Engenharia e Indústria impulsionaram os melhores salários de admissão no Pará em 2024
Nesta reportagem, saiba qual foi o salário médio inicial para essas carreiras e onde buscar formação no estado
Um levantamento da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) revelou que o salário médio de admissão no Pará foi de R$ 1.973 em 2024, colocando o estado na 11ª posição no ranking nacional. O crescimento acumulado foi de apenas 0,1%, um dos mais baixos entre as unidades da federação, indicando uma estabilidade no nível salarial inicial dos trabalhadores recém-contratados. Os setores que tradicionalmente impulsionam a economia paraense, como mineração e indústrias extrativas, seguem entre os mais bem remunerados em nível nacional.
Profissionais da engenharia de minas e da geologia estão entre os que recebem os maiores salários de admissão, assim como trabalhadores da extração de petróleo e gás natural, setor que registrou um valor médio de R$ 9.104. Já na área de tecnologia, engenheiros em computação lideram o ranking das profissões mais bem pagas na entrada do mercado, com R$ 13.794, embora esse setor ainda tenha pouca representatividade na economia do estado.
O desempenho do Pará foi superior ao de alguns estados da região Norte e Nordeste, como Amapá (R$ 1.725), Roraima (R$ 1.715) e Acre (R$ 1.700), mas ficou abaixo das médias registradas no Sul e Sudeste do país. O estado com a melhor remuneração inicial foi São Paulo (R$ 2.473), seguido por Distrito Federal (R$ 2.284) e Rio de Janeiro (R$ 2.223).
Desafios e soluções para a valorização dos profissionais no Pará
Para entender como o mercado pode evoluir diante do crescimento tímido dos salários iniciais no estado, ouvimos o presidente executivo da Associação Brasileira de Recursos Humanos – Seccional Pará (ABRH-PA), Junior Lopes. Ele destaca que a valorização dos profissionais recém-contratados passa por qualificação, reconhecimento por competências e políticas de retenção.
"É importante o fortalecimento de programas de capacitação alinhados às demandas do mercado, incentivo a modelos de remuneração variável atrelados à produtividade e desenvolvimento de planos de carreira que garantam crescimento profissional. Além disso, fomentar o diálogo entre empresas e instituições de ensino pode ajudar a reduzir o desalinhamento entre formação acadêmica e necessidades do setor produtivo", afirma Lopes.
A falta de integração entre academia e mercado também é um entrave para o desenvolvimento profissional no estado. "Muitas vezes, os currículos não acompanham a evolução tecnológica e as demandas práticas das indústrias e empresas, o que resulta em uma curva de adaptação mais longa para os recém-formados. A ABRH-PA tem promovido debates, parcerias para incentivar iniciativas como o Emprega Pará, apoio a programas de estágio e nossos eventos para priorizar o desenvolvimento de soft skills e visão estratégica, essenciais para atender às exigências do mercado por profissionais mais bem qualificados", explica o presidente da ABRH-PA.
A Norte Energia, empresa responsável pela gestão da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, é um exemplo de empregador que oferece salários iniciais competitivos, especialmente para profissionais de engenharia. Segundo Dienane Brandão de Mesquita, superintendente de Gente da Norte Energia, os salários oferecidos aos engenheiros da empresa estão acima do piso estabelecido pelo CREA, alcançando uma média de R$ 11 mil na admissão. Além disso, a companhia tem adotado estratégias para formação de novos talentos, especialmente em sua área de atuação.
"Tendo em vista a nossa área de atuação (setor elétrico), as contratações para as áreas de operação e de manutenção da usina concentram-se principalmente nos profissionais de Engenharia Elétrica e Engenharia Mecânica. A qualificação ainda é um desafio quando falamos em profissionais com experiência em uma atividade tão específica como a operação de uma hidrelétrica", destaca Dienane.
Para suprir essa lacuna, a Norte Energia investe em programas de capacitação, como seu Programa de Estágio, em parceria com faculdades de Altamira e região que oferecem graduação em engenharias, além de um programa de trainee para operadores da usina, que prioriza candidatos residentes na área de atuação da empresa. "Cerca de 280 pessoas participaram e 30 foram contratadas, após o treinamento, dentro da política de remuneração da empresa. A Norte Energia tem como compromisso priorizar a força de trabalho local", reforça a superintendente.
Oportunidades de formação e crescimento no Pará
O estado do Pará oferece diversas oportunidades de formação nas áreas de engenharia e geologia, fundamentais para setores estratégicos como mineração, óleo e gás, infraestrutura e tecnologia. Instituições de ensino superior públicas e privadas disponibilizam cursos voltados para essas disciplinas, atendendo à demanda crescente por profissionais qualificados na região.
Cursos Ofertados no Pará
Universidade Federal do Pará (UFPA): A UFPA é uma das principais referências na formação de engenheiros no estado. Entre os cursos oferecidos pela instituição, destacam-se:
- Engenharia da Computação
- Engenharia Elétrica
- Engenharia Mecânica
- Engenharia Civil
- Engenharia Química
- Engenharia de Minas e Meio Ambiente
- Engenharia de Materiais
- Engenharia Naval
- Engenharia Sanitária e Ambiental
- Geologia
A Faculdade de Geologia da UFPA, em especial, capacita profissionais para atuarem em mapeamento geológico, exploração de recursos minerais e estudos geotécnicos, setores essenciais para a economia paraense.
Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA): Por meio do Instituto de Engenharia e Geociências, a UFOPA oferece cursos como Geologia, Geofísica e Engenharia Mecânica, formando profissionais para atuarem em diversos setores da indústria e pesquisa.
Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa): A Unifesspa disponibiliza cursos de Engenharia de Minas e Geologia, atendendo à demanda das indústrias extrativas na região.
Empresas que atuam no setor de mineração, óleo e gás no Pará
O Pará abriga diversas empresas que atuam nos setores de mineração, óleo e gás e infraestrutura, oferecendo oportunidades de emprego para profissionais formados nessas áreas. Algumas das principais empresas incluem:
- Vale S.A.: Uma das maiores mineradoras do mundo, com operações significativas no Pará, especialmente na região de Carajás.
- Hydro Alunorte: Produtora de alumina, com operações em Barcarena.
- Andrade Gutierrez: Atua em projetos de engenharia e construção no setor de óleo e gás, incluindo operações no Pará.
- Equatorial Energia: Responsável pela distribuição de energia elétrica no estado, gerando oportunidades para engenheiros elétricos e civis.
Possibilidades de Ascensão Profissional
Profissionais formados em engenharia e geologia no Pará têm diversas oportunidades de crescimento na carreira. A trajetória pode incluir:
- Início de Carreira: Atuação como engenheiro júnior ou geólogo assistente, participando de projetos e adquirindo experiência prática.
- Níveis Pleno e Sênior: Com experiência, é possível assumir responsabilidades maiores, liderando equipes e projetos de maior complexidade.
- Cargos de Gestão: Profissionais com habilidades de liderança podem ascender a posições gerenciais, coordenando departamentos ou unidades de negócio.
- Especialização e Pesquisa: A continuidade dos estudos, por meio de pós-graduações e especializações, pode levar à atuação em pesquisa e desenvolvimento, contribuindo para inovações no setor.
- Empreendedorismo: Alguns engenheiros optam por abrir suas próprias empresas de consultoria ou tecnologia, aproveitando o crescimento do setor de engenharia e inovação no estado.