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Dress Code no ambiente de trabalho: como a vestimenta pode impusionar a carreira?

Para a consultora de imagem profissional e pessoal, essa transformação simboliza um movimento de humanização nos ambientes corporativos

Gabi Gutierrez

Nos últimos anos, o ambiente corporativo passou por mudanças significativas, e o dress code – as regras de vestimenta no trabalho – não ficou de fora dessa evolução. A pandemia e a popularização do home office trouxeram novas dinâmicas e maior flexibilidade para os trajes, refletindo a busca por equilíbrio entre conforto, produtividade e profissionalismo.


Para Nathália Iketani, consultora de imagem profissional e pessoal, com as mudanças trazidas pela pandemia e a transformação nas dinâmicas de trabalho, o dress code corporativo caminha para um futuro mais adaptável e inclusivo. "O traje que usamos no trabalho é uma extensão da nossa imagem profissional, mas não pode ser visto como uma camisa de força. Ele precisa dialogar com os valores da empresa e com as necessidades individuais dos colaboradores", conclui Nathália.

Ainda segundo ela, essa transformação simboliza um movimento de humanização nos ambientes corporativos. "Antes, trajes formais como ternos e tailleurs eram quase obrigatórios em muitos setores. Hoje, observamos uma maior aceitação de trajes casuais e híbridos, que conciliam conforto e profissionalismo sem comprometer a imagem corporativa", explica.

Nathália diz a nova realidade trouxe diferentes categorias de vestimenta, que variam conforme o nível de formalidade exigido:

  • Casual: O jeans e as camisetas ganharam espaço, mas em versões mais sofisticadas e polidas.
  • Semi-formal: Combinações modernas, como blazers com calças de alfaiataria ou vestidos fluidos, são muito comuns.
  • Formal: Ainda reservado para reuniões importantes ou setores mais tradicionais, porém com cortes e tecidos mais leves e contemporâneos.

Nathália destaca que muitas empresas optam por códigos híbridos, adaptando o dress code ao contexto do trabalho e ao perfil dos colaboradores. Isso ajuda a equilibrar a imagem de seriedade com um ambiente mais inclusivo e descontraído.

Os erros na imposição de um Dress Code

Apesar das mudanças, algumas organizações ainda cometem equívocos ao estabelecer regras de vestimenta, o que pode prejudicar a relação entre empresa e colaboradores. Entre os principais erros, Nathália destaca a imposição rígida e desatualizada: “Regras inflexíveis que não refletem a evolução cultural ou a natureza do trabalho podem afastar os funcionários.”

Para a consultora, a falta de clareza na imposição do “Normas mal definidas ou genéricas geram confusão e até conflitos internos.”

Desconsideração da diversidade: “Ignorar aspectos culturais, religiosos ou de identidade pessoal cria exclusão e desconforto.”

Conflito com a cultura organizacional: “As regras de vestimenta devem ser coerentes com o propósito da empresa. Caso contrário, passam uma mensagem contraditória.”

Para superar esses desafios, Nathália recomenda uma abordagem equilibrada e inclusiva. "Adotar diretrizes flexíveis é fundamental. Permitir variações dentro de cada categoria de traje – casual, semi-formal ou formal – ajuda a atender às necessidades da empresa sem desrespeitar a individualidade dos colaboradores", explica.

Outro ponto essencial, segundo a consultora, é capacitar os funcionários. "Treinamentos sobre dress code e imagem pessoal ajudam os colaboradores a entender como traduzir sua individualidade dentro das expectativas da empresa. Além disso, priorizar o conforto, como roupas de materiais mais ergonômicos e adequados ao clima, é uma forma de mostrar cuidado com o bem-estar."

Nathália também sugere que as informações sobre o dress code sejam incluídas no código de conduta repassado pelo RH. Isso garante maior clareza e adesão às normas.

Limites legais e respeito à diversidade

A definição de um código de vestimenta no ambiente corporativo também tem implicações legais e culturais. Embora as empresas tenham o direito de estabelecer normas de vestuário, existem limites que não podem ser ultrapassados.

"Do ponto de vista legal, as regras precisam respeitar o princípio da não discriminação. Isso significa que o dress code não pode violar direitos com base em gênero, raça, religião ou identidade de gênero", explica Nathália.

Ela destaca que expressões culturais e religiosas, como o uso de véus, turbantes ou acessórios específicos, devem ser respeitadas, salvo em situações em que haja justificativas funcionais ou de segurança. "Por exemplo, uniformes podem ser necessários para padronização visual em setores como varejo, ou EPIs em indústrias. Porém, restrições precisam ser sempre justificadas."

Culturalmente, a flexibilidade também faz diferença no clima organizacional. "Empresas que respeitam a autenticidade e o estilo pessoal dos colaboradores, desde que isso esteja alinhado ao contexto corporativo, conseguem criar um ambiente mais motivador e inclusivo", afirma.

O diálogo é outro ponto essencial. "Ouvir os funcionários para ajustar as normas é uma prática que valoriza o bem-estar da equipe sem comprometer a imagem da marca. O dress code deve ser uma ferramenta que comunica profissionalismo, mas também respeita as diferenças", reforça Nathália.

O futuro do Dress Code

Assim, o desafio das organizações é encontrar um ponto de equilíbrio entre a preservação da imagem corporativa e o respeito à diversidade e ao conforto de seus profissionais. "Afinal, um ambiente que valoriza tanto a forma quanto o conteúdo tende a ser mais produtivo, criativo e engajado", conclui Nathália.

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