que a ciência também pode entrar no esporte no intuito de preparar os jogadores, além das questões dentro do jogo, como árbitro de vídeo e tecnologia de linha do gol.
- É fundamental. Muitos clubes trabalham as partes tática, técnica, física, e esquecem de trabalhar a inteligência emocional do atleta. Muito do jogo externo, daquilo que ele faz em campo, vem do jogo interior. Muitas vezes quando você está preparando o atleta para uma possível vaia recebida, algo que não está no controle dele, visualizando, criando a imagem do que ele vai fazer, trazendo lembranças de alta-performance, isso ajuda demais. Quando ele antevê aquilo que ele vai fazer em campo, vira uma coisa habitual. Os clubes pecam por não fortalecer mentalmente o atleta - afirmou.
- Isso é real, é ciência. A gente está caminhando a passos largos para que não tenha clube sem preparação de excelência que não vislumbre o fortalecimento emocional e mental. Muitas vezes você tem a matéria-prima, o talento, mas não tem a força mental pra executar na sua área. Tem atletas com o perfil estável que precisam de uma adaptação e climatização para trabalhar em alta-performance. Por exemplo: uma pessoa que jogando um futebol com amigos arrebenta, vai muito bem, é reconhecido. Mas quando é convidado para jogar num campo desconhecido, com pessoas que nunca viu, se errar o primeiro passo, causa um bloqueio, e esse erro fica na cabeça impedindo a pessoa de performar. O trabalho mental é fundamental, e acredito que os clubes devem acordar o mais rápido o possível para isso - completou.