Empresas precisam abrir portas para a terceira idade, aponta pesquisa

Com o aumento da idade de aposentadoria (62 anos para mulheres e 65 anos para homens) e uma expectativa de vida cada vez maior, naturalmente, a população precisa estender a permanência no mercado de trabalho. Entretanto, uma pesquisa da Maturi e da EY Brasil aponta que atualmente, em muitas empresas, a participação desse grupo não ultrapassa os 10% do time.

Esse levantamento mostra que 57% dos trabalhadores brasileiros terão mais de 45 anos em 2040. Portanto, para absorver esse contingente de mão de obra sênior, as empresas terão de criar políticas consistentes para reduzir barreiras à entrada e manutenção desses profissionais no mercado.

Apesar de 26% da população brasileira estar acima dos 50 anos, as oportunidades de emprego para essa faixa etária ainda são limitadas. No Pará, quase 407 postos de trabalho para este grupo foram extintos no primeiro semestre de 2022, segundo dados são do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos do Pará (Dieese-PA), com base no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).

Diante dessa desvalorização atual, o instituto acredita que, futuramente as empresas podem se sentir obrigadas, pela necessidade, a deixar o etarismo de lado, levando em consideração a responsabilidade, experiência, comprometimento e a inteligência emocional como um diferencial dos 50+; pontos importantes para o empregador, explica o doutor em Administração, Eduardo Vasconcelos.

“Profissionais com mais de 50 anos costumam ser mais leais aos seus empregadores, muitos conseguem demonstrar características de liderança, com capacidade de mentoria, ou seja, consegue direcionar os outros colegas mais jovens justamente por serem mais pacientes, experientes e resilientes. E isso é muito importante para o mercado de trabalho”, diz o especialista.

Eduardo complementa que a idade não é um fator que seja via de regra para determinar se é ou não um bom profissional. Porém, na maioria dos casos, “os mais velhos costumam ser profissionais que demonstram responsabilidade, com um equilíbrio maior na hora de lidar com situações adversas”.

Vencendo o etarismo

Etarismo é a discriminação contra pessoas com base em estereótipos associados à idade. Esse preconceito se manifesta através de diferentes maneiras de abordagem ao idoso, como piadas, infantilização e atitudes de exclusão, inclusive no mercado de trabalho. O doutor pondera que, para vencermos esse preconceito, é necessário que empresas abracem mais a experiência.

“Precisamos entender que a diversidade veio pra ficar na sociedade e mercado de trabalho. Então, para as empresas serem mais competitivas, elas precisam se atentar para a ordem do dia. E elas ganham com isso, pois, com a contratação de pessoas mais velhas, as empresas recebem experiências riquíssimas. Além disso, quando você tem clientes de outras faixas etárias, é legal que eles se vejam nos profissionais que estão prestando serviço, gerando uma identificação. E isso é um ponto que pode ser explorado por parte da organização”, considera Vasconcelos.

Já para quem deseja ingressar ou retornar ao mercado, o especialista dá a dica: resumir o currículo. “Para esse trabalhador se destacar é importante que ele consiga ressaltar seus benefícios para o futuro empregador. Ou seja, conseguir demonstrar o diferencial que ele agrega e esse diferencial vai estar atrelado a essa experiência e essa faixa etária. O ideal é ser bem sincero no currículo com relação às pretensões. Se for uma experiência muito extensa, ele pode fazer uma síntese disso dentro do currículo para ser cada vez mais direcionado. E aproveitar a entrevista para expor todos esses pontos que eu mencionei”, finaliza.