Primeiro catari a se assumir gay diz que tem medo do que vai acontecer quando a Copa acabar

Durante uma entrevista ao GE, Nasser Mohamed denunciou maus tratos e agressões contra homossexuais no Catar e alegou que tem medo do que pode acontecer ao final da Copa

Paula Figueiredo
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O primeiro homem catari a se assumir gay, o médico Nasser Mohamed, de 35 anos, alegou que tem medo do que pode acontecer quando a Copa do Mundo 2022, no Catar, acabar. A fala foi dita durante uma entrevista exclusiva que o defensor da comunidade LGBTQIA+ concedeu ao Globo Esporte, no qual criticou a Fifa, o governo do país e o baixo comprometimento do futebol com a causa. 

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Mohamed afirma ser o primeiro homem do Catar a se assumir gay em público, algo que fez só quando estava em segurança nos Estados Unidos, local onde mora há 11 anos. No papo com o GE, o médico denunciou maus tratos e agressões contra homossexuais no Catar, denúncias essas que foram mencionadas em um relatório publicado pela ONG Human Rights Watch em outubro deste ano.

"Desde que era mais jovem sabia que eu não me encaixava no país. Não era seguro. A comunidade LGBT do Catar ou ainda residente no Catar é perseguida mais severamente do que os visitantes. Até eu sair do Catar, mantive essa parte de mim escondida de todo mundo, incluindo da minha família, da qual sinto falta", disse ele sobre sua vida no Catar, alegando que foi morar nos Estados Unidos para estudar. "A perseguição à comunidade LGBT no Catar é mais do que apenas não te aceitarem. Eles acabam contigo", completou. 

De acordo com o pensamento de Mohamed, durante a Copa do Mundo, o Catar está tentando projetar a imagem de uma sociedade tolerante, algo que não é verdade. "Agentes do governo se infiltram tentando nos encontrar, entram em aplicativos de namoro, espionam empresas de telefone, investigam dados pessoais e perseguem os cataris que suspeitam ser LGBT. Existe um departamento ligado ao Ministério do Interior que faz isso", explicou ele sobre a perseguição a pessoas LGBTQIA+

Medo pós Copa 

Ao ser questionado se homossexuais eram presos, Mohamed pontuou que são sequestrados e espancados. "Depois da violência, passam a submetê-los à "terapia da conversão" enquanto estão detidos", disse ele. A maior preocupação do militante é como pessoas LGBTQIA+ serão tratadas com o fim da Copa, quando "as câmeras forem apontadas para outro lado".

"Porque internamente eles já estão falando em "limpeza ocidental". A situação vai piorar depois da Copa. Um dos meus principais objetivos é falar sobre isso", pontuou. 

(Estagiária Paula Figueiredo, sob supervisão de Felipe Saraiva, editor web em Oliberal.com)

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