Copa Verde? Ações de sustentabilidade perdem espaço e torneio pode passar por mudanças
Competição começou com uma proposta de engajar nas causas ambientais, mas tema tem se distanciado do torneio


A Copa Verde começou em 2014 com a proposta de engajar clubes e torcedores em causas ambientais. Embora tenha iniciado com ações significativas sobre sustentabilidade, nos últimos anos, o tema perdeu espaço na competição. Em 2025, ano da COP em Belém, o torneio não divulgou nenhuma ação voltada para o assunto, o que evidencia o distanciamento da disputa das questões ambientais.
A competição reúne clubes do norte e centro-oeste brasileiros. A maioria dos times que participa é da Amazônia. Remo, Paysandu, São Raimundo-RR, Manaus-AM e Amazonas-AM são algumas das equipes que integram a região amazônica e disputam a competição. Por conta disso, o tema do meio ambiente se tornou uma proposta interessante.
Início promissor
Nas primeiras edições, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), responsável pela disputa, promoveu várias ações relacionadas às questões ambientais. Em parceria com o Ministério do Meio Ambiente, por exemplo, a CBF organizou iniciativas focadas no gerenciamento completo dos resíduos sólidos dos jogos, campanhas de conscientização, de carbono zero, ou seja, que compensam as emissões de carbono, entre outros.
Em 2017, o torneio divulgou que compensou 265 toneladas de CO₂ por meio do plantio de 1.450 mudas de árvores em Anapu, interior do Pará, e com a reciclagem de 2,57 toneladas de garrafas pet.
Além disso, o vencedor de cada edição ganha um Troféu Vivo, que vem com uma muda de árvore para ser plantada nas dependências do clube. Como campeões, Remo e Paysandu, maior vencedor do torneio, já participaram da ação.
Outro destaque são os troféus de madeira, que tinham como objetivo potencializar o trabalho dos artesãos e chamar a atenção para o tema. Ainda por meio da Copa Verde, as equipes foram estimuladas a promover a troca de garrafas PET por ingressos, mas isso não ocorreu neste ano.
Perda de espaço
Apesar de a proposta inicial da competição ser interessante, conforme as edições passaram, o tema foi perdendo espaço. Em ano de COP no Brasil, especificamente em Belém, na Amazônia, a Copa Verde não ter tido divulgação de ações significativas voltadas para as questões ambientais chamou a atenção.
Em contato com o Núcleo de Esportes de O Liberal, o Diretor de Sustentabilidade do Paysandu, Luis Oliveira Jr., citou que o assunto não é debatido entre a organização do torneio e as equipes antes do início da competição. O dirigente apontou que o Bicola possui um trabalho interno voltado para a questão e disse esperar que, nas próximas edições, o tema volte a ser destaque no torneio.
"A gente enxerga que tem muito espaço para falar e avançar em ações ambientais dentro dessa competição. Como diretor de sustentabilidade, espero que esse tema ganhe mais força, especialmente neste ano de COP, só que a gente já está na final da competição. Então, a gente precisa melhorar como um todo, CBF, Federação, precisamos debater mais esse assunto e trazer para o ambiente do futebol", destacou.
Mudanças
O presidente da Federação Paraense de Futebol (FPF), Ricardo Gluck Paul, também falou sobre o assunto. O torneio passa por uma reformulação no regulamento. O dirigente da FPF faz parte de um time que está trabalhando nas mudanças da Copa Verde.
Interessado pelas questões ambientais, Ricardo afirmou que o assunto deve retornar com mais força nos próximos anos.
"Este ano, a Copa Verde que a gente imagina não pode sair do papel em 2025, em razão das regras que foram criadas em 2024. Então, a CBF e um grupo do qual eu participo estão projetando uma melhor competição. E esse tema faz parte das discussões, até porque esse é o tema que eu mais gosto de trabalhar, é essa conexão da sustentabilidade com o futebol", revelou o presidente, que disse estar empolgado para o trabalho que será desenvolvido.
"Eu particularmente estou muito motivado e feliz por estar com essa responsabilidade de rever essa competição junto com outras pessoas com a mesma crença na CBF", completou.
A reportagem tentou contato com a assessoria de comunicação da CBF para saber sobre as possíveis mudanças, mas não obteve retorno até o fechamento do texto.
Vale destacar que a competição, como um todo, passa por um período de pouco prestígio. Este ano, por exemplo, Atlético-GO e Cuiabá–MT desistiram da disputa após o regulamento não garantir a vaga na terceira fase da Copa do Brasil — que foi revisto depois. Atualmente, nem mesmo a transmissão oficial da Copa Verde existe.
Com a expectativa de mudanças no torneio para 2026, espera-se que a competição se torne mais atrativa para os clubes e o público e retome as pautas voltadas para o meio ambiente.
A decisão deste ano será entre o Paysandu, maior campeão, e o Goiás. Os jogos ocorrerão nos dias 9 e 23 de abril, em Belém e em Goiânia, respectivamente.
Palavras-chave
COMPARTILHE ESSA NOTÍCIA