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Comitê Paralímpico se posiciona sobre participação de atletas transgêneros; entenda

De acordo com o comitê, qualquer decisão deve ter uma abordagem diferenciada

O Liberal

Hoje, as modalidades esportivas devem estabelecer suas próprias diretrizes para a participação de atletas transgêneros, em vez de seguir uma regra única para todas, e essas decisões devem ser embasadas em estudos científicos. Foi o que afirmou o presidente do Comitê Paralímpico Internacional, Andrew Parsons, na última quinta-feira.

A declaração foi feita faltando um ano para os Jogos Paralímpicos de Inverno Milão-Cortina 2026. Parsons, que também integra o Comitê Olímpico Internacional, destacou que qualquer regulamentação precisa equilibrar inclusão e ciência. Atualmente, tanto as Olimpíadas quanto as Paralimpíadas permitem a participação de atletas transgêneros.

Um marco recente nesse cenário foi a participação da italiana Valentina Petrillo, que se tornou a primeira atleta declaradamente transgênero a competir nas Paralimpíadas. A velocista, que tem deficiência visual, disputou provas em Paris no ano passado.

“Proteger a participação feminina é essencial, mas também precisamos considerar que há um número crescente de atletas transgêneros interessados em competir no alto rendimento”, disse Parsons em entrevista à Reuters. Ele reforçou: “Nossa abordagem deve ser inclusiva e guiada pela ciência, pois é ela que pode fornecer respostas sobre essa questão em cada modalidade esportiva”.

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O Comitê Olímpico Internacional já havia decidido não impor uma regra global sobre o tema. Em 2021, a entidade determinou que cada federação esportiva deveria criar seus próprios critérios para a participação de atletas transgêneros. Algumas modalidades, como atletismo, natação e rúgbi, já estabeleceram suas diretrizes, enquanto outras ainda não definiram suas políticas.

Donald Trump

Nos Estados Unidos, a questão tomou um tom ainda mais político. O ex-presidente Donald Trump, cujo país sediará os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Los Angeles em 2028, assinou uma ordem proibindo a participação de meninas e mulheres trans em competições femininas. Além disso, ele declarou que não permitirá que atletas transgêneros compitam nos Jogos LA28, pressionando o COI a “rever completamente as regras sobre essa questão, que ele classificou como ‘absolutamente ridícula’”.

Diante desse cenário, Parsons manteve uma postura cautelosa. “Ainda faltam três anos e meio para os Jogos de Los Angeles, e muita coisa pode acontecer até lá”, comentou. “Nosso trabalho é apoiar as federações internacionais para que suas regras sejam aplicadas corretamente em cada competição”.

Preparativos para Milão-Cortina 2026

Antes disso, o foco do Comitê Paralímpico Internacional está voltado para os Jogos de Milão-Cortina 2026, que acontecem daqui a um ano. Os organizadores italianos enfrentam o desafio de concluir os principais locais de competição em um prazo apertado.

“O cronograma é desafiador, mas estamos confiantes. As autoridades italianas garantiram que tudo será entregue dentro do prazo”, afirmou Parsons. O evento reunirá mais de 600 atletas em 80 provas de seis modalidades paralímpicas, distribuídas entre Milão, Cortina e outras duas cidades, utilizando tanto instalações fixas quanto temporárias.

Além disso, os Jogos de 2026 marcarão o retorno do público às Paralimpíadas de Inverno. Após a edição de Pequim 2022 ser afetada pela pandemia, cerca de 200 mil ingressos estarão disponíveis para o evento na Itália. Aproximadamente 90% das entradas custarão 35 euros (cerca de R$ 217) ou menos.

“Estamos satisfeitos com o andamento dos preparativos”, concluiu Parsons, reforçando o compromisso da organização em entregar um evento de alto nível.

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